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A ameaça quântica: como a defesa está se adaptando à nova realidade

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A computação quântica promete revolucionar a tecnologia, mas também representa um desafio sem precedentes para a segurança cibernética. À medida que essa nova era se aproxima, especialistas em defesa digital alertam para os riscos que computadores quânticos podem representar para a criptografia atual, tornando vulneráveis sistemas que hoje são considerados seguros. Para mitigar essa ameaça, governos e forças militares ao redor do mundo estão investindo no desenvolvimento de algoritmos de criptografia pós-quântica, capazes de resistir ao poder de processamento dessas máquinas inovadoras.

O impacto da computação quântica na criptografia e na segurança digital

A segurança da informação moderna se baseia, em grande parte, em algoritmos de criptografia assimétrica, como RSA, ECC (Elliptic Curve Cryptography) e Diffie-Hellman. Esses métodos protegem desde transações bancárias até comunicações estratégicas de defesa, garantindo que apenas partes autorizadas possam acessar informações confidenciais. No entanto, os avanços da computação quântica podem tornar essas técnicas obsoletas em questão de minutos.

Isso ocorre porque os computadores quânticos utilizam os princípios da superposição e do entrelaçamento quântico, permitindo que realizem cálculos exponencialmente mais rápidos do que os computadores convencionais. O Algoritmo de Shor, por exemplo, pode fatorar números primos de forma extremamente eficiente, quebrando chaves criptográficas utilizadas nos sistemas de segurança atuais.

As implicações para a defesa nacional são alarmantes:

  • Sistemas de comunicação segura podem ser comprometidos por adversários que possuam capacidade quântica.
  • Infraestruturas críticas, como redes de comando e controle, podem se tornar vulneráveis.
  • Dados militares armazenados hoje podem ser interceptados e descriptografados futuramente com computadores quânticos (tática conhecida como “store now, decrypt later”).

Diante dessa realidade, governos e organizações de defesa já estão desenvolvendo novas estratégias para garantir que informações sigilosas permaneçam protegidas na era pós-quântica.

A corrida pela criptografia pós-quântica

Para evitar o colapso da segurança digital, pesquisadores e instituições governamentais estão empenhados no desenvolvimento de criptografia pós-quântica (PQC – Post-Quantum Cryptography), baseada em problemas matemáticos que não podem ser resolvidos facilmente nem por computadores quânticos.

O Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA (NIST) lidera uma iniciativa global para selecionar novos algoritmos resistentes a ataques quânticos. Após anos de pesquisa, quatro algoritmos já foram escolhidos para se tornarem padrões de segurança digital:

  • CRYSTALS-Kyber: para criptografia de chave pública e troca de chaves seguras;
  • CRYSTALS-Dilithium: para assinaturas digitais;
  • FALCON e SPHINCS+: alternativas para assinatura digital em cenários de alta segurança.

Além do NIST, órgãos como a NSA (National Security Agency) e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estão investindo na migração para protocolos de segurança quântica, garantindo que sistemas governamentais e militares estejam protegidos contra ataques cibernéticos avançados no futuro.

O principal desafio, no entanto, não é apenas desenvolver novos algoritmos, mas também garantir que infraestruturas críticas, redes militares e dispositivos de defesa sejam atualizados para suportar essa nova tecnologia.

Como as forças de defesa estão se preparando para a era pós-quântica

Diante dessa ameaça iminente, as Forças Armadas e órgãos de defesa cibernética em todo o mundo estão adotando medidas para garantir a transição segura para a era pós-quântica. Entre as principais iniciativas, destacam-se:

Mapeamento de vulnerabilidades – Identificação de sistemas críticos que utilizam criptografia vulnerável a ataques quânticos e desenvolvimento de planos de atualização.

Testes de resiliência – Realização de simulações para avaliar a eficácia dos novos protocolos de segurança quântica contra possíveis ataques.

Criação de redes seguras baseadas em criptografia pós-quântica – Alguns países já começaram a desenvolver infraestruturas resistentes a ameaças quânticas, incluindo redes militares altamente seguras.

Pesquisa e cooperação internacional – Programas de cooperação entre Brasil, EUA, Europa e Ásia buscam acelerar a adoção de medidas de segurança pós-quântica nas forças de defesa.

O Brasil, por meio do Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber) e de iniciativas em parceria com o setor acadêmico, tem acompanhado essas mudanças e iniciado pesquisas para a implementação de criptografia pós-quântica em sistemas de defesa e redes estratégicas nacionais.

A adaptação para a era pós-quântica não é apenas uma questão de inovação tecnológica, mas sim uma necessidade urgente para garantir a soberania digital e a proteção de informações sensíveis no futuro.

A Evolução Constante da Segurança Cibernética

A computação quântica representa um avanço extraordinário, mas também um desafio sem precedentes para a segurança cibernética e a defesa nacional. Sem medidas preventivas adequadas, sistemas criptográficos hoje considerados seguros podem se tornar completamente vulneráveis em um curto período de tempo.

A corrida pela criptografia pós-quântica já começou, e as forças de defesa ao redor do mundo estão investindo fortemente na proteção de infraestruturas críticas e na modernização de seus sistemas de segurança. O Brasil, por meio de suas instituições de defesa cibernética, também precisa acelerar sua transição para a era pós-quântica, garantindo que suas redes militares estejam preparadas para enfrentar os desafios da nova realidade digital.

Com a evolução da tecnologia, a defesa nacional não pode mais depender da confiança na criptografia tradicional. A única forma de garantir a segurança das informações militares e estratégicas é antecipar-se às ameaças e fortalecer os protocolos de proteção para um futuro onde a computação quântica será uma realidade acessível a potências globais e possíveis adversários.

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