O país já possui uma Política Marítima Nacional (PMN)? A resposta é: sim! Entretanto, nossa segunda versão, vigente, é de 1994 e, portanto, merece uma boa revisão em função de múltiplos fatores que mudaram nossa relação com o mar e do mundo com o mar. Ela é anterior mesmo ao protagonismo da exploração de petróleo no mar e da grande agenda internacional voltada ao mar. Assim, para que esse processo de sua atualização fosse efetivado, muitas opções poderiam ser feitas, entretanto, foi por iniciativa do Poder Executivo que esse debate intersetorial teve seu início.

Nos siga no Instagram, Telegram ou no Whatsapp e fique atualizado com as últimas notícias de nossas forças armadas e indústria da defesa.

O Decreto nº 10.607, de 22 de janeiro de 2021, instituiu o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), sob a coordenação da Marinha do Brasil (MB), composto por 14 Ministérios e pela Advocacia-Geral da União (AGU), para a atualização da PMN.

Ao GTI compete integrar as políticas relacionadas ao uso do mar, propor procedimentos para a implementação da nova PMN integrada, avaliar formas para o seu financiamento, definir os objetivos e a prioridade para cada segmento integrante, e elaborar as propostas de atos e os instrumentos normativos necessários à execução dessa Política. Entretanto, seu grande desafio é trazer ao centro das discussões de mais alto nível no país resposta à qual relação com o mar o Brasil deseja para seu futuro.

A atualização da PMN deverá contemplar assuntos afetos ao atual uso do espaço marítimo, diante do crescente fenômeno de territorialização dos oceanos e das demandas decorrentes do incremento da economia do mar. A área oceânica de 5,7 milhões de km² sob jurisdição brasileira, denominada Amazônia Azul, é estratégica e repleta de recursos naturais e biodiversidade ainda inexplorados.

Simpósio e Oficinas para a Reformulação da PMN

O Estado-Maior da Armada (EMA), com o apoio do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha (CEPE-MB) e do Observatório de Políticas Marítimas (OPM), realizou no dia 23 de março, no Clube Naval de Brasília, o Simpósio e Oficinas “A Reformulação da Política Marítima Nacional”, com transmissão pelo canal da MB no YouTube e Facebook.

O evento contou, inicialmente, com conferências sobre a relevância crescente do mar nos interesses nacionais e dos aspectos teórico-metodológicos que o GTI vem trilhando na construção desse importante marco nacional. Teve relevante participação da comunidade marítima, de representantes da Academia e de diversos órgãos do Estado que contribuíram, em dez Oficinas, para sugestões às diretrizes voltadas aos Objetivos Marítimos Nacionais, inicialmente propostos pelo GTI para a PMN.

Durante os trabalhos, foram apresentados os principais aspectos já debatidos pelos representantes do GTI até o momento. Também foram fomentadas proposições de iniciativas sobre relevantes temas, como o modal aquaviário na matriz de transporte nacional; aproveitamento econômico de recursos vivos e não-vivos marinhos; parque industrial marítimo; pesquisa científica marinha e marítima; conservação da biodiversidade marinha e o uso racional dos recursos marinhos; garantia da soberania no mar e defesa da Amazônia Azul; segurança da navegação e das atividades desenvolvidas no mar e águas interiores; difusão da mentalidade marítima; atividades turísticas, sociais, esportivas, recreativas e culturais; e o protagonismo internacional do Brasil em assuntos marítimos.

É um longo e desafiador caminho a ser percorrido. Mas, certamente, tende a ser um novo marco das mais relevantes opções nacionais para sua relação com esse imenso patrimônio do nosso país.

eq32w4ed567rfut7yjhgfds

Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).