XXI Conferência do Forte aborda impacto da crise climática

Kgaugelo Mkumbeni, Oficial de Pesquisa do Instituto de Estudos de Segurança da África do Sul, será uma das palestrantes do evento - foto: divulgação
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À medida que a crise climática avança, seus reflexos na segurança global se tornam cada vez mais evidentes. Na XXI Conferência de Segurança Internacional do Forte, líderes militares e acadêmicos vão se reunir para debater o papel das mudanças climáticas na transformação dos cenários de conflito. O painel contará com a presença de autoridades renomadas como Kgaugelo Mkumbeni, do Instituto de Estudos de Segurança da África do Sul, e o General-Brigadeiro Fabricio Cabrera, da Colômbia.

O impacto das mudanças climáticas na segurança global

As mudanças climáticas vêm sendo reconhecidas como um “multiplicador de ameaças” na esfera da segurança global. O aumento de temperaturas, a elevação dos níveis do mar e a maior frequência de desastres naturais não apenas afetam ecossistemas, mas também intensificam tensões já existentes em diversas regiões do mundo. Para especialistas como Kgaugelo Mkumbeni, a crise climática agrava questões socioeconômicas, alimentando conflitos locais, desestabilizando governos e forçando migrações em massa.

Uma das consequências mais alarmantes dessa realidade é o aumento no número de refugiados climáticos. Milhares de pessoas, principalmente de países em desenvolvimento, têm sido forçadas a deixar suas casas em busca de locais mais seguros, gerando novas tensões entre nações que enfrentam dificuldades para lidar com esse fluxo de migração. A escassez de recursos naturais, como água potável e terras cultiváveis, é outro fator de instabilidade. Conforme áreas agrícolas tornam-se improdutivas e a água mais escassa, disputas por esses recursos têm potencial para transformar-se em conflitos armados. O General-Brigadeiro Cabrera, da Colômbia, destaca que, para países em situações geográficas vulneráveis, a crise climática já é uma questão de sobrevivência nacional.

A cooperação internacional no combate aos efeitos climáticos

Em resposta a essas ameaças crescentes, a cooperação internacional surge como peça-chave no enfrentamento da crise. No painel da Conferência do Forte, será discutido como países e organizações internacionais podem intensificar a colaboração para mitigar os impactos das mudanças climáticas e suas consequências na segurança global. A diplomacia climática se tornou um importante campo de ação para governos e instituições multilaterais, que buscam alinhar suas políticas ambientais com estratégias de segurança e defesa.

Alguns exemplos de casos de sucesso no combate conjunto aos efeitos climáticos serão apresentados, mostrando como a união de esforços entre países pode trazer resultados concretos. Programas de cooperação na África, América Latina e Ásia demonstraram que, quando há alinhamento político e econômico, é possível mitigar os efeitos das mudanças climáticas, reduzir o deslocamento forçado e promover a paz em regiões instáveis. No entanto, persistem desafios para a integração desses esforços globais. Divergências políticas, interesses econômicos e a falta de infraestrutura adequada muitas vezes dificultam a execução de projetos que poderiam salvar vidas e garantir a segurança de comunidades inteiras.

Transformações climáticas e o papel das forças armadas

As forças armadas ao redor do mundo também estão cada vez mais envolvidas no gerenciamento de crises ambientais. Seja no atendimento a desastres naturais, como furacões, enchentes ou secas extremas, ou na ajuda humanitária a refugiados, os militares têm desempenhado um papel crucial. Na Conferência do Forte, será abordada a forma como as operações militares vêm sendo adaptadas para enfrentar esses desafios emergentes, com destaque para o conceito de segurança ambiental.

Além de agir em cenários de crise, as forças armadas estão revisando suas próprias práticas para integrar a sustentabilidade em suas operações. De bases militares ecologicamente sustentáveis até a adoção de tecnologias mais limpas, como veículos movidos a energia renovável, a defesa nacional começa a incorporar considerações ambientais em suas estratégias. A proteção dos recursos naturais estratégicos, como a Amazônia, também passa a ser uma prioridade, dado o papel crucial que esses ecossistemas desempenham no equilíbrio climático global.

À medida que a crise climática avança, as doutrinas militares precisam se ajustar para incluir novos cenários de combate, onde a disputa por recursos pode ser o ponto de partida para conflitos, e onde a resposta a desastres naturais é parte integral da segurança nacional. Como sugerem os palestrantes da XXI Conferência de Segurança Internacional do Forte, enfrentar esses desafios exige uma mudança de mentalidade – tanto no campo da defesa quanto na diplomacia – para garantir que o mundo esteja preparado para um futuro onde clima e segurança estarão inexoravelmente interligados.

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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