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A partir de maio, mais de 20 órgãos federais se unem em uma operação estratégica no sudeste do Pará, com foco na desintrusão da Terra Indígena Kayapó (TIKAY), onde garimpo ilegal, violência fundiária e degradação ambiental têm avançado sobre território tradicional. A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) lidera a Inteligência da operação, articulando ações de monitoramento, análise e assessoramento tático para garantir a efetividade e segurança das ações, que devem ocorrer até julho.
A estrutura da operação e o papel da ABIN na Inteligência
A operação é coordenada pela Casa Civil da Presidência da República e conta com a atuação de órgãos como o IBAMA, FUNAI, Polícia Federal, Forças Armadas, entre outros. A ABIN, responsável pela coordenação das atividades de Inteligência, desempenha papel central no planejamento tático e no apoio à execução de ações ostensivas. Sua missão inclui a análise da dinâmica local de ilícitos ambientais, identificação de ameaças e monitoramento dos desdobramentos da operação em tempo real.
Nas reuniões preparatórias, a Agência mapeou cadeias ilegais associadas ao garimpo, à grilagem e ao crime organizado, estabelecendo pontos críticos para atuação das forças envolvidas. A ABIN também atua como elo entre os órgãos participantes, contribuindo para a interoperabilidade e segurança da informação durante toda a missão, que ocorrerá na bacia do Rio Xingu, região estratégica da Amazônia brasileira.
Um território sob pressão: violência, garimpo e crime organizado
A Terra Indígena Kayapó, localizada no sudeste do Pará, é um dos territórios indígenas mais vulneráveis do país. Trata-se da TI com a maior extensão de garimpos ilegais no Brasil, cenário de graves violações de direitos humanos, como exploração sexual, trabalho análogo à escravidão e conflitos com invasores armados. Além disso, o território foi o mais afetado por incêndios florestais em 2024, evidenciando a fragilidade ambiental e o avanço descontrolado da degradação.
Habitat dos povos Kayapó (Mebêngôkre) e de grupos indígenas isolados do Rio Fresco, a TIKAY tem sido, desde os anos 1980, alvo de pressões fundiárias crescentes. A região abriga não apenas mineração ilegal, mas também pecuária clandestina e tráfico de madeira, com envolvimento de redes criminosas organizadas. A complexidade do cenário exige uma resposta articulada e contínua do Estado brasileiro.
Histórico da ABIN em desintrusões e cooperação interagências
A participação da ABIN em operações de desintrusão é consolidada por um histórico que ultrapassa dez anos. A Agência já assessorou ações nas TIs Marawatsede (2013), Awá-Guajá (2014) e Apyterewa (2016), e, mais recentemente, desde 2023, teve atuação destacada em territórios como Alto Rio Guamá, Trincheira Bacajá, Yanomami, Karipuna, Munduruku e Arariboia.
Essa experiência reforça o papel da ABIN como órgão essencial no combate a ilícitos ambientais e na proteção de áreas indígenas vulneráveis. Sua atuação interagências fortalece a coordenação entre estruturas civis e militares, aumentando a eficácia das operações e garantindo resposta institucional integrada. A operação na TI Kayapó simboliza mais um passo na consolidação de uma política de soberania ambiental e proteção de populações originárias.
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