Concepção artística do navio a vapor Itapagé, torpedeado pelo submarino alemão U-161, em 1943 - Celio Maielo - Representação artística

Um capítulo importante e muitas vezes esquecido da história brasileira é o da classe de navios chamada de Ita. Estes navios a vapor, pertencentes à Companhia Nacional de Navegação Costeira, foram peças centrais na cabotagem brasileira durante a primeira metade do século 20. Com nomes de origem tupi-guarani, todos iniciados pelas sílabas Ita, estas embarcações transportavam cargas e passageiros de norte a sul do Brasil. Entre eles, destacam-se nomes como Itaberá, Itagiba, Itaguassu, Itaimbé, Itapé e Itapema.

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Os Paquetes

Existiam três tipos básicos de Itas: pequenos, médios e grandes. Os pequenos tinham cerca de 60 metros de comprimento, enquanto os médios mediam entre 80 a 90 metros, comportando cerca de 140 passageiros. Já os grandes Itas, com 110 a 120 metros de comprimento, poderiam transportar até 280 passageiros distribuídos em três classes: 1ª, 2ª e 3ª. Os portos servidos por estes paquetes incluíam importantes localidades como Manaus, Belém, São Luís, Fortaleza, Natal, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Destino Trágico: Itas na 2ª Guerra Mundial

O destino de alguns destes navios, no entanto, foi marcado por tragédia. Durante a 2ª Guerra Mundial, os navios Itapagé e Itagiba foram torpedeados e afundados. O Itapagé encontrou seu fim em 26 de setembro de 1943, ao ser torpedeado por um submarino alemão próximo à costa de Alagoas, resultando na perda de 22 dos seus 106 ocupantes. O Itagiba soçobrou em 17 de agosto de 1942, após ser torpedeado por outro submarino alemão ao sul de Salvador, levando consigo 36 vidas.

Os Itas na Cultura Popular

Apesar da obscuridade que envolve os Itas na atualidade, estes navios encontraram seu lugar na cultura popular brasileira. A canção “Peguei um Ita no Norte”, de Dorival Caymmi, é um exemplo disso. Composta nos anos 1940, a música relata a jornada de um migrante nortista que chega ao Rio de Janeiro a bordo de um Ita, e se tornou um dos maiores sucessos do compositor baiano. Além disso, em 1993, a Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro apresentou um enredo no carnaval carioca inspirado na canção, retratando a viagem do migrante nortista ao Rio de Janeiro. A escola conquistou seu oitavo título, quebrando um jejum de 18 anos, e o refrão da música é até hoje cantado nos estádios de futebol.

Mesmo esquecidos por muitos, os navios Ita foram ícones da navegação brasileira e deixaram uma marca indelével na cultura popular do país. Sua história serve como um lembrete da riqueza e diversidade da nossa história marítima.

Com informações da Wikipédia

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).