Veículo blindado de Controle de Distúrbios Civis PALADINO, do batalhão de choque da PMERJ, que foi cedido ao BOPE posteriormente.

Por Russo Maik

Em junho de 1992, um sargento do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais, da PMERJ), havia sido morto com um tiro na cabeça, disparado por um traficante do morro da mineira, durante ação do batalhão para conter guerra de facções na região do centro do Rio de Janeiro. O batalhão vivia momentos de grande tensão, tendo pontos de vistas diferentes entre os oficiais que compunham a unidade, diante da política do então governador, Leonel Brizola. Logo, o comando do BOPE foi trocado, tendo assumido o Tenente Coronel PM Wilton, a resposta deste foi imediata: “ caçar o traficante responsável”.

Policiais militares do Batalhão de Operações especiais do Rio de Janeiro durante incursão em uma favela da cidade, no início dos anos 90.

 O BOPE subiu a mineira na madrugada seguinte. Tiro, muito tiro de fuzil, muitas explosões de granadas, a “contenção” dos criminosos estava começando a se tornar organizada, com o domínio de pontos de observação e o emprego de armamentos de longo alcance, impedindo a progressão rápida da polícia no terreno. O domínio desses pontos estratégicos no morro da mineira, pelo BOPE, só chegou ao amanhecer, porém os traficantes haviam tido tempo suficiente para fugir pelas centenas de acessos do complexo do são Carlos, ou mesmo esconder as armas e se misturar entre a população local, que acabava colaborando com o tráfico, por se beneficiar de alguma forma indireta (parentesco ou assistencialismo) ou por sentir-se intimidado pelo poder paralelo do tráfico, após anos de afastamento da convivência com a polícia, quando o governador Brizola proibiu incursões nas favelas e deixou os moradores a mercê das leis do tráfico, durante seu primeiro mandato como governador do Rio de Janeiro, poucos anos antes.

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A esquerda, a primeira foto de um traficante armado de fuzil no Rio de Janeiro, que se tem conhecimento, Naldo da Rocinha em 1989. A direita, cena comum do início dos anos 90 na cidade, traficantes com fuzis ocupando posições estratégicas no alto das favelas.

No dia seguinte, enquanto o TenCel Wilton circulava pelo pátio do batalhão de choque (BPCHOQUE), onde era a sede do BOPE na época, se deparou com o CB PM Abraão, em meio a ferramentas velhas, flanelas gastas e espessa nuvem da fumaça de escapamento, que o envolvia enquanto consertava os veículos de CDC(Controle de Distúrbios Civis) do BPCHOQUE, herança dos tempos conturbados do governo militar, chamados de PALADINO e BRUCUTU. O TenCel Wilton, que algum tempo antes havia feito parte de patrulhas integradas nos VBTP(Viaturas Blindadas de Transporte de Tropas) do exército americano na república Dominicana, logo pensou que era exatamente isso que o BOPE precisava, uma viatura blindada, que transportasse um GC(Grupo de combate) com 9/10 policiais, morro acima rapidamente, protegidos contra os ataques inimigos, permitindo a tomada de pontos estratégicos e cerco de áreas críticas, para posteriormente realizar o “pente-fino” em becos e casas, a partir de posições mais seguras, minimizando o tempo dos confrontos, a necessidade da polícia revidar, assim como a probabilidade de ocorrer efeitos colaterais, como baixas policiais e civis, que estavam se tornando tão comuns nos confrontos prolongados, as famosas “balas perdidas”.

 O TenCel perguntou diretamente ao CB Abraão: essa viatura aguenta tiro de fuzil?

O CB velho olhou para o oficial ressabiado e perguntou: por que Chefe, é para instrução de guerrilha na EsFO(escola de formação de oficiais)?

 O TenCel respondeu: não, é operação real mesmo, contra a vagabundagem!

Veículo blindado de Controle de Distúrbios Civis PALADINO, do batalhão de choque da PMERJ, que foi cedido ao BOPE posteriormente.

Após o trâmite burocrático entre o CHOQUE e o BOPE, e observações do CB Abraão sobre o estado dos velhos veículos, de manutenção custosa e difícil, o PALADINO finalmente foi entregue para a responsabilidade do BOPE. A primeira missão em combate, para o VBTP PALADINO no BOPE, veio algumas semanas depois, justamente no morro da mineira. A equipe do BOPE tinha o PALADINO a frente, com 12 policiais, logo atrás estava o TenCel Wilton num Opala preto do batalhão, e a seguir outras viaturas com o restante da tropa, que logo se separaram para entrar por diferentes pontos da favela, com intuito de flanquear os traficantes. Ao blindado aparecer na entrada principal da favela, um ataque infernal, por parte dos traficantes, se iniciou. Normalmente, diante de um ataque como esse, os policiais abandonavam rapidamente as suas viaturas, buscando abrigos mais seguros, para só então revidar ao “fogo” e tentar progredir na busca e captura dos criminosos e/ou materiais de corpo de delito(armas e drogas). No entanto, dessa vez, em meio a “abelhas de chumbo”, o “PALADINO da justiça” continuou avançando rapidamente no terreno, levando os traficantes agirem de forma desesperada e descoordenada, no entanto, ao chegar na ladeira mais íngreme, o motor do veículo de CDC não aguentou. Logo a porta traseira do blindado se abriu e, imediatamente, a equipe do BOPE desembarcou e terminou de progredir no terreno, que já estava sendo cercado por outras equipes que haviam avançado com mais facilidade que o normal, uma vez que os traficantes tiveram toda atenção voltada para o blindado subindo o morro.

Opala Preto do BOPE, similar ao usado pelo TenCel Wilton

Durante a madrugada, com a favela estabilizada, e sem ter uma viatura de reboque que suportasse o peso do veículo, os “caveiras” empurraram o blindado até um campo de futebol próximo, onde serviu de “posto de comando” ao longo do dia. A imagem imponente do PALADINO sobre a favela, logo repercutiu na mídia, levantando questionamentos políticos sobre o uso dos blindados em favelas. Tendo sido reparado ainda na mineira, o blindado foi levado de volta ao pátio do BPCHOQUE para o “descanso final”, enquanto a idéia do uso de blindados em operações policiais nas favelas do Rio de Janeiro, foi enterrado nesse 2° governo Brizola.

 Em 1999, quando o Coronel Wilton assumiu o EMG(estado maior geral da PMERJ), colocou novamente o uso do VBTP pela polícia em pauta. Durante reunião da secretaria de segurança pública (SSP-RJ) com a secretaria nacional de segurança pública (SENASP), o General Serra, do exército brasileiro, passava a mensagem do governo federal, de apoiar a polícia do Rio com recursos já conhecidos, como viaturas, coletes, rádios… quando teve a oportunidade, o Coronel Wilton deixou claro que o prioritário para a PMERJ era as VBTP, tendo feito uma explanação detalhada do emprego desse tipo de viatura e as respectivas justificativas sobre o modus operandi das facções Narco Traficantes do Rio de Janeiro, seus armamentos e o domínio sobre muitas partes do território do Rio de Janeiro, detalhando um cenário de verdadeira guerra de guerrilha urbana, e daí a necessidade em adotar viaturas blindadas, para proteger os policiais em incursões nessas áreas, dando eficiência as ações de repressão e minimizando os riscos de “balas perdidas” para as populações locais. O Coronel Wilton sugeriu ao General que, inicialmente, fossem cedidas algumas unidades dos blindados de transporte de tropas URUTU, usados em grandes quantidades pelo exército brasileiro, evidentemente despojados de suas “armas de guerra”. O General Serra, mostrando desconhecimento das circunstâncias e descontentamento com o pedido do Coronel, apenas disse que não iria encaminhar o pedido a instâncias superiores, pois achava que o oficial estava supervalorizando o quadro do conflito na cidade, e mais uma vez, os planos do Coronel Wilton acabaram engavetados.

Veículo de transporte de tropas blindados do exército brasileiro, chamado URUTU, fazendo a segurança no entorno de favelas, da Rio ECO92, em 1992.

No ano seguinte, quando o Coronel Wilton assumiu o Comando Geral da PMERJ, finalmente pôde empenhar todo o Estado maior no desenvolvimento de um novo blindado para a corporação, e que estivesse dentro das restritivas leis de aquisição de equipamentos para uso policial, impostas pelo exército brasileiro. Várias empresas de blindagem foram sondadas e projetos apresentados, tendo finalmente sido escolhido o modelo definitivo em 2001, o TCT Rhinus Combat, um veículo de transporte de tropas, pesando 5,8 toneladas e com capacidade para 12 tripulantes, desenvolvido a partir de um veículo blindado de transporte de valores (“carro-forte”), amplamente utilizados no país, custando cerca de 90 mil Reais cada um, em valores da época. Vários testes e ajustes foram feitos, sendo o principal a adoção de uma camada de metal menos rígido, por cima da blindagem, para os projéteis que acertasse o blindado não ricocheteassem, evitando atingir policiais e civis próximos a ele, algo que ainda estava vivo na memória do Coronel Wilton, de quando esteve no Opala preto logo atrás do PALADINO, durante a ação na mineira, anos antes. Finalmente estava pronto o 1° VBTP da PMERJ, o número de série 51-0001, tendo sido entregue ao BOPE para implementar a doutrina de emprego. Logo foi pintado de preto, cor padrão do uniforme do batalhão, para dificultar os inimigos visualizarem os policiais desembarcados ao redor da viatura, e recebeu o símbolo do BOPE, “Faca na Caveira”. O sucesso operacional veio rapidamente e locais que a polícia tinha dificuldades para incursionar, passaram a ser patrulhados com grande frequência, resultando no aumento das encomendas desse tipo de veículo, chegando a 12 veículos para PMERJ, além de outros para PCERJ, para atuarem na cidade, e até mesmo forças policiais de outros estados vieram a adquirir ao longo dos anos, enquanto a cultura popular logo lhe rendeu o carinhoso apelido de “Caveirão”, como um ícone do Estado no combate a criminalidade violenta.

O primeiro VBTP, 51-0001. Em baixo, policiais do BOPE desembarcados, usando blindado como abrigo.
Blindados adotados por outras polícias brasileiras, após a adoção do “Caveirão” pela PMERJ: em cima, o primeiro blindado da polícia de Minas Gerais a esquerda, adaptado em um “carro forte”, e a direita o seu novo blindado da empresa MIB, baseado no chassis Ford F4000; no meio, o primeiro blindado da polícia federal, baseado também em veículo de transporte de valores, e seu novo blindado Renault sherpa light APC, do COT; em baixo, o blindado do DEIC da polícia civil de São Paulo, e o novo blindado Carmor Wolf do COE.

Com o avanço sobre muitos territórios dos traficantes, a polícia do Rio desenvolveu um novo blindado com o feedback também de batalhões convencionais e da PCERJ, com a idéia de aumentar a quantidade de tropas transportadas em segurança, para acelerar operações de cerco e ocupação de pontos críticos; poder transportar prisioneiros rapidamente para fora das favelas, evitando manifestações violentas, que tentavam resgatar os presos, muito comum nessas operações; e também, com o aumento das apreensões e morte de traficantes, a possibilidade de levar equipes de peritos da PCERJ aos locais de crime; porém, atender todas as demandas em apenas um tipo de veículo, acabou resultando na aberração conhecida como “ônibus blindado”, um blindado de 13 toneladas e capacidade para 20 tripulantes da empresa MIB, também baseado num veículo de transporte de valores, mas num tamanho muito maior, capaz de levar até 2 GC(18 soldados)+2 tripulantes, custou R$ 403.000 cada, tendo sido encomendados 9 deles em 2008, 7 para PMERJ e 2 para PCERJ. No entanto, o tamanho exagerado desse novo blindado acabou limitando ainda mais o deslocamento nas vielas estreitas das favelas, assim como seu peso consideravelmente maior e mal distribuído num chassi de caminhão comum, dificultava sua locomoção em ladeiras muito íngremes e terrenos não pavimentados das favelas, além de ter apresentado muitos problemas mecânicos.

Sem o blindado os policiais precisam fazer fogo de cobertura e supressão da posição abrigada dos Narco-Guerrilhas, para poderem progredir, aumentando o tempo e a intensidade dos confrontos, dando mais chances dos traficantes se esconderem ou evadir, assim como aumenta a probabilidade dos policiais se ferirem e acontecer efeitos colaterais, como “balas perdidas”. Em baixo, o blindado vai a frente, tomando as posições estratégicas rapidamente, para depois os policiais entrarem a pé com mais segurança, para fazer o “pente fino”.
“Ônibus blindado”, capaz de transportar o dobro de policiais ou prisioneiros, entretanto ao custo da mobilidade e capacidade de manobra em becos e vielas.

Os traficantes, por sua vez, não ficaram parados atônitos, vendo seus pontos de venda de drogas sufocados pelas ações da polícia, que espantavam os “clientes”(usuários de drogas, chamados pelos traficantes de viciados); a apreensão de suas armas, que eram usadas principalmente para proteger esses pontos de venda contra invasão de facções rivais; tampouco acabarem presos ou mortos, pelas rápidas ações repressivas, proporcionada pelos veículos blindados. Logo, os traficantes passaram a reforçar seus pontos estratégicos com muros de concreto equipados com seteiras para metralhadoras, aumentando a capacidade de saturação contra os blindados, além de colocar barricadas nas entradas das favelas, desde troncos de árvores e caçambas de lixo, até trilhos concretados em latões ou cavar valas “anti veículos”, para obrigar os policiais desembarcar dos blindados distante dos pontos de venda de drogas e sob ataque de armas automáticas dos traficantes, para inibir ou atrasar as operações policiais.

Diferentes barricadas instaladas pela Narco-Guerrilha nas entradas das favelas, para atrasar a ação da polícia. Esses obstáculos são fáceis e baratos para construir/instalar, então a remoção constante não resolve o problema, é necessário um meio de transporte eles rapidamente, para as operações terem efeito prático, quebrando o poder financeiro do tráfico.
Metralhadoras .30″(.30-06) M1919 usadas frequentemente em posições estratégicas, geralmente protegidas, operadas por trás de muros de concreto, para minar o avanço da polícia. Na foto da esquerda, num dos acessos do morro do turano, e na direita no complexo do alemão. Centenas dessas já foram apreendidas pela polícia do Rio de Janeiro nos últimos anos.
Visão interna e externa, da parte frontal de um blindado da polícia do Rio de Janeiro, após intensos confrontos contra a Narco-Guerrilha em favelas cariocas.

A polícia do Rio também reagiu a evolução das táticas de guerrilha mais avançadas que os traficantes passaram a usar para proteger seus pontos de venda de drogas nas favelas, entretanto com as limitações impostas pela legislação do exército. Logo a polícia equipou seus blindados com lâminas tipo Dozer (pá para remover barricadas superficiais), e o BOPE criou a UEDT(unidade de engenharia e demolição), com o uso de tratores blindados, inspirado nas forças de defesa de Israel, apelidados de “Transformers”, para remover ou destruir obstáculos mais elaborados, colocados pelos Narco-Guerrilheiros. Entretanto, as lâminas Dozer adaptadas, logo se mostraram frágeis ante as barricadas cada vez mais elaboradas, sendo substituídas por para-choque fixo mais resistentes, enquanto os Transformers eram lentos e difíceis de implementar em zonas de combate rapidamente, sendo pouco úteis para acelerar as ações da polícia, frequentemente só utilizados após a estabilização do terreno, para limpar as vias de acesso ao trânsito dos moradores, no entanto essas barricadas eram recolocadas logo após o fim dessas operações.

Em cima, um blindado da PMERJ com lâmina do tipo dozer adaptada, que se provou pouco eficiente contra qualquer obstáculo mais elaborado. Em baixo, adaptação posterior de um “para-choque” reforçado para substituir as lâminas dozer, que eram facilmente danificadas com uso frequente.
“Transformers”, tratores da unidade de engenharia do BOPE, removendo barricadas mais elaboradas. Trabalho lento e que necessita estabilização do terreno para desembarcar e operar os tratores.

Com a “era dos grandes eventos” na cidade do Rio de Janeiro, a partir da realização do Pan de 2007, e o vislumbre de sediar a copa do mundo de futebol em 2014 e as olimpíadas em 2016, os políticos criaram um “acordo tácito”(assim prefiro acreditar) com o tráfico de drogas, reduzindo as operações de enfrentamento ao tráfico, para melhorar a imagem da cidade no cenário internacional, de modo que viesse realmente a ser escolhida sede dos eventos. O COI(comitê olímpico internacional) foi mais rígido e exigiu um “cinturão para sensação de segurança”, no entorno dos locais olímpicos e das vias de acesso, levando o governo do estado criar o programa UPP(unidades de polícia pacificadora), em 2008.

 Desde o início, o secretário de segurança, José Mariano Beltrame, deixou claro que o intuito das UPPs não era combater o tráfico de drogas, mas apenas inibir o uso ostensivo de “armas de guerra” pelos traficantes nesses locais, e também desobstruir essas comunidades das típicas estruturas de defesa da Narco-Guerrilha, para passar uma imagem de segurança aos turistas. Mais uma vez, em um acordo tácito, o governo passou a avisar com antecedência, nas grandes mídias, dia e local da ocupação para instalação da próxima UPP, permitindo aos traficantes evitarem o confronto, movendo suas lideranças e armas para outras favelas, deixando no local apenas traficantes pequenos, “ficha limpa”, sob a proteção indireta da UPP, que evitaria invasões de outras facções naquele território ocupado pela polícia.

 Esse romance entre o governo e Traficantes, durou até a reeleição do governador Sérgio Cabral, em outubro de 2010, que obteve uma vitória esmagadora com base na propaganda do projeto UPP e a promessa de expansão do programa a mais favelas, entre outras questões político/partidárias envolvidas, que levaram a maior facção do Rio de Janeiro, o CV(comando vermelho) a entrar em desespero, uma vez que a maioria das favelas já ocupadas com UPPs e territórios nas áreas dos eventos olímpicos, pertenciam a ela, muitas delas sendo suas principais fontes de lucro e fortalezas contra o avanço de outras facções, como morro da mangueira ou os complexos da Penha e do alemão.

Então, numa ação política desesperada, o CV lançou ataques por toda a cidade em novembro de 2010, gerando uma reação nacional e internacional, e se tornando uma ameaça às ambições políticas em várias esferas, em torno dos grandes eventos que estavam para ser realizados na cidade. O governo federal finalmente decidiu enviar as forças armadas para apoiarem a polícia do Rio diretamente no combate contra as fortalezas construídas pelos Narco-Guerrilheiros do CV, nos complexos da Penha e do alemão.

 Com esses anos da política de evitar confrontos, os traficantes construíram uma grande rede defensiva nessas favelas, para minar o avanço dos blindados da polícia e levar os policiais para uma carnificina, inclusive tendo adquirido algumas armas “anti carro”, popularmente conhecidas como “bazooka” e granadas de bocal, lançadas por fuzil e que podem perfurar blindagem.

“Bazucas” apreendidas pela polícia do Rio de Janeiro com Narco-Guerrilheiros. De todos os lançadores apreendidos até hoje no rio de janeiro, apenas 3 deles estavam em condições de uso, 2 deles foram apreendidos na invasão ao complexo do alemão em 2010.
Granadas de bocal são apreendidas bastante no Rio de Janeiro, e também possuem boa capacidade de destruir veículos blindados leves a curtas distâncias, entretanto não são práticos para usar e requerem um bom adestramento, o que geralmente não é o perfil dos Narco-Guerrilheiros.

Entretanto, as forças armadas trouxeram uma “arma surpresa”, para qual os traficantes não estavam preparados. Enquanto os Narco-Guerrilheiros estavam em seus bunkers, com fuzis e metralhadoras apontados para as barricadas nas entradas das favelas dos complexos de favelas do Alemão e da Penha, esperando os policiais desembarcar de seus tradicionais blindados, mas dessa vez os “caveiras” chegaram nos blindados de transporte de tropas sobre lagartas, M113 e AAV7 do Corpo de Fuzileiros Navais, que podiam transpor facilmente qualquer barricada que os traficantes haviam colocado, sejam carros capotados, muretas de concreto, “jacarés de ferro”, óleo nas ladeiras… causando pânico imediatamente nos criminosos, e os levando a uma debandada desesperada, que resultou nas cenas que ficaram tão famosas.

O M113 é um veículo blindado de pequenas dimensões, porém pode transportar um GC de até 10 soldados+tripulação. Devido ao seu tamanho compacto e capacidade de girar 360° sobre o próprio eixo, possui maior mobilidade em locais estreitos, do que veículos sobre rodas, podendo fazer curvas em ângulo muito fechado e manobrar em pequenas vielas. Sua maior desvantagem é possuir apenas a porta/rampa traseira, porém é compensada também pela capacidade de giro sobre o próprio eixo, permitindo posicionar a porta na direção desejada rapidamente.

Blindado M113 foi o blindado mais usado nas invasões de favelas para instalação das FPAC, por suas excelentes características de operação em locais estreitos e com obstáculos.

Devido essas características o M113  já foi usado por décadas nas forças de defesa de Israel (IDF), principalmente para função de policiamento de áreas urbanas hostis e também por várias unidades da SWAT (special weapons and tactics-armas especiais e táticas) das polícias dos EUA, inclusive adotando lagartas de borracha, para facilitar o deslocamento urbano pelos próprios meios, minimizando a probabilidade de danificar o asfalto e reduzindo o desgaste do veículo.

Em cima, M113 de Israel em uso nas áreas hostis. Em baixo, última versão do M113 de Israel para patrulhamento em ambientes hostis, inclusive com grades de proteção contra munições de “bazucas”(granada propelida por foguete com carga HEAT)
Blindados M113 de diferentes unidades da polícia americana, notem que estão equipados com lagartas de borracha para uso urbano.

Com a experiência positiva do BOPE no uso dos blindados M113, durante a invasão dos complexos do alemão e da Penha, somado às pesquisas em torno do emprego do blindado em ações policiais em outros países, logo despertou o interesse do batalhão nesse tipo de veículo, entretanto, com as restritivas leis de aquisição de equipamentos para uso policial, impostas pelo exército brasileiro, e a ocupação dos principais complexos de favelas da cidade pelo próprio exército brasileiro, na forma das FPAC(força de pacificação), como nos complexos da Penha, do alemão, da maré e do Lins, se mostrou impossível para o batalhão conseguir adquirir essa importante ferramenta.

Com a expansão das UPPs para mais de 40 favelas, removendo as estruturas defensivas da Narco-Guerrilha de muitas favelas e a mudança na política dos traficantes,mudou também o modus operandi, de confrontos organizados no avanço da polícia contra pontos estratégicos dos traficantes, para as emboscadas aos policiais durante o patrulhamento ostensivo disperso nas UPPs, feitos por pequenos grupos de policiais, geralmente de 2 a 4 policiais, de modo que o BOPE passou a ser requisitado com frequência para resgatar esses policiais cercados no meios dessas favelas, já que por motivos políticos os batalhões convencionais próximos as UPPs não poderiam socorrer os colegas, para não interferir na imagem que os políticos queriam criar em torno do programa.

Em cima, o típico patrulhamento de UPP, um GPP(grupamento de polícia de proximidade), com 2 policiais cada, ficavam dispersos em diferentes pontos no interior das favelas. Em baixo, as típicas bases de apoio desse policiamento, contêineres apenas com um plástico envolvendo-o com logotipo do projeto UPP, se tornavam alvos fáceis frequentemente, como o ataque que ocorreu no caso da foto.

Como o patrulhamento nas UPPs era feito por pequenas frações da policiais, espalhados por vários pontos das favelas, o acesso dos antigos blindados do BOPE, para resgatar policiais feridos ou cercados sem munição, era bastante limitado, devido ao tamanho do veículo, e também já mostravam sinais de “cansaço” diante da idade e uso cada vez mais frequente. Com o aumento dos confrontos em UPPs, a PCERJ, na figura do CORE(coordenadoria de recursos especiais), também precisou acessar mais locais nas favelas, para escoltar as perícias nos locais de crime, resultando em necessidades parecidas com as do BOPE.

Logo o BOPE e o CORE, passaram a buscar novos blindados que pudessem atender as demandas principalmente de ação nas UPPs, uma vez que eram a prioridade do governo e a verba seria liberada mais facilmente, ao menos na teoria. A indústria nacional, internacional e até mesmo o centro tecnológico do exército brasileiro (CETEX), foram sondados a respeito de veículos blindados menores e mais ágeis, para permitir os policiais acessarem mais pontos das favelas livres de barricadas, como também se mover mais rapidamente no trânsito da cidade, num orçamento disponível inicialmente de 22 milhões de reais. Várias empresas enviaram seus veículos para testes no BOPE, no CHOQUE e no CORE, como: a francesa Renault com o sherpa light APC; a russa Rosoboron com o Tigre APC; a sul africana Paramount com o Maverick; e a israelense/americana Oshkosh-Plasan, com duas variantes do SandCat; enquanto o CETEX, junto com a AutoLife e a Agrale, desenvolveu o blindado Vespa. Outros veículos também foram oferecidos a SSP-RJ, mas não foram testados por não possuir uma linha de produção estabelecida para entrega rápida, devido a proximidade dos eventos a serem realizados na cidade.

em cima a esquerda, uma picape do BOPE entrando em típico beco estreito de uma favela, na direita, a mesma picape ao lado do blindado Russo Gaz Tigr em testes no BOPE em 2013. Embaixo a esquerda, um blindado sandCat, manobrando em uma rua de uma favela, durantes testes no BOPE na mesma época. Já na direita, um blindado Renault sherpa light em testes em uma favela do Rio pelo BOPE e choque, na mesma época.
Os testes nas unidades especiais da polícia do Rio de Janeiro revelou limitações, como vidros blindados bastante expostos, que seriam facilmente danificados e deixariam os blindados fora de combate para manutenção, como é possível ver na janela lateral do blindado Renault sherpa, na foto embaixo, e a tentativa de solucionar o problema, com a adição de uma placa blindada externa, no gaz Tigr, em cima.
Na foto principal, o blindado Vespa, desenvolvido em conjunto pelo centro tecnológico do exército brasileiro (CTEx) e a PMERJ, que atenderia as necessidades de patrulhamento em áreas de UPP, sem a presença de barricadas, mas não havia estabelecida uma linha de produção em série para atender a encomenda em tempo da realização dos grandes eventos. A esquerda, picape Agrale Marruá blindada, que não atendia aos requisitos da PMERJ, e a direita um protótipo de blindado da MIB, baseado no chassis da picape Ford F-350, entretanto na época não havia também uma linha de produção, embora recentemente a versão mais atualizada tenha sido adquirida pela polícia de Minas gerais.

A quantidade, o tamanho e a posição das portas e vidros, proteção blindada do radiador, ar condicionado, facilidade de manutenção e reposição de peças… tudo isso foi avaliado, porém na última hora, o governo do Rio de Janeiro elaborou um pregão eletrônico baseado apenas no menor preço e quantidade limitada a 8 veículos, ignorando as necessidades das unidades especiais das polícias cariocas, e o vencedor foi o blindado sul africano Paramount Maverick, o maior e mais largo entre os avaliados, reduzindo os pontos que poderiam acessar nas favelas, tendo sido adquirido 8 veículos (4 BOPE/2 CHOQUE/2 CORE) no total de 6.6 milhões de reais, enquanto os 72% restantes da verba inicialmente disponível, foi redirecionado para investimento em “obras” dos grandes eventos.

Em cima, os 8 Mavericks chegando de navio ao Rio de Janeiro. Em baixo, após algum tempo de uso, seus grandes vidros frontais danificados por tiros, e as laterais toda arranhada de bater em veículos estacionados nas vielas estreitas e até mesmo em barracos, devido a sua largura exagerada para esses cenários, gerando grande transtorno administrativo para os policiais e afastando ainda mais a polícia das populações locais, que tem seus bens danificados.

Os novos blindados chegaram em 2014, já atrasados para a copa do mundo, porém com os escândalos de corrupção política, a crise financeira do estado e o sucateamento das UPPs, logo os novos Maverick ficaram sem peças de reposição adequadas, que precisavam ser importadas da África do sul, reduzindo drasticamente o índice operacional das unidades especiais das polícias, somado a retomada do controle das áreas com UPPs pelo tráfico de drogas, já que o enfraquecimento da polícia deixava essas áreas vulneráveis a invasões de outras facções, levando os traficantes locais voltarem a uma corrida armamentista contra facções rivais e instalar barricadas novamente, para se protegerem das ações policiais esporádicas, limitando ainda mais as operações de combate ao tráfico, mesmo para os recentes blindados Maverick, que apesar de ter maior altura do solo e capacidade de tração, que os antigos VBTP adaptados de “carros-forte”, ainda é um veículo sobre rodas, com limitações para transpor obstáculos elaborados, obrigando os policiais incursionar a pé sob fogo inimigo e aumentando o tempo dos confrontos e os efeitos colaterais. Como tentativa de melhorar a situação da polícia, em agosto de 2017, a operação lava jato da Polícia federal, colocou à disposição do governo do Rio 46 blindados de transporte de valores, da empresa expert, envolvida no esquema de corrupção do ex governador Sérgio Cabral, porém o governador Pezão, ex vice governador de Sérgio Cabral e também acusado de participar do mesmo esquema corrupto, alegou falta de verbas e não aceitou a doação.

Blindados Maverick “baixados” para manutenção, geralmente por ter os grandes para-brisa danificados por vários tiros, comprometendo a eficiência da blindagem, ou pelos pneus danificados, que precisam ser importados por licitação da África do sul, o que torna o índice operacional desses blindados muito baixo.

Diante do estado de calamidade na segurança pública e financeira do Rio de Janeiro, em 2018, os traficantes passaram a agir mais ativamente em guerras de facções por toda a cidade em “bondes”(grande grupos de traficantes se deslocando em vários veículos), além de aumentar vertiginosamente a prática de outros crimes no “asfalto”, principalmente o roubo de cargas e “arrastões”(roubos realizados por grupos com vários bandidos no mesmo local) nas vias expressas da cidade, multiplicando a quantidade de policiais mortos ou feridos tentando conter esses crimes.

Então, mais uma vez o governo federal interveio na guerra carioca, entretanto desta vez com as próprias forças armadas atuando diretamente no combate ao crime, como projeto eleitoreiro do presidente Michel Temer para limpar a barra do seu partido, MDB, do qual faziam parte Sérgio Cabral e Pezão, que haviam governado o Rio de Janeiro nos últimos 12 anos. A intervenção federal prometeu recuperar as forças policiais do Rio de Janeiro, assim como recuperar territórios e reestruturar as UPPs, para servir de modelo da intervenção. O projeto piloto seria a UPP da vila Kennedy, que havia perdido completamente o controle sobre o território, entretanto, apesar do exército remover as barricadas da comunidade, os traficantes recolocaram logo em seguida no mesmo lugar, após as operações.

As grandes operações das forças armadas, acabaram vazando frequentemente, ou eram monitoradas pelos traficantes, muito antes de chegarem às comunidades, já que envolviam milhares de militares e dezenas de veículos blindados, levando os traficantes simplesmente esconder as armas e evitar o confronto, se misturando em meio às populações locais, de modo que pouco resultado prático era visto no cotidiano da intervenção no âmbito das favelas.

No entanto, no complexo da Penha em Agosto de 2018, em uma operação surpresa contra uma reunião de lideranças do CV, as forças de operações especiais do exército atacaram o complexo da Penha, com veículos leves Marruá, sem blindagem, para evitar alertar os traficantes sobre a intenção da operação, já que veículos sem blindagem geralmente não eram usados sem apoio de blindados, em ações diretas do exército contra as favelas. Porém os Narco-Guerrilheiros realizaram uma resistência inesperada e desesperada, levando a morte de 3 militares do exército e duas famílias da comunidade foram feitas reféns e só libertadas com a negociação do BOPE para rendição dos traficantes, pois os criminosos tinham medo de ser executados pelos militares. Imediatamente o exército passou a adotar blindagem improvisada em todas as suas viaturas leves Marruá, usadas na intervenção federal, inicialmente colocando coletes de proteção balística corporal em torno do veículo e posteriormente chapas de metal soldadas a lataria dos veículos, como medida paliativa. Ainda no âmbito dessa ação, em desdobramentos posteriores, no vizinho complexo do alemão, um blindado Guarani do exército foi atacado com granadas e teve uma das rodas destruídas, demonstrando a capacidade e audácia dos Narco-Guerrilheiros cariocas.

Em cima a esquerda, Agrale Marruá sem blindagem usado pelo exército brasileiro e a direita, a marruá onde infelizmente os militares do exército foram mortos no complexo da Penha. Em baixo, a esquerda, o improviso desesperado dos militares do exército, colocando coletes balísticos nas viaturas marruá para poderem ir apoiar os militares que estavam sendo atacados no complexo da Penha, nessa fatídica situação, e a direita, posteriormente instalaram placas de aço resistentes a tiros de fuzil para proteger esses veículos.
Blindado Guarani do exército brasileiro teve a roda destruída por uma granada, durante incursão no complexo do alemão, durante a intervenção federal.

Com a promessa de reestruturar as forças de segurança do Rio de Janeiro, a intervenção federal reformou 4 blindados da PCERJ (2 Maverick e 2 VBTP antigas) e, 19 anos após a solicitação do Coronel Wilton, o exército cedeu provisoriamente ao BOPE 3 velhos blindados de transporte de tropas URUTU, fabricados a mais de 40 anos e após terem sido usados intensamente por mais de uma década no Haiti, os quais o próprio EB já havia substituído em serviço pelos novos Guarani. O URUTU, assim como o Maverick, é um blindado grande sobre rodas, que apesar da maior capacidade de tração, ainda têm severas limitações para se mover em becos e vielas apertadas, assim como também têm grandes restrições para transpor/remover barricadas, apesar de um URUTU cedido ser equipado com lâmina Dozer improvisada, como aquelas adaptadas nos velhos blindados da PMERJ, e que também foram pouco efetivas. Já na primeira ação real do blindado URUTU no BOPE, na favela da Rocinha, ele teve duas rodas danificadas por projéteis de calibre .50BMG disparado de rifle anti material, que estão começando a ser usados pelos Narco-Guerrilheiros cariocas, impedindo o blindado de se mover.

Blindados da PCERJ reformados pela intervenção federal
3 blindados URUTU do exército brasileiro, cedidos durante a intervenção federal para o BOPE
Um dos blindados URUTU cedidos pelo exército para o BOPE, têm uma lâmina dozer adaptada, como a que foi usada no Haiti para remover pneus queimados e carcaças de carros em vias públicas, entretanto, como as que foram adaptadas aos blindados da PMERJ, não são úteis contra barricadas mais elaboradas.
Na foto principal, blindado URUTU em uso pelo BOPE na favela da Rocinha, teve 2 rodas danificadas por projéteis .50″BMG, disparados por rifles anti material usados pelos Narco-Guerrilheiros, como pode ser visto nas miniaturas, inclusive um que já foi apreendido pelo BOPE.

O exército brasileiro atualmente está substituindo toda sua estrutura de manutenção dos blindados URUTU pela do novo Guarani, de modo que as peças e suporte de manutenção desses velhos veículos será cada vez mais caro e escasso, enquanto o EB possui cerca de 500 blindados de transporte de tropas sobre lagartas M113, como os usados para vencer as barricadas do tráfico nos complexos do alemão e Penha em 2010, que foram recentemente modernizados e possui um centro de manutenção especializado no próprio exército brasileiro, além de ter ampla disponibilidade de peças de reposição e mão de obra especializada na sua manutenção no exterior, já que foram produzidos mais de 60.000 deles, ainda usados por muitas forças armadas e policiais no mundo todo. Cabe ressaltar inclusive, que na recente modernização dos M113 do EB, parte dos veículos receberam lagartas de borracha, como as usadas pelas SWAT americana, para facilitar o trânsito em ambientes urbanos, justamente para o exército usá-los em ações do tipo GLO(garantia da lei e ordem), e que seriam ideais para a polícia do Rio de Janeiro, entretanto o governo federal e o exército brasileiro, mais uma vez não fizeram a coisa certa para segurança pública no estado, e ainda recolheram os blindados URUTU cedidos ao BOPE, a medida que foram reformando os Maverick da unidade.

Novo blindado sobre rodas do exército brasileiro, Guarani, mesmo com maior mobilidade e capacidade de tração, não é capaz de transpor barricadas mais elaboradas. Em cima, blindado Guarani do exército brasileiro aguarda o blindado PIRANHA do corpo de fuzileiros navais, equipado com uma lâmina dozer mais capaz, abrir caminho nas barricadas para poder prosseguir a operação.

M113 do exército brasileiro reformado recentemente, equipado justamente com as lagartas de borracha, como as usadas pelos blindados da SWAT, para uso urbano nas operações do tipo GLO.

Para agravar mais as dúvidas em relação ao real interesse das forças armadas no combate a Narco-Guerrilha carioca, o General interventor Braga Neto , ainda usou parte da verba destinada pelo governo federal para recuperar as forças de segurança do Rio de Janeiro, 3,8 milhões de euros, para adquirir 16 blindados Iveco LMV lince para o próprio exército brasileiro. O lince é um pequeno blindado 4×4, capaz de resistir a tiros de fuzis e a IED(explosivos improvisados de beira de estrada), o qual o exército já havia requisitado a aquisição desde 2017, para usar um missões de Paz da ONU, que tivessem ameaças mais complexas que as vistas no Haiti, como as missões na república centro africana ou no Líbano, para as quais a participação do Brasil é cogitada, mas o corte no orçamento federal não permitiu a aquisição na época, e essas operações são prioridades do exército, pois o EB administra toda a verba para suas necessidades. O EB acabou conseguindo seu objetivo com a verba da intervenção federal no Rio de Janeiro, usando a justificativa de usar os blindados nas ações da intervenção na cidade, porém apenas 4 veículos LMV lince chegaram ao Rio de Janeiro nos últimos dias da intervenção federal, participando de 3 incursões em favelas para efeito midiático, sem resultados práticos de vulto, antes do EB ter encerrado sua ação na intervenção federal.

Em cima, blindado LMV, capaz de resistir a minas terrestres e explosivos improvisados, nas cores do exército brasileiro durante avaliações em 2017, quando desejavam adquirir esse veículo, mas não puderam devido aos cortes de verbas. No meio, uma picape da PMERJ destruída por um ataque com simples granadas. Em baixo, os blindados LMV, adquiridos da Itália pelo exército brasileiro, com a verba da intervenção federal, em uso em operação no final da intervenção na cidade, ainda nas cores das forças armadas italianas, pois não havia tempo para mudanças se quisessem usá-lo antes do fim da intervenção, para poder justificar a aquisição.

A intervenção federal também adquiriu cerca 3000 viaturas comuns para as polícias do Rio de Janeiro, tendo escolhido caros veículos Toyota Corolla e Toyota Hilux, no entanto ignorando a lei estadual N°7467 de 18 de outubro de 2016, que exige que a aquisição de toda nova viatura para a polícia do Rio de Janeiro tivesse vidro dianteiro e traseiro blindado com proteção contra tiros de fuzis, como medida para reduzir o grande número de policiais mortos em emboscadas no “asfalto”, durante enfrentamento dos “bondes” ou “arrastões”.

Já o novo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, está restabelecendo as esperanças da sociedade carioca em vencer a guerra contra o crime que assola a cidade, tendo anunciado o teste operacional de 25 picapes Nissan frontier, cabine dupla, adaptada com blindagem nível III, para resistir a tiros de fuzis 5.56 e 7.62, para serem usadas Inicialmente no RECOM(Rondas Especiais e Controle de Multidões), unidade que tem função similar ao do lendário GETAM(Grupamento Especial Tático Móvel), e visa patrulhamento ostensivo em vias expressas e no entorno de áreas conflagradas, para combater principalmente os “bondes”, “arrastões”, e fechamento de vias por ordem do tráfico. Provavelmente essas viaturas também serão adotadas pelos GAT (Grupamento de Ações Táticas) dos 39 batalhões convencionais, entretanto, apesar de serem ideais para esse tipo de patrulhamento de segurança no entorno de áreas conflagradas e no combate às quadrilhas de roubo de cargas, evitando emboscadas aos policiais, ainda não são viaturas adequadas para combate direto em favelas dominadas pela Narco-Guerrilha, pois não podem transpor as barricadas, são altamente vulneráveis a granadas, os grandes vidros sem placa de metal de proteção, como existe nos blindados mais antigos, são mais facilmente danificados e exigem reposição mais constante, além de transportarem poucos policiais(3 tropas+motorista e comandante), sendo necessário no mínimo 3 dessas picapes para implantar cada CG(9 policiais), o que é ruim em operações em favelas dominadas pela Narco-Guerrilha.

Nova picape blindada da PMERJ, com proteção nos vidros e portas contra calibre 7.62x51mm

Para o combate direto a Narco-Guerrilha nas mais mãos de 1000 favelas que dominam em todo os Estado do Rio de Janeiro, a polícia continua dependendo principalmente de seus blindados adaptados mais antigos, mesmo sem capacidade de transpor obstáculos, com quase 20 anos de uso intenso e contínuo em combate real, que continuam ativos por terem mecânica baseada em caminhões civis e a blindagem baseada nos veículos de transporte de valores, amplamente utilizados no país, de modo que mesmo diante das severas limitações financeiras e restrições da legislação de aquisição de equipamentos para as forças policiais, impostas pelo exército brasileiro, são os veículos que têm maior índice operacional com a contribuição da população local na manutenção, os famosos “padrinhos”, exatamente como o Coronel Wilton previu décadas antes.

A dúvida que fica é: será que as autoridades não dão as ferramentas certas para os policiais poderem intervir com segurança e eficiência nas favelas dominadas pelas Narco-Guerrilhas Cariocas, porquê têm receio de uma reação mais drástica da Narco-Guerrilha e todo seu poder financeiro, afundar toda a cidade numa guerra civil como vista no México atualmente, ou na Colômbia anos atrás, ou esse poder financeiro é que “limita” as ações do Estado atraves da corrupção, apenas para conter o avanço das facções varejistas, num grande teatro para o contribuinte/eleitor, onde administrar o caos é mais lucrativo do que realmente combate-las?

Imagens obtidas na internet

Resumo sobre a biografia do Coronel Wilton, baseada em seu blog pessoal, blogdocelwilton.blogspot.com