Guardas-Marinha assistem à instrução sobre vida na selva

A Equipe Móvel de Treinamento Especializada em Operações na Selva (acrônimo em inglês, Jungle Warfare Mobile Training Team – JWMTT) foi designada pelo Ministério da Defesa para atuar na Missão das Nações Unidas para Estabilização da República Democrática do Congo (MONUSCO) conduzindo treinamentos de tropas desdobradas na área de conflito, tanto da Missão, com foco na Brigada de Intervenção da Força, quanto das Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC).

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Fruto da necessidade de justificar a relevância do trabalho, a JWMTT foi desafiada a criar uma sistemática de avaliação do treinamento. Sob a orientação técnica do Centro de Instrução de Guerra na Selva, foi elaborado um Plano de Desenvolvimento de Competências compreendidas como fundamentais: atirar, navegar, planejar e operar. Denominadas “Quadrinômio do Combatente de Selva” e destacadas como Objetivos Estratégicos, balizam as Linhas de Esforço para alcançar o Estado Final Desejado.

Posteriormente, foi planejado o Programa de Treinamento, durante o qual as tropas treinadas travam contato teórico e prático com instruções contextualizadas e direcionadas para a aprendizagem e/ou o desenvolvimento de habilidades relacionadas ao Quadrinômio do Operador de Selva. O quadro de atividades foi dividido em semanas dedicadas à transmissão dessas técnicas, táticas e procedimentos, ao planejamento e às operações.

O desempenho foi pautado em dois alicerces: resultados, que denotam o que foi realizado, e comportamentos, que denotam como os processos foram realizados. A análise ocorre através da gestão dos indicadores de desempenho: se os resultados atingem as metas, por consequência, alcançam os Objetivos Estratégicos.

O Sistema de Medição do Desempenho (SMD), portanto, utiliza os indicadores de desempenho ponderados, aferindo sua eficiência e eficácia através da quantificação e/ou qualificação, permitindo identificar quais estão sob controle e quais necessitam de intervenções que explorem oportunidades de melhoria e favorecendo ações impactantes sobre o desempenho futuro. Tudo com a finalidade de alcançar os Objetivos Estratégicos e alavancar a capacidade operacional.

O SMD desenvolvido pela JWMTT articulou, baseado nos Objetivos Estratégicos, instruções capazes de fornecer parâmetros para a análise dos resultados alcançados, com um conjunto de indicadores que buscam refletir o estado anterior e posterior à execução para cada um deles. Ele foi aplicado com sucesso no treinamento da Força de Ação Rápida do Quênia (KENQRF) antes de seu emprego em sua área de operações.

A avaliação do Objetivo Estratégico ATIRAR, explorando a Linha de Esforço Técnica, baseou-se nos resultados dos exercícios de tiro real, os quais englobam as instruções de Técnicas de Ação Imediata e de Reação ao Contato. Planejados para a execução de Avaliação de Tarefas Críticas e agregando os aspectos cognitivo e psicomotor, proporcionam o desenvolvimento de habilidades individuais para a rápida e eficaz identificação positiva, a automatização dos reflexos motores e o enquadramento efetivo de alvos.

Dos 53 atiradores integrantes do universo avaliado, divididos em quatro séries de tiro, apenas 15,09% iniciaram o treinamento com o armamento clicado. Ao final do treinamento, 100% estavam prontos para o combate.

A avaliação considerou os resultados individuais obtidos nos alvos de círculos concêntricos, no início e no final da série, caracterizando o Antes/Depois. Conclui-se que o desempenho global Antes de executar o treinamento foi de 37,74%, com média de 3,77 impactos. Depois do treinamento, o desempenho global evoluiu para 65,66%, com média 7, representando melhoria de 174%.

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Figura 1 – Gráficos tipo Radar da Análise Quantitativa Antes/Depois. Fonte: O Autor (2021)

Os indicadores para NAVEGAR, na Linha de Esforço Técnica, agregaram resultados alcançados durante as instruções teóricas de Orientação, Topografia e Quadro Auxiliar de Navegação, bem como nas práticas de Navegação Através de Selva Diurna e Noturna.

O universo considerado performou uma velocidade média de marcha através da selva de 1,06 Km/h. Na Pista de Orientação Diurna, o rendimento global para a utilização do tempo disponível (120 minutos) foi de 58,33%, com 88,33% de eficácia na localização dos seis prismas. Na Orientação Noturna, o rendimento global para a utilização do tempo foi de 41,46%, com 100% de aproveitamento na localização dos quatro prismas.

Os indicadores para PLANEJAR, explorando a Linha de Esforço Operacional, foram pautados na instrução de Planejamento de Operações Ofensivas em Ambiente de Selva. Visando obter uma representação do Antes/Depois da atividade, foi aplicado o mesmo questionário com 10 indicadores no início e no término da instrução.

Restou apurado que, antes da instrução, foram obtidos 37 dos 60 scores, representando 61,67% de aproveitamento dos indicadores; depois, obtiveram 55 dos 60 possíveis, aumentando a taxa para 91,67% de performance.

Os indicadores para OPERAR, explorando a Linha de Esforço Operacional, foram pautados nos resultados alcançados durante as instruções de Caracterização do Ambiente de Selva e Patrulha na Selva, bem como na execução de práticas específicas.

Da análise dos resultados, restou apurado que a média global do nível de confiança para operar em ambiente de selva alegado pela tropa, depois do treinamento, foi de 89,49%. A performance global foi avaliada em 91,4% para os indicadores da instrução de Técnicas de Ação Imediata, 76,7% para Conhecimentos sobre Armadilhas e Movimento Tático, 93,3% para Socorro Tático em Combate e 82,5% para Suporte Aéreo Emergencial, perfazendo um desempenho global médio de 85,09%.

A avaliação de Patrulha ocorreu durante a execução de três missões, divididas em três fases: Preparação, Deslocamento e Ação no Objetivo, somando 20 indicadores. A média do desempenho nas três fases foi de 93% para a primeira Patrulha, 71% para a segunda e 79% para a terceira, perfazendo uma média global de 81%.

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Figura 2 – Gráfico da Análise Quantitativa por Fase e Indicadores das 3 Patrulhas. Fonte: O Autor (2021)

Adicionalmente, do universo de 88 consultados, 57,95% afirmaram não conhecer nenhum tipo de Medida de Coordenação e Controle (MC2). Depois do treinamento, todos empregaram 14 tipos de MC2. Quanto aos meios visuais empregados nas Ordens, 76,14% afirmaram nunca ter usado; depois do treinamento, todos utilizaram 14 tipos.

Por fim, restou demonstrado que a KENQRF obteve uma performance superior a 80% dos indicadores nos quatro Objetivos Estratégicos, apresentando melhorias sensíveis nas técnicas, nas táticas e nos procedimentos requeridos para conduzir operações em ambiente de selva da sua área de operações. Tal resultado atesta a efetividade do Programa de Treinamento para potencializar as capacidades operacionais, bem como a eficácia do SMD desenvolvido e aplicado pela equipe.

Autor: 1º Sgt Jeizon Felipe Lima Moraes

Fonte: eBlog do Exército
Marcelo Barros, com informações do Exército Brasileiro
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).