Rápida mobilização dos Fuzileiros Navais para ativar operações no Brasil e no exterior

Meios de Fuzileiros Navais no Comando da Divisão Anfíbia, no Rio de Janeiro

Capitão-Tenente (T) Fabrício Sérgio Costa

Era terça-feira, 15 de fevereiro, 17h32, quando a Defesa Civil do Rio de Janeiro emitiu aviso de alto risco de deslizamento em algumas regiões de Petrópolis (RJ). Imediatamente, a Marinha do Brasil (MB) se colocou à disposição para apoiar a Defesa Civil. A rápida mobilização e o pronto emprego da Força chamaram a atenção da sociedade brasileira, quando a capacidade expedicionária do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) foi colocada à prova, deslocando, menos de 12 horas depois, dois comboios para a Cidade Imperial.

“Dispomos de flexibilidade e versatilidade para agir com rapidez e eficiência nas operações. Somos organizados conforme a necessidade e nos adequamos rapidamente à missão. Se uma missão necessita de um esforço maior na parte médica, como foi o caso de Petrópolis, a gente foca naquele componente”, disse o Comandante-Geral do CFN, Almirante de Esquadra (Fuzileiro Naval) Jorge Armando Nery Soares.

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Comando da Divisão Anfíbia, no Rio de Janeiro, durante inspeção da ONU, em 2021

Assim que chegaram à Região Serrana, os militares da Marinha fizeram um reconhecimento da cidade e identificaram as necessidades da prefeitura petropolitana. No dia seguinte, a MB ativou um Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais, com cerca de 300 militares, e montou um Hospital de Campanha no tempo recorde de 3 horas. Começava, assim, a Operação de Apoio à Defesa Civil em Petrópolis, que só terminaria 18 dias depois.

“Somos considerados uma força multimissão, aptos a prover grupamentos operativos capazes de alterar objetivos, efetivos e organizações no meio da missão. Conseguimos nos adequar às diversas situações, desde um combate real, em operações de guerra naval, passando pelo emprego limitado da força, como nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem, e em operações benignas, como as operações de assistência humanitária”, afirmou o Almirante Armando.

A Marinha conseguiu agir em tempo recorde e cumpriu o que preconiza a Política Nacional de Defesa, a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco de Defesa Nacional, quando destaca que “a Marinha possuirá meios de Fuzileiros Navais, em permanente condição de pronto emprego para atuar em operações de guerra naval, em atividades de emprego de magnitude e permanência limitadas”.

“Essa capacidade de mobilização fica muito clara quando lembramos do nosso lema. Ele vem de uma palavra em Latim, Adsumus, que representa ‘Aqui Estamos’. Ou seja, em um curto espaço de tempo, e com todas as capacidades, a gente pode atender às necessidades da Marinha e do Brasil”, lembrou o Comandante-Geral do CFN.

Viaturas do Corpo de Fuzileiros Navais em deslocamento para Petrópolis

Capacidade expedicionária do Corpo de Fuzileiros Navais
O CFN é uma força estratégica por excelência, de caráter expedicionário, pronto emprego e projeção de poder. Como integrante do componente anfíbio da Marinha do Brasil, dispõe de capacidade para atuar de forma tempestiva em qualquer região do Brasil e do mundo.

“Em novembro de 2010, oferecemos apoio logístico às forças policiais do Rio de Janeiro. Fomos solicitados para transportar os policiais que fizeram a ocupação inicial do Complexo do Alemão. Em menos de 24 horas, os policiais já estavam ambientados com as viaturas e no local da ação. Em 2011, como aconteceu em Petrópolis, prestamos apoio à Nova Friburgo (RJ). Em menos de 12 horas, já estávamos na cidade, atuando no apoio à população. Foi uma situação bem difícil”, recordou o Almirante Armando.

Com o propósito de defender interesses em locais afastados de seu território, um país deve ter a capacidade de realizar, nesses locais, operações de guerra, operações com o emprego limitado da força e operações benignas, em curto espaço de tempo e sem apoio de bases próximas.

“Nós temos que estar preparados para realizar as operações anfíbias. Isso faz com que tenhamos necessidade de ter um pessoal extremamente bem preparado, com condições de executar uma grande gama de tarefas. Mas não conseguimos isso da noite para o dia. Nossos militares são bastante exigidos ao longo de toda a sua carreira, por meio de cursos de formação, especialização e habilitação. Em nossos centros de instrução, eles são submetidos a um rigoroso processo de treinamento nas unidades operativas”, afirmou o Almirante de Esquadra Armando.

Carro Lagarta-Anfíbio em apoio às Forças policiais no Rio de Janeiro

Missões de Paz da ONU
A preparação e o envio de um contingente militar para outra região, como aconteceu em Petrópolis, é uma atividade complexa que requer o estudo do local de destino, o conhecimento dos meios para conduzir essa força e a preparação prévia dos militares, materiais e suprimentos. Esse planejamento pode ser executado tanto no Brasil como no exterior.

“Em 2003, por exemplo, não havia a Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti) e o CFN enviou, em 18 horas, um grupo de Fuzileiros Navais para fazer a evacuação do pessoal da embaixada brasileira naquele país. Os militares enviados ainda permaneceram no país por três meses”, relembra o Almirante Armando.

A resposta a essa demanda de Estado é a manutenção de uma força capaz de realizar operações em locais distantes, de maneira independente e autossustentável, como ocorre nas Missões de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU). “Nós tivemos um sucesso muito grande quando fomos chamados para atuar em operações de paz. Isso faz com que os nossos Fuzileiros Navais passem a ser conhecidos e lembrados até no exterior. A atuação dos Fuzileiros Navais em Angola e no Haiti fizeram com que angariássemos esse respeito e reconhecimento”, disse o Almirante Armando

Militares do CFN durante capacitação para Missões de Paz da ONU

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Marcelo Barros, com informações e imagens da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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