Foto: Andriy Onufriyenko / Getty Images

Audaciosas operações de espionagem de Mossad (serviço secreto do Estado de Israel) para todo o mundo. A corajosa “nação startupeira”, lar de resmas de ideias de bilhões de dólares. Esses são dois impulsionadores da imagem de Israel no exterior que seus líderes políticos e empresariais há muito tempo gostam de promover.

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Essa imagem inteligente parece ter sido atingida por novos relatos de que mais uma vez a tecnologia de origem israelense, como o software Pegasus, da empresa NSO, foi usado por governos ao redor do mundo para supostamente hackear telefones celulares de ativistas de direitos humanos, jornalistas e outros .

A NSO e seus defensores dizem que seu software se destina apenas a capturar terroristas e outros criminosos, dizendo que ele salva vidas regularmente e opera sob rígidos controles de exportação.

A empresa diz que não controla o que seus clientes fazem com o software, mas segue as leis israelenses sobre a exportação de tecnologia de nível militar, é seletiva ao examinar seus clientes e corta o acesso se descobrir uso indevido.

Mas recentes revelações de um consórcio internacional de mídia e grupos de direitos humanos sobre a Pegasus trouxeram os holofotes de volta para a empresa e para Israel. Agora, como muitos consideram a moralidade e legalidade de tais programas, há apelos tanto de dentro de Israel quanto da comunidade internacional sobre como melhor regular o mercado de espionagem cibernética.

Um casamento perfeito de espionagem e tecnologia

O domínio de Israel no campo da segurança cibernética não ocorreu no vácuo. As divisões de inteligência e operações secretas do país, especialmente sua força de segurança do Mossad, há muito têm uma reputação de se envolver em espionagem astuta, ousada e implacável, polida por representações de Hollywood.

À medida em que a proeminência de Israel como centro de inovação tecnológica e startups crescia, as duas áreas convergiram para dar ao pequeno país uma influência descomunal na indústria de segurança cibernética.

O sistema educacional com bons recursos do país, mais o serviço militar obrigatório, leva muitos jovens israelenses a um treinamento de alto nível em segurança cibernética e guerra cibernética antes mesmo de muitos deles irem para a universidade, de acordo com Tal Pavel, chefe de estudos de segurança cibernética do The Academic College de Tel-Aviv Yaffo. Grande parte da tecnologia de ponta do país tem suas raízes no desenvolvimento militar, observou Pavel.

Uma das unidades de elite das Forças de Defesa de Israel é a secreta Unidade 8200, a agência de espionagem cibernética que produziu algumas das maiores invenções de tecnologia do país.

“Uma das coisas únicas em Israel é o ‘cynergy’, a união do ciberespaço e da sinergia entre as indústrias”, disse Pavel à CNN, antes de aludir a uma característica que ele diz estar talvez enraizada na psique israelense.

“Também há algo aqui… talvez haja também a luta pela sobrevivência. Se tudo está feliz e você não está constantemente tentando sobreviver (contra pessoas que tentam destruí-lo), você não tem que inovar para lidar.”

NSO

A NSO foi fundada em 2009, mas foi somente em 2016 que o poder da tecnologia foi examinado.

Foi naquele ano que surgiram relatórios de que o ativista de direitos humanos dos Emirados Árabes Unidos Ahmed Mansoor recebeu mensagens de texto suspeitas com links, que pesquisadores do Citizen Lab da Universidade de Toronto revelaram conter malware do NSO que teria invadido seu iPhone. (Em 2018, Mansoor foi condenado a 10 anos de prisão por “prejudicar a reputação” dos Emirados Árabes Unidos nas redes sociais.)

O software Pegasus também foi supostamente conectado ao assassinato do colunista Jamal Khashoggi, do Washington Post, por meio do colega dissidente Omar Abdulaziz, cujo telefone foi supostamente hackeado através do software Pegasus.

Abdulaziz processou a NSO em 2019, acusando a empresa de violar o direito internacional ao vender o software a regimes opressores. No início do ano passado, um juiz israelense rejeitou o pedido da NSO para rejeitar o processo, que a NSO argumentou que faltava “boa fé”. A NSO negou repetidamente que seu software foi usado para monitorar Khashoggi ou sua família.

A recente investigação da mídia internacional e do consórcio de direitos humanos encontrou evidências do software Pegasus em 37 telefones pertencentes a pessoas que, com base na descrição da própria empresa sobre o propósito do software, não deveriam ter sido alvos do software NSO, como jornalistas e ativistas dos direitos humanos.

A CNN não verificou de forma independente os resultados dessa investigação, chamada Projeto Pegasus, que foi organizado por Forbidden Stories. Em uma declaração à CNN, a NSO negou veementemente as conclusões da investigação, dizendo que encontrou falhas em muitas de suas afirmações.

Como resultado, países como a França anunciaram investigações sobre o uso da tecnologia, enquanto a Amazon anunciou que havia “encerrado a infraestrutura e contas relevantes” vinculadas ao NSO que usava os serviços da Amazon.

*Texto traduzido, clique aqui para ler o conteúdo original

Fonte: CNN Brasil