Com o objetivo de promover negócios no setor da aviação comercial e militar, ocorreu, nesta quarta-feira (2), o início da Eurasia Airshow 2020. Nesta edição, o Eurasia Airshow será virtual e ocorrerá até domingo (6). Durante a abertura, o Secretário de Produtos de Defesa (SEPROD) do Ministério da Defesa (MD), Marcos Degaut, representou o Ministro Fernando Azevedo e falou sobre a “Visão Estratégica do Modelo Brasileiro”, com destaque para os seguintes aspectos: cenário, futuro da mobilidade, inovação e realidade no Brasil. A abertura também contou com a participação de Haitham Misto, representando o Primeiro Ministro da Jordânia, Bisher Al-Khasawneh. Ele falou sobre a necessidade de desenvolvimento de projetos em conjunto na área de inovação. O evento, em 2018, teve a participação de 168 delegações militares e civis oficiais de 73 países.

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Em uma avaliação inicial, o Secretário Degaut destacou que “ à medida em que incertezas e riscos cresceram e permaneceram em níveis preocupantes, nossas conexões e interdependências passaram a ser inevitáveis”. Na ocasião, ele ressaltou que é fundamental a busca de tecnologias avançadas para dar suporte aos desafios que virão, especialmente no que se refere à segunda onda mundial da COVID-19, que ameaça a recuperação econômica em alguns países. Ao analisar o momento brasileiro, o Secretário comentou que, apesar das turbulências ocasionadas pela pandemia do coronavírus, o setor de Defesa começa a dar sinais claros de recuperação. “O Brasil superou momentos desafiadores e a nossa Indústria de Defesa comprovou o seu valor. Após mais de 60 anos desenvolvendo produtos e soluções, o setor se apresenta como robusta e diversificado”, destacou.

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Degaut enfatizou que a indústria nacional tem competência para oferecer produtos em diferentes ambientes operacionais: aéreo, terrestre, marítimo, espacial e cibernético. Além de possuir experiência no desenvolvimento, certificação, fabricação, entrada em serviço e suporte para operação de novos produtos. Um exemplo disso é o avião C-390, que já entrou em operação com a Força Aérea Brasileira e foi vendido para Portugal e Hungria.
No que diz respeito à ação governamental no setor de Defesa, o secretário revelou que o Brasil vem fortalecendo as relações com alguns países no sentido de ampliar a cooperação na área de indústria de defesa. Ele comentou que a Industria de Defesa nacional vive um momento de amadurecimento, tendo estabelecidas ações voltadas à sustentabilidade do negócio, como o fortalecimento da Tríplice Hélice (projetos que envolvem o Governo, Indústria e Academia).

A indústria também tem buscado parcerias para ampliar a eficiência operacional e melhorar o uso de recursos, além de ampliar os mercados. “O Brasil entende que o cenário atual requer uma colaboração significativa entre as diferentes áreas de Defesa para que o setor tenha condições de ampliar a sua força e capacidade de reação, neste cenário complexo”. Os produtos de Defesa (PRODE) brasileiros já estão presentes em 130 países. “Além disso, o Ministério da Defesa brasileiro está intensificando as relações com os governos e a participação em feiras internacionais”.

Setor Aéreo
Em relação ao setor aéreo brasileiro, Marcos Degaut relatou que nos anos 70, a Força Aérea Brasileira desenvolveu o sistema integrado de gestão de tráfego aéreo e Defesa, em parceria com a iniciativa privada. O modelo é aplicado em outros países, com o mesmo nível de integração. O sistema, que conta com alto nível de integração, permite economia de custos e resposta mais rápida, o que facilita ações de defesa e segurança.

Ele também teve sua segurança comprovada internacionalmente pela ICAO (Organização da Aviação Civil Internacional) no Programa de Auditoria de Supervisão de Segurança Universal. Conforme avaliação, o sistema brasileiro alcançou o índice de 95,07% de conformidade, o que o classifica entre os cinco primeiros do mundo.

No que diz respeito à capacidade, a indústria brasileira conta com uma base bem estabelecida. O principal cluster do setor está localizado no estado de São Paulo onde se concentram mais de 300 empresas e dezenas de startups.

Ao comentar aspectos relativos à mobilidade, Degaut informou que São Paulo já tem o segundo maior tráfego global de helicópteros. “Estamos cientes dos novos desafios que chegam com o Urban Air Traffic Management (UATM) e a popularização do ecossistema. Os órgãos públicos e empresas privadas brasileiras têm um roteiro para expandir suas capacidades e lidar com o novo modelo. Os impactos precisam ser tratados corretamente para obter a sustentabilidade do modelo”, avaliou. No futuro, aeronaves elétricas irão ampliar o tráfego urbano. O cenário exigirá cooperação entre as nações, na busca de soluções. “O Brasil está preparado para fazer parte deste cenário global”.

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Inovação
No que se refere à inovação, o Secretário destacou projetos em que as empresas brasileiras desenvolveram aeronaves que operam com alta eficiência, o que demanda menos quantidade de combustível por passageiro. Também há uma elaboração de estudos para o desenvolvimento de plataformas híbridas em que as aeronaves terão condições de decolar e pousar em pistas curtas, com menos de mil metros. O conceito estabelece o desenvolvimento de motores híbridos nos sistemas de turboélice e elétrico. Também, em produção no Brasil, projetos no segmento de sistemas de radar e segurança cibernética.

“A próxima década terá muitos desafios. Mas o conceito brasileiro de Gestão Integrada do Tráfego Aéreo (ATM) é uma base estável para lidar com a ideia de operação integrada de um novo padrão de mobilidade urbana”. Degaut lembrou que o Brasil, com a sua tradição está preparado para liderar os esforços internacionais e oferecer soluções ao mercado. “O cluster brasileiro é referência internacional em aeronaves de controle full fly-by-wire e automação, capacidade de desenvolvimento multifuncional, defesa e desenvolvimento de software”, concluiu.

Com informações da SEPROD

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).