O pano de fundo da Operação UANFEX-2022 foi a Ilha da Marambaia, no Rio de Janeiro. Entre os dias 21 e 24 de novembro, o cenário foi composto por 880 militares empregados em diferentes meios navais: Navio Doca Multipropósito “Bahia”, Navio de Apoio Oceânico “Purus”, 10 Carros Lagarta Anfíbio, dois helicópteros, sendo um UH-15 “Pégasus 02” e um SH-16 “Guerreiro 36” e Embarcações de Desembarque de Viaturas e Carga Geral.

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Considerando o enredo da Operação baseado em uma situação de ajuda humanitária, o exercício teve também expressiva participação de meios de fuzileiros navais, o que incluiu a Força de Desembarque, a Unidade Médica Expedicionária da Marinha, bem como carros de combate SK-105A2S e uma bateria de obuseiros 105 mm Light Gun.

De maneira peculiar, o exercício testou a capacidade de uma força naval, já no mar e previamente carregada com tropas e material, planejar a resposta a uma situação de emergência além-mar. Nesta UANFEX, diferentemente de como ocorreram outras operações este ano, os militares foram submetidos ao enredo do exercício com os navios já afastados do porto sede. No treinamento, a informação recebida foi a de que era necessário reforçar a ajuda à população de um país isolado, onde um organismo internacional, equivalente à ONU, ainda não estava completamente estabelecido e, por isso, permanecia sob ameaça de grupos hostis.

O desafio encontrava-se em avaliar o terreno, identificar as ameaças eminentes, mapear ação dos militares e dos meios navais, planejar o acesso ao local onde a população se encontrava, entrar e sair da área afetada em segurança, identificar feridos e as remoções necessárias, no prazo de 24h, salvaguardando a vida humana e mantendo a Força de Paz atuante.

Após esse planejamento, a ação culminou em uma Incursão Anfíbia, na área da Marambaia, no amanhecer do dia 23 de novembro. Assim se desenvolveu a UANFEX-2022 e, ao conversar com os responsáveis pelos exercícios, foi possível perceber a importância da Operação. O Almirante de Esquadra (FN) Armando, Comandante Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, afirmou que a “possibilidade que nós temos aqui na Ilha da Marambaia de fazer exercícios anfíbios é espetacular porque conjugamos os nossos meios navais e as tropas de Fuzileiros Navais, empregando munição real (Obuseiro e Metralhadora).” O Almirante reforçou que “o emprego de munição real para o Fuzileiro Naval é extremamente importante. Eu poderia dizer que é vital. Nós somos uma tropa extremamente profissional e a prova disso é o uso intensivo de munição real. E aqui na Ilha da Marambaia, já há algum tempo, temos usado a artilharia. No passado, usávamos morteiro e armas portáteis, mas agora nós estamos utilizando também a bateria 105 light gun. Então, a possiblidade que temos de realizar exercícios do tipo projeção anfíbia, um exercício com uma magnitude menor, é importante porque os problemas que acontecem são reais e terão de ser resolvidos durante a sua execução. É um ganho muito grande toda a vez que o Fuzileiro Naval vem do navio para a terra. É um conjugado anfíbio que é a nossa razão de ser!”

O desembarque dos Fuzileiros Navais permitiu a montagem de uma Unidade Avançada de Trauma (UAT), monitorada pela Unidade Médica Expedicionária da Marinha. O Capitão de Mar e Guerra (FN) Gláucio, Comandante do Batalhão Logístico de Fuzileiros Navais, ressaltou que os militares estão preparados para atender a demandas de saúde e assuntos civis. Para tanto, explicou como foi montada uma estrutura logística, com barracas e uma UAT, que reforça a capacidade de ação e emprego rápido dos Fuzileiros Navais.

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Chegada de Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf) na Praia da Marambaia (RJ) – Imagem SG (FN) Albuquerque

“Nesse tipo de Operação, com atividades envolvendo civis, estamos focando na saúde, com a montagem de uma UAT, prestando apoio à população atingida e a possíveis feridos durante a execução da missão. Temos apoio de consultas médicas, odontológicas e ações cívico-sociais, além de um Centro de Operações Civis e Militares capaz de controlar diversas outras atividades voltadas ao apoio da população”, afirmou o Capitão de Mar e Guerra Gláucio.

Segundo o Contra-Almirante Cardoso, Comandante da 1ª Divisão da Esquadra e responsável pelo Grupo Tarefa da UANFEX-2022, “essa Operação marcou o encerramento do ciclo de adestramento da Esquadra e da Força de Fuzileiros da Esquadra. O planejamento da UANFEX foi proposto para que simulasse uma situação próxima do que podemos enfrentar na realidade. Exercitamos um método de planejamento rápido para atender a essa necessidade emergencial e fizemos uma Incursão Anfíbia na área da Marambaia, simulando toda a preparação para uma ajuda humanitária.” O Vice-Almirante Bettega, Comandante em Chefe da Esquadra, concluiu dizendo que “a Operação UANFEX-2022 foi uma boa forma de encerrarmos o ciclo de adestramento dos meios da Esquadra.”

Para o futuro…
Dando continuidade aos treinamentos dos Fuzileiros Navais o então Vice-Almirante (FN) Carlos Chagas, Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra (ComFFE), disse que até o final de 2022, ainda terão mais dois exercícios. Sendo uma Operação “ACISO” (Ação Cívico-Social) em Itaóca (ES) e a Operação “Furnas”, que é uma Operação realizada em Minas Gerais, na região de Furnas. Segundo o Almirante, ao longo deste ano foram realizadas cinco operações anfíbias utilizando essa integração dos Fuzileiros Navais e dos meios da Esquadra.

Do ponto de vista da Esquadra, o Vice Almirante Bettega ressaltou que “os meios navais e aeronavais da Esquadra estão à disposição do Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra”.

Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).