Agência Marinha

Neste 21 de junho, comemora-se o Dia Mundial da Hidrografia. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) há exatos 101 anos e coincidiu com a criação da Organização Hidrográfica Internacional (OHI), da qual o Brasil é membro fundador. A celebração deste dia, segundo resolução da OHI, tem como objetivo dar publicidade adequada ao trabalho hidrográfico em todos os níveis, além de aumentar a cobertura da informação hidrográfica em uma base global.

Atividade ainda pouco conhecida da população em geral, a hidrografia exerce papel imprescindível à segurança da navegação, especialmente em um País como o Brasil, que possui aproximadamente 56 mil km de rios navegáveis, 7 mil km de costa e uma Zona Econômica Exclusiva de cerca de 5,7 milhões de km², a nossa Amazônia Azul.

Definição e evolução histórica
A hidrografia é o ramo das ciências aplicadas que trata da medição e descrição das características dos oceanos, mares, áreas costeiras, lagos e rios, bem como da predição de suas mudanças no tempo, tendo como objetivo principal a segurança da navegação e o apoio a todas as outras finalidades marinhas, incluindo o desenvolvimento econômico, segurança e defesa, pesquisa científica e proteção do meio ambiente.

Nos siga no Instagram, Telegram ou no Whatsapp e fique atualizado com as últimas notícias de nossas forças armadas e indústria da defesa.

É por meio dos levantamentos hidrográficos que mede-se, descreve-se e representa-se o relevo dos oceanos, mares, rios e lagos, gerando o produto final fundamental à todo navegante: as cartas náuticas. Tal levantamento é realizado, nos dias de hoje, por meio da batimetria multifeixe, mas a técnica empregada evoluiu consideravelmente desde os primeiros registros hidrográficos no Brasil.

nicialmente, as sondagens eram realizadas com instrumentos manuais, conhecidos como prumos de mão. Somente na década de 30 do século XX, a Marinha recebeu o primeiro ecobatímetro, inaugurando uma nova era, de sondagens sonoras ou acústicas. Em 1999, o Navio Hidroceanográfico “Taurus” foi equipado com um ecobatímetro multifeixe, elevando a hidrografia brasileira ao estado da arte.

base surface da carta nautica 1820 do levantamento realizado 0
Modelo digital de terreno da carta 1820, realizado com ecobatímetro multifeixe

Não apenas a técnica empregada nos levantamentos hidrográficos evoluiu, mas também o produto resultante dos mesmos. Hoje, é possível contar com as cartas eletrônicas de navegação (ENC, em inglês), utilizadas no País desde 2008, a partir da exigência de que todos os navios de grande porte utilizassem carta eletrônica, estabelecida pela Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar (International Convention for the Safety of Life At Sea – SOLAS, em inglês).

“Podemos dizer que a atividade hidrográfica caracteriza-se pela perseverança, bem representada em nosso lema ‘Restará sempre muito o que fazer’, pois a natureza está em constante transformação, o que exige contínuas atualizações nos mapas de navegação”, afirma o Capitão de Mar e Guerra Felipe Santos, Oficial Hidrógrafo e Vice-Diretor da Diretoria de Hidrografia e Navegação.

A Diretoria de Hidrografia e Navegação é o órgão da Marinha que constitui-se no Serviço Hidrográfico Brasileiro. Sua missão consiste em produzir e divulgar informações de segurança da navegação e do ambiente marinho, a fim de contribuir para a salvaguarda da vida humana, o desenvolvimento nacional e a aplicação do Poder Naval. Para tanto, segue as normatizações estabelecidas pela OHI, as quais promovem a uniformidade em nível mundial de cartas e documentos náuticos, em um esforço daquela organização intergovernamental para coordenar as atividades dos diversos serviços hidrográficos nacionais pelo mundo.

carta1515 0
Exemplo de produto final da atividade hidrográfica: Carta Náutica 1515 – Baía de Guanabara, Ilha de Mocanguê e proximidades

Levantamento da Plataforma Continental Brasileira
Outro importante papel exercido pela Hidrografia ao longo das últimas décadas diz respeito à sua atuação na delimitação das fronteiras marítimas do País. Pode-se afirmar que a incorporação dessa área marítima ao patrimônio brasileiro se deu, em grande parte, aos trabalhos do setor, a partir da coleta de dados batimétricos, geofísicos e geológicos da plataforma continental brasileira. Tal mapeamento científico vem permitindo que o Brasil tenha reconhecido o seu direito de exercício de soberania para a exploração e o aproveitamento dos recursos naturais nessa área, denominada de Amazônia Azul.

“É notável a contribuição da atividade hidrográfica para os interesses estratégicos nacionais. Fazendo uso de diversas ciências e técnicas, das áreas de astronomia, marés, geofísica, geodesia, topografia, cartografia, entre outras, a Hidrografia torna não apenas nossa vias navegáveis e mais seguras, como também nos supre de informações técnicas preciosas para fazer valer nossa soberania”, conclui o Capitão de Mar e Guerra Felipe Santos.

Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).