A relação entre as forças armadas e a sociedade civil é um tema complexo, permeado por viés político, visões e interpretações variadas. Em um contexto onde a informação é tão vasta quanto diversificada, o papel dos jornalistas especializados em defesa, atuando fora do ambiente militar, torna-se crucial para construir pontes de compreensão e interesse entre o público e as instituições de defesa. Neste artigo busco esclarecer a relevância desses profissionais não militares na mediação dessa relação, destacando como sua atuação pode enriquecer o diálogo e promover uma visão mais ampla e inclusiva das forças armadas.

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A PERSPECTIVA ÚNICA DO JORNALISMO CIVIL EM DEFESA

Jornalistas civis especializados possuem a capacidade de observar e reportar sobre as forças armadas sob uma luz distinta, livre de qualquer viés institucional. Eles atuam, metaforicamente, como os sargentos do mundo da informação: traduzindo a linguagem técnica e os processos complexos das operações militares de uma forma que seja acessível e relevante para a população civil. Essa habilidade de “tradução” permite que o público, muitas vezes alheio ou até mesmo resistente à temática militar, desenvolva um interesse genuíno e uma compreensão mais aprofundada sobre o tema.

ROMPENDO BARREIRAS COM COMUNICAÇÃO INCLUSIVA

Um dos maiores desafios enfrentados pelas forças armadas na comunicação com a sociedade é superar preconceitos e resistências históricas. Jornalistas civis têm o poder de mitigar essas barreiras, apresentando as atividades militares, seus valores, seu retorno social e tecnológico, de maneira que ressoe com os valores e interesses do público. Ao destacar como as forças armadas servem à sociedade, contribuindo não apenas para a segurança nacional, mas também para o desenvolvimento tecnológico e a assistência em desastres naturais, os jornalistas civis podem transformar a percepção pública sobre o militarismo.

AMPLIANDO O DIÁLOGO E PROMOVENDO A TRANSPARÊNCIA

A missão do jornalista especializado vai além de simplesmente informar; ela envolve questionar, analisar e contextualizar as informações de maneira a promover um diálogo aberto e transparente entre as forças armadas e a sociedade. Esta abordagem não apenas enriquece o debate público sobre defesa e segurança, mas também ajuda a desmistificar as operações militares, tornando-as mais tangíveis e compreensíveis para o cidadão comum.

CONSTRUINDO UM ENTENDIMENTO MÚTUO

Para que o comando das forças armadas compreenda a importância deste papel mediador dos jornalistas civis, é fundamental reconhecer que a comunicação efetiva sobre questões de defesa não pode se limitar a um público já interessado ou envolvido. Atrair aqueles “que nem querem ver a farda” requer uma estratégia de comunicação que abrace a diversidade de perspectivas e fomente um interesse renovado nas contribuições militares para a sociedade em geral.

Por experiência própria, vejo que os jornalistas civis especializados em defesa desempenham um papel insubstituível na construção de pontes entre as forças armadas e a sociedade. Ao oferecer uma perspectiva equilibrada e acessível, eles não apenas informam, mas também educam e engajam um público mais amplo, contribuindo para uma compreensão mais rica e matizada das missões, desafios e sucessos das forças armadas. Este diálogo enriquecido é essencial para uma sociedade democrática, onde o apoio e a crítica informada às instituições militares coexistem, fortalecendo o tecido social e promovendo uma defesa nacional robusta e alinhada com os valores da cidadania.

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).