Todos os anos ocorre o Curso de Ações de Comandos (CAC), também conhecido como “Faca na Caveira”, os homens de gorro preto. Trata-se de um curso voltado para militares em início de carreira do Exército Brasileiro, pois sua execução exige forma física diferenciada. No início ocorre a “Fase de Nivelamento”, em razão dos oficiais e dos sargentos terem formação em escolas militares distintas.

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Na primeira semana do curso, o seleto grupo já estava composto por 56 militares. “Não é o militar mais técnico, nem o mais bem preparado fisicamente que irá concluir o curso, mas sim o militar com melhor preparo psicológico. Se não fosse assim, todo militar Calção Preto [os militares que fazem o Curso na Escola de Educação Física do Exército] seriam um Comandos”, disse um instrutor do CAC, após o cerimonial, no qual os candidatos deixaram o gorro camuflado e receberam o gorro preto. Muitos dos que vieram, vão embora na “Fase de Nivelamento” e partem sem terem utilizado um gorro preto.

Iniciar o CAC não é garantia de conclusão do curso, uma vez que a média de concludentes gira em torno de 25% a 30% dos inscritos. O curso funciona com uma equipe de instrutores e monitores, todos Comandos, e muitos com experiência em atuações reais. Os futuros Comandos serão ou Comandantes de Destacamentos de Ações de Comandos, no caso dos oficiais, ou de Grupo de Destacamentos de Ações de Comandos, no caso dos sargentos. Eles desenvolvem missões como captura, resgate, eliminação, interdição e ocupação de alvos compensadores do ponto de vista estratégico, operacional ou tático, situado em área hostil ou sob controle do inimigo, em tempos de paz, crise ou conflito armado, visando alcançar objetivos políticos, econômicos, psicossociais ou militares.

Uma das grandes preocupações da equipe de instrutores é com a condição física e médica dos alunos. As instruções são acompanhadas por equipe médica com ambulância e todos os militares passam por coleta de sangue semanal. Sendo que, na semana do Teste de Reação de Líder, em que há restrição de água, as coletas de sangue ocorrem ao final de cada jornada. É nessa semana que se dá um grande número de desligamentos.

Ao final do CAC, os alunos Comandos são capazes de identificar os sintomas e efeitos dos distúrbios térmicos e da rabdomiólise (síndrome grave causada por uma lesão muscular direta ou indireta, que pode levar à morte em casos extremos); de aplicar técnicas de primeiros-socorros; de se orientar por meio de carta topográfica e GPS; de aplicar as técnicas de combate corpo a corpo à mão livre, com faca, com armas curtas, com armas longas e com baioneta; de instalar antenas e rádios e operar com sistemas criptografados; de conhecer o terreno e ser capaz de atuar na Selva, na Caatinga, na Montanha e no mar; de identificar e utilizar explosivos militares e comerciais; de identificar as características dos armamentos; de executar a desmontagem e a montagem do armamento (1° e 2° escalão); de executar o manejo; de executar a operação; e de empregar a técnica de tiro. O CAC é considerado um curso base para o futuro integrante do Curso de Forças Especiais, mas este será assunto para uma outra matéria.

 

Faca na Caveira: símbolo da tropa de Comandos do Brasil

Segundo o site do Centro de Instrução de Operações Especiais, a “Faca na Caveira” é o símbolo da tropa de Comandos do Brasil. A caveira simboliza a morte, sempre presente nas ações desse tipo; e a faca com lâmina vermelha é o sigilo de uma missão dos Comandos e o sangue derramado pelos combatentes. O fundo verde representa as matas do Brasil; e o negro é a noite escura, momento ideal para a execução de uma Ação de Comandos.

Ao contrário do que possa aparecer, o símbolo, não significa a morte pura e simplesmente, mas sim a vitória da vida sobre a morte. Conta a história que a “Faca na Caveira” se originou nos campos de batalha durante a Segunda Guerra Mundial. Uma equipe de Operações Especiais inglesa, conhecida como “Comandos”, que tinha por símbolo um punhal, após alcançarem um território inimigo, encontraram uma caveira, um dos símbolos utilizados pelos Nazistas. Nisso, um dos combatentes ingleses sacou o punhal e o cravou na parte de cima do crânio. Com esse gesto queria dizer que os Comandos ingleses que representavam a vida, estavam virando o jogo e vencendo a morte, representada pelo regime nazista de Hitler.

A partir daquele momento, o emblema do punhal cravado no crânio passou a ser símbolo das equipes de operações especiais em todo o mundo.

 

Inscrições Anuais

As inscrições são abertas para militares de carreira, que estejam aptos a executarem um “pequeno” teste físico, nestas condições: corrida de oito quilômetros em 39 minutos; flexão na barra com 12 repetições; abdominal com 64 repetições; flexão de braço com 35 repetições; subida na corda vertical e atingir quatro metros; natação com obstáculos de 800 m em 40 minutos; flutuação de 30 minutos; apneia estática de 60 segundos; apneia dinâmica de 15 metros e marcha de 16 km em 2 horas e 45 minutos. Estando apto neste teste, após exame médico e farmacêutico complementar, você poderá tentar conquistar o “Gorro Preto” e, depois o distintivo da “Faca na Caveira”.

Fonte: EB

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).