Workshop debate Planejamento Espacial Marinho e preservação dos oceanos

Palestra com três pessoas em discussão.
3º Workshop Nacional de Planejamento Espacial Marinho - Foto: Renata Rodrigues
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Em Brasília, especialistas e autoridades se reuniram para discutir um dos temas mais urgentes da atualidade: a conservação dos oceanos e das áreas costeiras. No 3º Workshop Nacional de Planejamento Espacial Marinho (PEM), foram apresentados avanços e desafios na organização das atividades econômicas e ambientais no mar, reforçando o papel do Brasil na preservação da Amazônia Azul e na luta contra as mudanças climáticas.

Avanços Técnicos do Planejamento Espacial Marinho no Brasil

O Planejamento Espacial Marinho (PEM) é uma metodologia estratégica adotada mundialmente, que busca ordenar o uso do espaço marítimo, conciliando atividades econômicas e conservação ambiental. No Brasil, o PEM ganhou impulso com a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm).

Durante o workshop, foi destacado que o Brasil já iniciou a implementação do PEM nas regiões Sul e Nordeste, com previsão de expansão para as regiões Sudeste e Norte ainda em 2025. Financiado pelo BNDES e pelo Funbio, o processo de planejamento é conduzido por consórcios regionais e envolve uma ampla gama de atores sociais e institucionais.

Entre as metas estabelecidas está garantir que, até 2030, 33% do território marítimo brasileiro esteja coberto por planejamentos espaciais estratégicos, em linha com o compromisso assumido na 1ª Conferência Mundial dos Oceanos em 2017. Atualmente, mais de 126 países no mundo já desenvolvem seus próprios PEMs, reforçando a importância desse instrumento para a gestão integrada dos mares.

Impacto Social e Ambiental da Proteção dos Oceanos

O evento ressaltou que os oceanos não são apenas fontes de alimentação e energia — eles desempenham um papel vital na regulação do clima, na produção de oxigênio e no sustento de milhões de pessoas. O conceito de Amazônia Azul, que representa a vasta zona econômica exclusiva brasileira, foi tratado como elemento central da soberania e da responsabilidade ambiental do país.

As discussões abordaram também as consequências alarmantes do branqueamento de corais registrado entre 2023 e 2024, que afetou 84% dos recifes em 82 países. Esse fenômeno foi comparado a queimadas em termos de impacto ambiental, reforçando a urgência de ações coordenadas para a recuperação dos biomas marinhos.

Os especialistas destacaram que o PEM é essencial para promover o equilíbrio entre conservação ambiental e desenvolvimento econômico, garantindo que atividades como pesca, turismo, transporte marítimo e exploração energética possam coexistir de maneira sustentável, justa e equilibrada. Além disso, o fortalecimento da economia azul foi apresentado como uma via estratégica para gerar empregos, renda e inovação, sem comprometer os ecossistemas marinhos.

Planejamento Espacial Marinho como Estratégia Global e Nacional

O Planejamento Espacial Marinho é mais do que uma política interna: trata-se de uma estratégia alinhada com a governança global dos oceanos. O Brasil se prepara para participar, em junho, da 3ª Conferência Mundial dos Oceanos (UNOC), em Nice, França, onde será apresentado o Plano de Ação de Nice para o Oceano, um compromisso global ambicioso para a preservação da saúde marinha.

De acordo com os coordenadores do PEM no Brasil, o objetivo não é regular ou licenciar atividades diretamente, mas integrar políticas setoriais, minimizar conflitos de uso e garantir a coexistência equilibrada entre os interesses econômicos, sociais e ambientais.

O Capitão de Mar e Guerra Rodrigo de Campos Carvalho, da Marinha do Brasil, lembrou que a governança dos quase seis milhões de quilômetros quadrados de águas brasileiras é uma questão de soberania e projeção internacional. Já Marinez Scherer, da Universidade Federal de Santa Catarina, destacou que o crescimento dos PEMs no mundo é um sinal claro de que os países reconhecem os oceanos como espaços estratégicos que exigem planejamento inteligente e responsabilidade compartilhada.

O workshop demonstrou que o Brasil caminha para fortalecer sua posição de liderança na gestão sustentável dos oceanos, alinhando desenvolvimento, conservação e compromisso internacional.

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Apoio

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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