Apesar de já ser pesquisada há algum tempo e da existência de outras tecnologias baseadas em fenômenos quânticos, cada vez mais a computação quântica revela novos potenciais de utilização e transformação que afetam, e afetarão ainda mais a cada dia, todo o mercado. Nos últimos meses, a mídia voltou a colocar a tecnologia em evidência graças a uma série de novidades e discussões sobre o tema, como recentes preocupações envolvendo, sobretudo, o mercado de tecnologias financeiras.
A principal preocupação é que computadores quânticos podem estar ameaçando a criptografia de sistemas de segurança digital usados atualmente (criptografia RSA). Inclusive, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou recentemente uma lei (Lei H.R.7535) que incentiva que as agências governamentais invistam em criptografia pós-quântica para lidar com essa situação. Além disso, o NIST (equivalente ao INMETRO americano), já apresentou quais os protocolos de criptografia pós-quântica deverão ser adotados.
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Ainda sobre esse cenário, recentemente foi noticiado que pesquisadores chineses alegam ter quebrado a criptografia RSA, que é usada por inúmeros tipos de instituições, sobretudo bancárias, usando um computador quântico. Apesar de essa notícia ter sido recebida com desconfiança por especialistas e por empresas que conduziram testes para mostrar o contrário, essa preocupação envolvendo segurança digital e computadores quânticos já é algo que está na mente de pesquisadores desde a década de 1990, com a publicação do trabalho de Peter Shor.
Claro que é possível pensar que certas ameaças são infundadas atualmente, mas de toda forma isso não será sempre assim. É importante que instituições de diversos tipos busquem se informar e se atualizar a respeito desses potenciais tecnológicos, mesmo que eles se apresentem inicialmente como riscos e temores. Investimentos tomam tempo, e é interessante começar a se preparar, mesmo que seja apenas entendendo melhor como a coisa toda funciona.
A computação quântica tem potencial de uso paralelo a diversas outras tecnologias de hoje, como o machine learning, e mesmo quando vier a ser usada, por si só, continuará trabalhando em paralelo com a computação convencional. São tecnologias diferentes e com funções que se complementam no nosso cotidiano.
Não é errado pensar que mesmo que pareça impossível quebrar a criptografia RSA, isso não possa acontecer. Também não é errado pensar nos avanços da computação quântica como potencial de negócios e desenvolvimento, inclusive no mercado de tecnologia financeira. O mais importante aqui é começar a pensar em como se preparar para um futuro inevitável para que não apenas se esteja protegido, mas também se ganhe explorando o lado positivo desses avanços.
Começando com a segurança, é importante começar a investir em segurança pós-quântica. Instituições gigantescas não podem se dar ao luxo de não estarem atentas. É preciso que governos invistam em pesquisa na área. Já vivemos crises gigantescas de segurança. Essa é a oportunidade de começar a se preparar para o futuro antes que realmente algo se torne facilmente atingível, como quebrar protocolos de segurança.
Do outro lado, é importante começar a pensar em como aproveitar a computação quântica para melhorar a tecnologia financeira, como com simulações baseadas em algoritmos quânticos que podem ser empregadas na análise de risco de portfólio e de preços, diversificação de investimentos de forma acurada e uso do machine learning para lidar com dados multidimensionais associados a forecasting financeiro, score de crédito, fraudes, e muitos outros pontos.
Os algoritmos quânticos podem ajudar a obter resultados mais precisos, em tempo muito menor que os clássicos, e sendo capaz de analisar conjuntos de informações em maiores quantidades. É uma inteligência benéfica para o mercado, em escala muito maior do que os riscos.
*César Augusto é arquiteto de sistemas na Certsys
Fonte: DCiber.org
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