Presença naval brasileira impulsiona estabilidade no Atlântico Sul e Golfo da Guiné

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Em um mundo marcado por disputas marítimas e fluxos transnacionais ilícitos, o Brasil tem reforçado seu papel como potência regional no Atlântico Sul. Através da ZOPACAS e de uma série de iniciativas com países africanos, especialmente lusófonos, a Marinha do Brasil amplia sua atuação estratégica na costa oeste da África, promovendo segurança, desenvolvimento e vínculos diplomáticos duradouros.
A atuação da Marinha do Brasil na África: cooperação técnico-militar e diplomacia naval

A presença brasileira na costa africana se sustenta em um robusto programa de cooperação técnico-militar, com destaque para as Missões de Assessoria Naval mantidas em São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Namíbia. Nessas nações, militares da Marinha do Brasil (MB) atuam na formação de fuzileiros navais, estruturação de guardas costeiras e condução de cursos especializados. São ações que transcendem o âmbito militar e se traduzem em desenvolvimento institucional e estabilidade local.
Além disso, o Brasil mantém adidâncias militares em oito países africanos, com acreditações que cobrem diversas outras nações do continente. Os adidos têm papel estratégico na diplomacia de defesa, fomentando relações bilaterais, intercâmbio de experiências e promovendo produtos da Base Industrial de Defesa brasileira. Militares africanos têm sido formados em instituições de ensino naval no Brasil — somente o Senegal conta com mais de 60 oficiais treinados desde 2016.
ZOPACAS como instrumento de liderança regional e segurança cooperativa

Criada em 1986 por proposta do Brasil na ONU, a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS) se tornou um dos principais instrumentos para promoção da segurança e desenvolvimento multilateral no entorno estratégico brasileiro. Composta por 24 países sul-americanos e africanos, a ZOPACAS foi concebida como uma resposta à militarização e às ameaças nucleares durante a Guerra Fria, evoluindo para tratar também de questões ambientais, econômicas e de segurança marítima.
A VIII Reunião Ministerial da ZOPACAS, realizada em 2023 na cidade de Mindelo (Cabo Verde), marcou a reativação do fórum após um hiato de dez anos. O evento consolidou o Plano de Ação de Mindelo e reafirmou o papel do Brasil como líder regional. O país será sede da próxima reunião em 2026, quando reassumirá a Presidência Pro Tempore do bloco. A ZOPACAS integra a Política de Defesa Nacional desde 2005, como pilar da estratégia brasileira para o Atlântico Sul, que inclui o combate à proliferação de armas, a cooperação para o desenvolvimento e a proteção dos recursos marítimos.
Combate à pirataria e crimes transnacionais no Golfo da Guiné: operações navais e alianças estratégicas

A costa ocidental africana, em especial o Golfo da Guiné, concentra alguns dos maiores desafios à segurança marítima global. Com altos índices de pirataria, sequestros, tráfico de armas, drogas e pesca ilegal, a região passou a ser foco das operações da Marinha do Brasil em parceria com países africanos e potências internacionais.
A operação GUINEX, liderada pela MB, já está em sua terceira edição e consiste em exercícios conjuntos com marinhas e guardas costeiras de Camarões, Senegal, Nigéria, São Tomé e Príncipe, Costa do Marfim e outros. A Obangame Express, organizada pelos EUA, e a Grand African NEMO, coordenada pela França, também contam com participação ativa de navios brasileiros, como as fragatas “Liberal” e “Amazonas”, além de aeronaves e mergulhadores de combate.
Essas operações não apenas ampliam a capacidade de resposta aos crimes no mar, como também fomentam a interoperabilidade entre forças navais, o intercâmbio de conhecimentos e o fortalecimento de alianças. Além do valor tático, essas iniciativas têm peso geopolítico: reforçam a imagem do Brasil como protagonista na governança marítima do Atlântico Sul e ampliam sua influência em um espaço de crescente interesse estratégico.
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