Desigualdade na mídia: Tragédias marítimas revelam abismo social na cobertura jornalística

A recente cobertura de duas tragédias marítimas evidencia o abismo na cobertura mediática de situações envolvendo classes sociais diferentes, sugerindo um viés predominante para as classes dominantes

Foto: Oceangate

Nas últimas semanas, duas tragédias marítimas ocuparam as manchetes do mundo todo: o naufrágio de um submarino com cinco turistas perto dos destroços do Titanic, e o afundamento de um navio carregado de imigrantes africanos no Mar Mediterrâneo. A cobertura desses incidentes, no entanto, ressalta a diferença de tratamento da mídia em relação a situações que envolvem diferentes classes sociais.

Enfoque desigual na mídia

O professor Laurindo Lalo Leal Filho, jornalista aposentado da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, aponta para o desequilíbrio na cobertura dessas tragédias. Ele argumenta que a mídia fornece uma quantidade abundante de informações sobre os milionários no submarino, enquanto poucos detalhes são divulgados sobre os imigrantes. Segundo ele, o fato dos incidentes terem acontecido ao mesmo tempo “evidencia o tratamento desigual que se dá quando as vítimas de um acidente são integrantes de classes sociais diferentes”.

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Atração do inusitado e banalização da tragédia

O professor Lalo sugere que a natureza inusitada da viagem ao Titanic naturalmente atrai a cobertura da mídia, mas ainda assim, há um desequilíbrio no tratamento dos eventos. Por outro lado, a recorrência de tragédias envolvendo imigrantes que tentam chegar à Europa, de certa forma, “banaliza” o ocorrido aos olhos da mídia e do público.

Questões estruturais na mídia

A disparidade na cobertura, argumenta o professor, está enraizada nas estruturas dos grandes meios de comunicação, que estão focados em produzir informações para as classes dominantes da sociedade. Ele ressalta a necessidade de se aprofundar em questões relacionadas aos naufrágios envolvendo imigrantes, como a responsabilidade dos países europeus e a persistente herança colonial.

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).