Documentos, recortes de jornais, depoimentos de testemunhas oculares e fontes das mais diversas. Essa foi a trilha seguida por Silvio Adriani para apurar, com detalhes impressionantes, este que por muito tempo foi considerado o maior acidente aéreo no Brasil. Um tour de force, como diriam os franceses. Desse trabalho resultou esta obra surpreendente. Esforço de reconstrução, melhor, de restauração da memória não só do acidente, mas da Florianópolis dos anos 1940. Aqui aparecem duas vertentes do trabalho de restauração: a “memória histórica”, que busca a restituição do passado com dados fornecidos pelo presente; e a “memória coletiva”, que reorganiza o passado de maneira mágica, projetada por lembranças misturadas às experiências individuais e coletivas, como ensina Maurice Halbwachs. Depara-se o leitor, neste livro, com um relato hipnótico da saga do avião da Força Aérea Brasileira Douglas C-47 2023, que encontrou seu fim numa das encostas do gigante Cambirela, na região da Grande Florianópolis. Adriani buscou minúcias nas mídias da época, documentos da Aeronáutica e em tudo que foi produzido sobre o acontecido. Também conseguiu entrevistar parentes das vítimas, obtendo um olhar muito particular de cada um, assim como de remanescentes do grupo de salvamento, que enfrentou condições inóspitas durante a escalada e na remoção das vítimas. Um trabalho incansável e completo que vai cooptar quem gosta de uma história bem narrada e quem se interessa por dados históricos.
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