Naufrágio em Ponta Verde reacende debate sobre ordenamento marítimo

Foto de Bruno Carvalho
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Sob o brilho do luar na orla de Ponta Verde, um incidente náutico interrompeu a tranquilidade da noite em Maceió. A embarcação “PITEL”, uma jangada tradicionalmente usada para passeios turísticos, naufragou a cerca de 500 metros da costa. Felizmente, não houve vítimas, mas o episódio reacende um debate urgente: a falta de regulamentação e ordenamento adequado nas águas mais visitadas de Alagoas.

Investigação e atuação da Marinha no naufrágio

Logo após o incidente com a embarcação “PITEL”, a Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos de Alagoas (CPAL), agiu rapidamente. Uma equipe de Inspeção Naval foi enviada ao local para prestar apoio e iniciar os procedimentos necessários de investigação. Segundo informações preliminares, os náufragos foram resgatados por embarcações que estavam próximas, o que evitou uma tragédia maior.

Além do resgate imediato, a Marinha também garantiu que não houvesse poluição hídrica decorrente do naufrágio, realizando uma inspeção minuciosa na área afetada. Agora, os esforços se concentram em apurar as causas do acidente.

Essa atuação reforça o compromisso da Marinha com a segurança da navegação e a salvaguarda da vida humana no mar, como também ressalta a necessidade de uma maior participação dos órgãos municipais e estaduais no monitoramento preventivo das embarcações que operam em áreas de intenso fluxo turístico.

Impacto da falta de fiscalização no ordenamento náutico de Maceió

O incidente da última quinta-feira é apenas mais um reflexo da crescente desorganização no ordenamento náutico de Maceió. Com o aumento do turismo, especialmente nos meses de alta temporada, a procura por passeios para as piscinas naturais da Pajuçara e Ponta Verde cresceu de forma exponencial. No entanto, essa demanda não foi acompanhada por uma atuação eficiente por parte das autoridades locais.

Embarcações na região das piscinas naturais nos passeios noturnos.

O Conselho Gestor de Passeios Turísticos necessita estabelecer uma regulamentação específica, por meio dos órgãos competentes, realizar um cadastramento das embarcações que realizam os passeios noturnos, pois tem falhado em estabelecer um sistema eficiente de controle e monitoramento das atividades marítimas. Passeios noturnos, muitas vezes sem a estrutura adequada de segurança, têm se tornado cada vez mais comuns.

O Instituto do Meio Ambiente (IMA) e a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) deveriam atuar de forma integrada com a Marinha e outros órgãos fiscalizadores, mas a ausência desses agentes é frequentemente relatada por operadores e turistas. Essa lacuna no sistema de fiscalização transfere para a Marinha uma responsabilidade desproporcional, fazendo com que suas equipes precisem cobrir áreas que deveriam ser de competência municipal.

Segurança marítima e o papel das autoridades locais

A segurança marítima em áreas de intenso turismo depende de um trabalho conjunto entre diferentes esferas do poder público. Episódios como o naufrágio da “PITEL” evidenciam a necessidade de políticas públicas claras, regulamentação eficiente e uma atuação integrada entre os órgãos responsáveis.

Recentemente, ações conjuntas entre a Marinha e a Polícia Civil têm mostrado resultados positivos. Em uma operação coordenada, uma embarcação foi lacrada durante um passeio noturno irregular, onde seu condutor foi detido por estar embriagado e não ter habilitação para conduzir a embarcação. Essas ações só foram possíveis após denúncias diretas feitas pela associação de jangadeiros, mostrando a importância da participação ativa das comunidades locais no processo de fiscalização.

Além disso, episódios como esse ressaltam o papel fundamental do Grupo de Inspeção Naval (GIN), que atua diariamente para garantir a segurança nas águas de Maceió. A atuação desses profissionais, frequentemente elogiada pelas demais forças de segurança, precisa ser complementada por um esforço conjunto que inclua também órgãos municipais e estaduais.

O naufrágio da “PITEL” deve ser encarado como um alerta definitivo. A segurança das atividades marítimas em Maceió não pode depender apenas da atuação da Marinha; é necessário um compromisso efetivo das autoridades locais para que tragédias sejam evitadas no futuro.

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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