Exército renova doutrina de salto com novo paraquedas RZ-21

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O vento soprava firme sobre a pista de salto quando os primeiros exemplares do RZ-21 cortaram o ar em pleno voo. Para os paraquedistas veteranos, aquele momento marcava o fim de uma era e o início de outra. Após mais de trinta anos de uso dos antigos modelos, o Exército Brasileiro inicia uma transformação silenciosa, porém estratégica: a renovação completa de sua doutrina de salto com um novo equipamento, mais leve, seguro e fabricado no Brasil.

Um novo padrão em material aeroterrestre

O RZ-21 Periquito, fabricado pela empresa nacional Vertical do Ponto, representa um salto de qualidade no portfólio de equipamentos da tropa paraquedista brasileira. Desenvolvido para saltos semiautomáticos de uso individual, o novo paraquedas de tropa é confeccionado com tecido híbrido de dupla permeabilidade e possui um design cônico e lenticular, que reduz significativamente o impacto na abertura do velame. Essa melhoria técnica contribui para a segurança e o conforto do militar durante o salto, fatores cruciais em operações reais e treinamentos intensivos.

O modelo RZ-21-1, em especial, permite saltos intencionais com acionamento direto pela Bolsa do Velame, exigindo um tempo de salto superior a um segundo. Sua construção é composta por 30 painéis e 30 linhas de suspensão, habilmente costurados, o que confere ao velame sua característica forma lenticular. Este cuidado com o design estrutural garante maior estabilidade e controle em queda, um diferencial importante em cenários adversos.

No Batalhão de Dobragem, Manutenção de Pára-quedas e Suprimento pelo Ar (B DOMPSA), localizado no Rio de Janeiro, foi realizada a primeira dobragem em série do novo equipamento. O procedimento, meticuloso e técnico, marca o início da distribuição operacional dos RZ-21 para unidades de salto, estabelecendo um novo padrão no Material Aeroterrestre (Mat Aet) do Exército Brasileiro.

Fortalecimento da tropa paraquedista

A chegada do RZ-21 não é apenas uma modernização de equipamento, mas um reforço direto à capacidade de combate da Brigada de Infantaria Pára-quedista (Bda Inf Pqdt). Reconhecida como uma das unidades de elite do Exército, a Brigada atua em missões de alta mobilidade e exige equipamentos confiáveis, seguros e eficientes.

Com a substituição dos modelos anteriores — que estavam em uso há mais de três décadas —, o Exército reforça sua política de reaparelhamento e valoriza o investimento em soluções nacionais da Base Industrial de Defesa (BID). A parceria com a Vertical do Ponto reafirma o compromisso das Forças Armadas com o fortalecimento da indústria brasileira, assegurando autonomia tecnológica e sustentabilidade logística.

Além do ganho material, a introdução do RZ-21 fortalece a imagem institucional da tropa paraquedista, que se mantém atualizada frente às exigências dos conflitos modernos e preparada para atuar em todo o território nacional, seja em missões de defesa, apoio à população ou operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Uma nova doutrina para uma nova geração de saltadores

A modernização do equipamento exige, naturalmente, uma revisão na doutrina de salto e nos processos de formação do combatente aeroterrestre. Com o novo tempo de salto, o novo acionamento automático e as características físicas do RZ-21, os manuais de instrução e os cursos especializados estão passando por adaptações.

Essa transformação vai além do aspecto técnico: ela reforça uma visão de tropa mais tecnológica, mais segura e mais integrada às exigências contemporâneas. A introdução de novos equipamentos como o RZ-21 exige uma nova mentalidade operacional, focada em preparo técnico, precisão e redução de riscos.

O Exército, ao incorporar essa inovação, demonstra sua capacidade de evoluir com responsabilidade — respeitando a tradição, mas sem abrir mão do progresso. O salto do paraquedista continua sendo uma imagem emblemática da prontidão da Força Terrestre. Agora, com o RZ-21, essa imagem ganha nova forma e, principalmente, nova sustentação para voos ainda mais ousados no presente e no futuro.

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Marcelo Barros, com informações e imagens do Exército Brasileiro
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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