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A geografia deu ao Brasil uma vantagem estratégica: o Saliente Nordestino, vértice atlântico que aproxima o país da África e controla um dos eixos marítimos mais importantes do hemisfério sul. Mas será que essa posição está sendo defendida à altura de seu valor? Um artigo inédito revela como o Nordeste brasileiro segue sendo vital para a Defesa Nacional, e por que o país precisa olhar com mais atenção para sua esquina atlântica.
De trampolim à sentinela: o papel histórico e geopolítico do Saliente Nordestino
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Saliente Nordestino foi chamado de “Trampolim da Vitória”: uma posição estratégica que encurtava a distância entre os EUA e o Norte da África, facilitando o fluxo de tropas e suprimentos aliados. A Base Aérea de Natal tornou-se o maior aeródromo militar aliado fora dos Estados Unidos. Esse protagonismo não foi apenas episódico — ele firmou o Nordeste como ponto de conexão entre o hemisfério ocidental e teatros globais de operação.
Além do papel logístico, o Saliente abrigou a Quarta Esquadra dos EUA e foi palco de ações contra submarinos do Eixo, em uma demonstração de como a geografia da região permite o controle das Linhas de Comunicação Marítima (LCM) e a projeção de poder sobre o Atlântico Sul. Hoje, em tempos de paz, essa capacidade de vigilância e dissuasão permanece fundamental, especialmente diante do aumento da competição estratégica no Atlântico e da relevância dos corredores marítimos internacionais.
Amazônia Azul e espaço aéreo: a dimensão contemporânea da defesa no Nordeste
O valor atual do Saliente Nordestino vai além do seu passado. Com sua projeção sobre o Atlântico, ele permite ao Brasil controlar uma parte significativa da Amazônia Azul — a imensa zona econômica exclusiva (ZEE) do país, rica em petróleo, biodiversidade e conectada ao mundo por cabos submarinos críticos. A partir de bases no SN, é possível monitorar fluxos marítimos, proteger infraestruturas sensíveis e acompanhar lançamentos orbitais.
No campo aeroespacial, instalações como o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (RN) e o radar “Sabrina” colocam o SN no centro da vigilância sobre o Atlântico Equatorial. A região também abriga hubs de comunicação digital, como os cabos ópticos que ligam Fortaleza à África. Esses ativos fazem do SN um território estratégico para a segurança marítima, digital e espacial, exigindo vigilância permanente.
Presença militar e propostas de fortalecimento: o que falta ao SN?
Apesar de sua importância, o Saliente Nordestino ainda carece de uma presença militar robusta e integrada. A Marinha atua por meio do 3º Distrito Naval, mas com meios limitados. O Exército e a Força Aérea mantêm unidades relevantes, porém com foco disperso. Faltam, por exemplo, baterias de mísseis costeiros, esquadras permanentes no Nordeste e sistemas de vigilância plenamente operacionais como o SISGAAz.
Um conjunto de propostas estratégicas começa a tomar forma: instalação de radares OTH, drones de patrulha oceânica, presença naval mais frequente, uso de navios não tripulados e maior integração entre Forças. Também se discute o fortalecimento da cooperação internacional no Atlântico Sul, com exercícios conjuntos e centros de monitoramento em parceria com países africanos.
O Saliente Nordestino, como sintetiza o estudo que será lançado em breve, é ao mesmo tempo fortaleza e vulnerabilidade: o que torna sua defesa uma prioridade nacional. Quem domina o Saliente Nordestino, domina o Atlântico Sul — e quem o protege, garante o futuro estratégico do Brasil no oceano que conecta continentes, recursos e desafios do século XXI.
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