Historiador, pesquisador de temas ligados a conflitos armados e geopolítica, e mestre em Segurança Pública, Rodolfo Queiroz Laterza

1. Introdução

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A operação de assalto e de incursão do Hamas no dia 07 de outubro deste ano surpreendeu pela coordenação, integração de grupos mobilizados e pela eficiência da contra inteligência, diante das grandes baixas civis e militares israelenses e a ausência de uma neutralização eficaz em relação ao ataque por parte das forças de segurança e militares de Israel.

Além dos problemas de análise e avaliação de riscos, que falharam grosseiramente, a estrutura de inteligência do aparato de segurança e defesa de Israel, composto pelo Mossad, Shin Bet e AMAN não conseguiram superar um processo decisório rápido em nível tático – operacional, o que prejudicou a eficiência das Forças de Defesa de Israel (FDI) no desdobramento rápido de unidades de combate e na mobilização de reservistas mal engajados e dispersos.

Diante da escala e amplitude da incursão armada do Hamas e outros grupos insurgentes palestinos como as Brigadas de Mártires Al Aqsa, as Brigadas Al Quds, a Brigada Tulkfarm e as Brigadas Al Qassam, o governo Israelense liderado por Benjamin Netanyahu declarou guerra ao Hamas e demais facções armadas palestinas, determinando uma incursão terrestre para ocupar, controlar e eliminar a cúpula de tais grupos armados e dar uma resposta adequada diante do mais abrangente e danoso ataque militar à Israel desde a Guerra do Yom Kippur em 1973.

Este estudo buscará analisar as variáveis críveis que influenciarão a operação terrestre a ser deflagrada pelas FDI em Gaza, além da possível dinâmica de combate que poderá ocorrer neste teatro de operações.

2. Variáveis de influência para a operação terrestre

Tendo a liderança israelense decidido lançar uma operação terrestre, as FDI necessariamente terão que se ajustar em seu planejamento operacional a cenários muito adversos e negativos, cada qual com complexidades próprias.

A última vez que tropas terrestres entraram em Gaza foi em 2014. Posteriormente, Israel tentou evitar uma ação militar em grande escala, realizando periodicamente operações esporádicas contra grupos militantes e restringiu o enclave de diversas maneiras, desde a regulação do fluxo de pessoas e bens até a construção de um muro repleto de tecnologia de vigilância. Nos últimos anos, juntaram-se a isto incentivos económicos: cerca de 20.000 residentes de Gaza receberam permissão para trabalhar em Israel, onde os rendimentos são incomparavelmente mais elevados.

Uma operação terrestre pelas FDI em grande escala é um cenário possível, mas não é de todo certo que será escolhido um ataque total em múltiplas direções e eixos. Talvez a liderança israelense escolha uma opção menos radical com o estabelecimento de um bloqueio completo do enclave e operações específicas e delimitadas em certas zonas de Gaza para destruir mais eficazmente militantes identificados do Hamas, a infraestrutura de comando e militar dos grupos terroristas e tentar libertar os reféns – esta missão, em si, das mais difíceis, diante da extrema dificuldade de localização dos esconderijos, identificação dos aparelhos onde encontram – se encarcerados os reféns e os riscos inexoráveis de mortes dos reféns.

O Hamas adaptou-se em grande parte ao confronto com Israel. O grupo aprendeu a montar armazéns subterrâneos com munições e armas resistentes às bombas e mísseis israelenses, o que torna qualquer planejamento operacional sujeito a imprecisões. Como resultado, em confrontos de anos anteriores, as forças israelenses destruíram repetidamente as instalações de armazenamento terrestre do Hamas sem causar quaisquer danos reais a seu potencial de combate de longo prazo.

A operação terrestre a ser desencadeada pelas FDI é estrategicamente necessária para se firmar e estabelecer o controle físico do território do enclave palestino, sem o qual é impossível destruir as unidades de combate e a infraestrutura do movimento Hamas e da Jihad Islâmica, bem como outros movimentos extremistas. A realização destas tarefas políticas sem a presença de forças terrestres operando no terreno é impossível. Mas decidir sobre uma operação terrestre em grande escala não é fácil por uma série de razões, a seguir consideradas.

3. As dificuldades de uma operação terrestre de larga escala

Deflagrada a incursão militar terrestre em Gaza, primeiramente as FDI terão de lutar numa área extremamente urbanizada e densamente povoada de 365 quilômetros quadrados, onde mais de 2,3 milhões de pessoas vivem em áreas urbanas densas. Este ambiente minimiza as vantagens das IDF em reconhecimento, aviação tática e equipamento pesado, bem como no emprego de unidades blindadas.

Os conflitos armados anteriores entre Israel e o Hamas seguiram cenários semelhantes. A título exemplificativo, a ofensiva do exército israelense em 2014 foi precedida por bombardeios massivos de objetos associados às zonas de aproximação de grupos e tropas. As ações militares são limitadas por características geográficas; há relativamente poucas rotas convenientes para a aproximação dos tanques, e as Forças de Defesa de Israel já as utilizaram no passado. O Hamas conhece esses caminhos e a primeira linha de defesa pode estar localizada nesses corredores estreitos e sujeitos a duras emboscadas.

Em segundo lugar, após uma série de ataques aéreos Israelenses sobre Gaza, um número significativo de residentes está pronto para se juntar às fileiras do Hamas ou atuar em suporte logístico ou como informantes no terreno. Na verdade, os islamistas têm uma enorme e bem motivada reserva de mobilização constituída por dezenas de milhares de combatentes e outras dezenas de milhares de apoiadores não engajados em combate. Segundo várias estimativas, entre 250 mil e 600 mil palestinos de diferentes idades poderiam aderir a uma feroz resistência armada e assimétrica em Gaza, infligindo danos e perdas em escala elevada para as FDI.

Em terceiro lugar, as FDI, apesar da concentração de forças, ainda não encontraram oposição ativa de grupos bem armados. Aparentemente, Israel necessitava da mobilização de 320 mil pessoas para responder a possíveis tentativas de intervenção externa e levando em conta o potencial envolvimento no conflito do Hezbollah, do IRGC, bem como de voluntários muçulmanos de países vizinhos – dentre os quais, Jordânia, Arábia Saudita, Egito, Síria e Iraque.

Se chegarem tropas e armas adicionais destes países para lutar ao lado dos palestinos, o atual nível de mobilização pode não ser suficiente para Israel.

Em quarto lugar, a morte de oficiais de alta patente das brigadas terrestres Golani e Nahal, juntamente com o seu pessoal, mostrou que Israel está apenas parcialmente preparado para batalhas em grande escala, especialmente urbanas e em modo de condução de guerra irregular. O treinamento dos reservistas e até mesmo das forças regulares é desigual e nem todas as unidades estão prontas para operações de combate ativas. Isto é evidenciado, por exemplo, pelos repetidos casos de “fogo amigo” entre unidades das forças de segurança israelenses que foram registados nos últimos dias. Ao mesmo tempo, o exército israelense não tem tempo para treinamento adicional de coordenação de combate dos mobilizados e sofre de limitações de profundidade e de logística para conflitos prolongados.

Vale frisar que mesmo durante operações anteriores no setor de Gaza, as tropas encontraram forte resistência das facções armadas palestinas. Neste âmbito, o Hamas possui muitas armas antitanque, minas antipessoal e antitanque e sistemas ATGM, em particular as variantes iranianas dos mísseis antitanque Kornets russos; militantes deste grupo e de outras formações palestinas, bem como o Hezbollah no Líbano, utilizaram estes mísseis de forma eficaz contra tanques israelenses, notadamente o Merkava 4.

O Hamas também começou a utilizar ativamente drones civis para fins militares. Com a ajuda deles, no início do ataque do dia 07/10, o grupo terrorista isolou os israelenses dos sistemas de vigilância no muro da fronteira, atacando torres de celular com drones. Estes drones podem lançar granadas sobre equipamentos e pessoal e também podem ser usados ​​para rastrear tropas que se aproximam. Se anteriormente Israel tinha total superioridade em termos de reconhecimento aéreo, agora os militantes palestinos diminuíram a diferença e a vantagem qualitativa Israelense por métodos assimétricos.

Uma extensa rede de túneis outrora simples, agora fortemente fortificados, contendo comunicações e usados ​​para esconder centros de comando e transportar secretamente tropas é outro desafio que as tropas nas cidades de Gaza terão de enfrentar. Além disso, entre os membros do Hamas existem especialistas e combatentes com muitos anos de experiência em combate que estudam seriamente as táticas do exército israelense.

A utilização de forças mecanizadas será influenciada por uma série de fatores específicos que afetam atualmente as FDI como um todo. Em particular, como resultado da mobilização, várias unidades das FDI foram compostas por reservistas que não tinham recebido formação e treinamento em MOUT (Operação Militar em Terreno Urbano), e as formações destacadas para a mobilização muito provavelmente não passaram por treinamento coletivo e coordenação de combate. Pode-se presumir que agora tais unidades estão passando por treinamento adicional com urgência, mas podemos falar de dias e horas de treinamento diante da situação emergencial, e não de semanas ou meses, como exige a regulamentação.

Ademais, conforme se verifica a partir de inúmeras experiências em operações de combate urbano em diversos países do mundo, o equipamento pesado terrestre através de carros de combate e blindados não proporciona uma vantagem imediata e inegável em combates setorizados em cidades. Para utilizar tanques e blindados adequadamente neste tipo de teatro de operações é necessário atender a uma série de condições e à presença de elementos de suporte. Por exemplo, os tanques sem o apoio da infantaria aliada serão rapidamente destruídos ou imobilizados. Além disso, o uso de equipamentos blindados na cidade requer sério reconhecimento e apoio de engenharia – principalmente desminagem, remoção de entulhos, construção de caminhos, etc, o que implica em enorme esforço logístico.

O denso desenvolvimento urbano limita a visibilidade e os campos de tiro para todos, incluindo a tripulação de tanques e blindados. Além disso, na Gaza bombardeada, será muitas vezes impossível tirar vantagem da velocidade e da manobra. A chave para a sobrevivência dos equipamentos blindados na cidade é a constante interação e troca de dados entre tripulações e elementos de apoio – soldados de infantaria, atiradores, sapadores, operadores de UAV. Até certo ponto, as unidades de combate das FDI terão de agir como os fuzileiros navais dos EUA durante o ataque a Fallujah, quando grupos de fuzileiros navais conduziram os seus tanques pela cidade para posições de tiro e já aí os tanques aproveitaram o seu poder de fogo e destruíram os pontos fortificados dos militantes.

4. Desdobramentos possíveis

A batalha terrestre por Gaza não será fácil nem rápida. Todos, inclusive o Governo de Israel, entendem isso bem. A operação terrestre exigirá que Israel atraia recursos significativos – humanos, materiais e políticos, exigindo prontidão de combate há décadas não implantada e máxima otimização dos meios militares para um esforço de guerra prolongado.

Além disso, a operação terrestre provavelmente será extremamente sangrenta e com pesadas baixas para as FDI – ao menos em uma escala comparativa com operações de 2008-2009 e 2014. Agora é difícil prever o nível de perdas, mas a experiência das batalhas do Exército dos EUA por Mosul ou do Exército sírio por Aleppo sugere que estaremos a falar de dezenas de milhares de mortos e feridos dentre civis, militares israelenses e militantes de facções palestinas.

Contudo, deve ser enfatizado que Israel tem sido historicamente mais sensível às suas perdas militares do que os seus oponentes. Existe a possibilidade de que uma operação prolongada, associada a um elevado número de vítimas, possa ter um impacto negativo no apoio público e político, devendo – se considerar as fragilidades da coalizão do Governo de Netanyahu, já envolto em dificuldades econômicas e séria crise política relacionada a uma polêmica reforma constitucional na Suprema Corte do país.

De qualquer forma, Israel completou os preparativos para a invasão da Faixa de Gaza, e as chances de Tel Aviv retroceder em sua operação terrestre são extremamente pequenas.

O comando das Forças de Defesa de Israel concentrou uma enorme quantidade de unidades de combate perto das fronteiras do enclave para um território tão modesto, dentre as quais dezenas de unidades mecanizadas e blindadas, forças especiais, batalhões de artilharia. Os generais das FDI dependem do apoio aéreo cerrado 24 horas por dia, do poder dos tanques concentrados em pontos de ataque e das modernas capacidades de reconhecimento que as unidades mecanizadas têm à sua disposição.

Entretanto, diversos analistas militares israelenses estão criticando o nível de prontidão e engajamento das unidades mobilizadas. Basta olhar as imagens das áreas onde as principais forças estão concentradas para compreender: a autoconfiança e a subestimação do inimigo não desapareceram, mesmo apesar da pesada derrota no ataque de grupos palestinos no sul do país. O equipamento não está camuflado, não está disperso e o pessoal não sabe como agir durante o bombardeio de mísseis e foguetes dos grupos terroristas palestinos.

Neste difícil contexto, depender de tanques em batalhas urbanas é, para dizer o mínimo, uma ideia temerária e sujeita a graves riscos pelas adversidades já abordadas. Além disso, o exército israelense terá de lidar com um inimigo que há muito se prepara para um cenário semelhante. Isto significa que a aviação deve promover máximo de ataques seletivos a centros de comando e infraestrutura militar antes que a infantaria e o equipamento atravessem a fronteira de Gaza.

Mas uma rede de abrigos subterrâneos e comunicações foi formada em Gaza, que foi criada por militantes do Hamas com a expectativa de danos massivos por fogo das FDI. Os líderes do Movimento de Resistência Islâmica estudaram cuidadosamente todas as novas tendências da guerra moderna.

Mais uma vez, a julgar pelas fontes abertas, a ala de combate do Hamas possui um grande estoque de várias armas antitanque, incluindo RPGs tradicionais, ATGMs e soluções eficazes baseadas em drones – lançamentos com munição alto explosivo antitanque. Nas áreas urbanas do setor, os tanques são vulneráveis ​​e só podem ser utilizados eficazmente como meio de apoio à infantaria, mas não como um sistema isoladamente determinante ao combate.

Ao mesmo tempo, o exército israelense, aparentemente, ainda confia muito no poder de fogo e a segurança dos seus próprios tanques, embora o mito sobre a invulnerabilidade dos tanques Merkava já tenha sido destruído.

Já está claro que Israel enfrentará graves perdas durante a operação terrestre, que poderão exceder todas as perdas totais das Forças de Defesa de Israel ao longo de décadas. Além disso, o sucesso das tarefas nas operações de limpeza e destruição de forças inimigas na área residencial da Faixa de Gaza pode ser afetado por dificuldades de apoio logístico, como ressaltado. Combustível, munições, alimentos, água, peças sobressalentes – tudo isto terá de ser entregue de fora, de armazéns fora do enclave palestino. Considerando que em tais condições um tanque pode esgotar seu combustível em algumas horas de batalha e sofrer avarias inúmeras, isso pode se tornar um grande problema. Como resultado, será necessário implantar uma rede de pontos de abastecimento de munição de campo e fornecer colunas de abastecimento que irão de um lado para o outro.

O outro lado da questão é a evacuação de veículos blindados danificados em ambiente urbano. Este é um processo complexo, difícil de implementar mesmo sem ter em conta a oposição do inimigo.

Neste contexto, é difícil avaliar o verdadeiro nível de preparação das FDI para operar num ambiente urbano. Muito provavelmente, nas fases iniciais da operação, o comando das FDI tentará utilizar as unidades melhor treinadas, às quais terão a oposição resiliente dos combatentes do Hamas, os quais há anos se preparam precisamente para este cenário, acumulando armas e estudando a experiência das guerras modernas.

5. Considerações finais: a difícil realidade de Israel

Israel está pronto para lançar uma ofensiva terrestre na metade norte de Gaza. A operação, apesar da superioridade militar das FDI, está repleta de incertezas e as suas potenciais consequências humanitárias são sombrias.

Na segunda-feira última, dia 9 de outubro, as FDI convocaram 300 mil reservistas para complementar o seu exército permanente de 170 mil homens e concentraram parte deste efetivo na fronteira de Gaza. Estima-se que o Hamas tenha 30 mil combatentes, talvez um décimo da provável força de invasão e não tem nenhum dos tanques ou aeronaves disponíveis para as forças atacantes.

Esta proporção esmagadora deverá dar às FDI uma forte oportunidade de capturar o norte da Faixa de Gaza, que inclui o seu principal centro, a Cidade de Gaza, de onde se ordenou a evacuação de 1,1 milhões de palestinos na sexta-feira.

Poucos duvidam que as FDI cumprirão a sua tarefa em Gaza. Os combatentes israelenses não sentirão misericórdia de ninguém: a liderança política do país já deu luz verde às suas próprias unidades e unidades para qualquer ação.

As ações das forças anti-israelenses na região podem complicar enormemente a situação no país. O Irã ameaça abrir uma segunda frente com combatentes do Hezbollah no norte de Israel no caso de uma invasão de Gaza. Há também destacamentos palestinos operando no Líbano. Golpes bastante dolorosos já estão sendo trocados entre combatentes do Hezbollah e os militares israelenses. Mas este agravamento ainda é reversível, mas as ações “no terreno” já terão consequências a longo prazo.

Há também a Síria, a partir de cujo território grupos palestinos também podem operar. Israel suportará tal guerra? O estado das forças armadas do país está no seu ponto mais baixo e o fracasso em repelir um ataque da ala militar do Hamas é uma prova disso. Tel Aviv continua a esperar que o Irã não se arrisque a participar abertamente das hostilidades, a fim de evitar um confronto direto com os Estados Unidos. Mas nesta situação, o Irã poderá não ter outra escolha. Os brutais ataques aéreos Israelenses em Gaza poderão tornar-se o ímpeto para uma grave desestabilização nos países árabes, cuja perspectiva favorável de normalização recente das relações diplomáticas com Israel ver-se-á prejudicada.

Além disso, nos últimos anos, o Hamas estabeleceu redes inteiras de túneis subterrâneos bem escondidos nas cidades de Gaza, armazenou mísseis antitanque e começou a utilizar drones, o que reduz a superioridade da inteligência do exército Israelense. Finalmente, os militantes do grupo estudaram exaustivamente as ações de seu adversário, preparando – se para suportar respostas brutais em ataques retaliatórios.

A julgar pelos ataques de tanques e blindados israelenses usando UAVs e vários casos de destruição bem-sucedida de tanques Merkava Mk. 4, equipado com o sistema de blindagem reativa Trophy, o Hamas aprendeu as lições das guerras de outras pessoas e, muito provavelmente, poderá capaz de surpreender desagradavelmente as FDI com novos desenvolvimentos táticos. Além disso, o Hamas terá conhecimento do terreno, apoio de grande parte da população de Gaza e uma rede desenvolvida de comunicações subterrâneas, muitas das quais desconhecidas do comando das FDI.

O terreno fortemente urbanizado – a Faixa de Gaza é uma das áreas mais densamente povoadas do mundo – também favorece os defensores enquanto tentam reagir. Todos os edifícios remanescentes após o bombardeamento terão de ser combatidos, e a mineração intensiva poderá prejudicar ainda mais os Israelenses se o Hamas copiar a tecnologia usada pela Rússia para suprimir a contra-ofensiva ucraniana.

Mesmo que os militares das FDI consigam suprimir bolsões de resistência dos grupos insurgentes palestinos, surgirá a questão de como controlar a área de Gaza no futuro. Em 2005, Israel resolveu o problema retirando as suas tropas e sua administração governamental após quatro décadas de presença e transferindo o poder para a Autoridade Nacional Palestina. No entanto, no ano seguinte, o Hamas venceu as eleições parlamentares e, em 2007, tomou pela força o poder da Autoridade Nacional Palestina.

Sem o controle total da rede subterrânea, onde provavelmente estarão baseados os postos de comando do Hamas, qualquer controle militar do norte de Gaza será inseguro.

Há também a questão de saber qual seria a estratégia a médio prazo de Israel se tomasse o controlo da metade norte de Gaza. Seria lógico olhar para o sul; uma invasão destinada a eliminar o Hamas como força controladora só faz sentido se a ocupação for total. E uma ocupação total da Faixa de Gaza será o maior desafio já enfrentado por Israel desde 1973.

6. Fontes consultadas:

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