Mulheres nas forças armadas e de segurança no Brasil: conquistas, desafios e perspectivas

Foto: Reprodução
Não fique refém dos algoritmos, nos siga no Instagram, Telegram ou no Whatsapp e fique atualizado com as últimas notícias.

O Dia Internacional das Mulheres, celebrado anualmente em 8 de março, simboliza a luta histórica das mulheres por direitos civis, sociais e trabalhistas. Se antes a participação feminina no espaço militar e nas forças de segurança era impensável, hoje as mulheres conquistam cada vez mais espaço em instituições tradicionalmente masculinas, como as Forças Armadas e as Forças de Segurança Pública. No Brasil, a trajetória das mulheres nesses setores reflete uma caminhada de superação, persistência e excelência profissional, embora ainda existam desafios a serem enfrentados.

As Conquistas das Mulheres nas Forças Armadas e de Segurança

Foto: Agência Brasil

A presença feminina nas Forças Armadas Brasileiras teve início formal em 1980, quando a Marinha do Brasil criou o Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha, tornando-se a primeira Força a admitir mulheres em seus quadros. Pouco tempo depois, o Exército e a Força Aérea Brasileira (FAB) também passaram a incorporar mulheres, ainda que, inicialmente, apenas em funções administrativas e de saúde.

Ao longo dos anos, a participação feminina evoluiu significativamente:

  • Primeira Oficial-General: A Marinha foi pioneira ao promover a Contra-Almirante Dalva Maria Carvalho Mendes, em 2012, tornando-se a primeira mulher a alcançar o posto de oficial-general nas Forças Armadas. Em 2018, a Capitão de Mar e Guerra Luciana Mascarenhas da Costa Marroni tornou-se a segunda mulher a alcançar esse posto.

  • Abertura das Academias Militares: Em 2017, a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) formou sua primeira turma mista, possibilitando o ingresso de mulheres no curso de formação de oficiais do Exército. Em 2019, a Escola Naval e o Corpo de Fuzileiros Navais também passaram a aceitar mulheres em suas turmas.

  • Atuação no Front: Mulheres das Forças Armadas desempenham papéis fundamentais em missões de paz da ONU, em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e no combate ao crime organizado.

Foto: Ricardo Almeida/SESP-PR

Nas Forças de Segurança Pública, o avanço da presença feminina também é marcante:

  • Primeira Delegada-Geral da Polícia Civil: Em 2018, a delegada Nadine Anflor tornou-se a primeira mulher a assumir o cargo de Chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, abrindo caminho para mais lideranças femininas na segurança pública.

  • Mulheres na Polícia Militar: Em diversos estados brasileiros, mulheres policiais militares já ocupam cargos de comando e chefia, liderando batalhões e coordenando operações estratégicas.

  • Aprovação da Lei Maria da Penha: A atuação de mulheres nas forças de segurança tem sido essencial na implementação de políticas públicas de proteção às mulheres, como a criação de Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAMs) e de patrulhas especializadas, como a Patrulha Maria da Penha.

Os Desafios Ainda Presentes

Apesar dos avanços, a presença feminina nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança ainda enfrenta desafios estruturais:

  • Cultura Institucional e Resistência: Embora as mulheres tenham provado sua competência, ainda há resistências culturais dentro de instituições historicamente masculinas. Em algumas áreas, as mulheres não têm acesso a todas as funções operacionais ou enfrentam limitações para ascensão na carreira.

  • Desafios Físicos e Logísticos: Algumas unidades militares ainda não possuem infraestrutura adequada para receber mulheres, desde alojamentos até equipamentos projetados para o corpo feminino.

  • Disparidade Numérica: Apesar do crescimento, as mulheres ainda representam uma minoria dentro das Forças Armadas e das Forças de Segurança. Por exemplo, na Marinha do Brasil, as mulheres ainda não ultrapassam 10% do efetivo total, embora sua presença esteja aumentando.

  • Casos de Assédio e Discriminação: A luta contra assédio moral e sexual ainda é uma pauta urgente. Relatos de desigualdade de tratamento e condições mais rígidas para mulheres são desafios a serem superados.

O Futuro da Mulher nas Forças Armadas e de Segurança

Apesar dos desafios, o futuro da mulher nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança é promissor. Algumas medidas podem contribuir para ampliar e fortalecer essa participação:

  • Expansão das oportunidades: As mulheres devem continuar conquistando espaço em áreas operacionais, estratégicas e de comando. Para isso, é necessário que os editais de concursos militares e policiais ampliem as vagas femininas e garantam igualdade de oportunidades.

  • Políticas institucionais de valorização: A criação de programas de mentoria, capacitação e incentivo à ascensão feminina nas carreiras militares e de segurança é essencial para fortalecer sua presença.

  • Combate ao assédio e discriminação: Medidas mais rígidas para a prevenção e punição do assédio moral e sexual dentro das corporações são fundamentais para garantir um ambiente seguro para as mulheres.

  • Maior representatividade: A nomeação de mais mulheres para cargos de liderança dentro das Forças Armadas e das Forças de Segurança contribuirá para consolidar a igualdade de gênero dentro dessas instituições.

As mulheres têm conquistado espaço e respeito nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança no Brasil. Desde a participação voluntária em guerras passadas até a atuação como oficiais generais e comandantes de unidades, sua presença tem sido fundamental para a defesa e segurança do país.

No entanto, a caminhada ainda não está completa. O reconhecimento pleno da mulher no meio militar e policial exige mudanças estruturais e culturais, além da implementação de políticas que garantam igualdade de oportunidades e segurança para todas as profissionais.

Neste Dia Internacional das Mulheres, celebrar as conquistas femininas nas Forças Armadas e na Segurança Pública é também reforçar o compromisso com a continuidade da luta por respeito, reconhecimento e valorização. Afinal, a defesa do Brasil e da sociedade não tem gênero – tem coragem, dedicação e competência.

Participe no dia a dia do Defesa em Foco

Dê sugestões de matérias ou nos comunique de erros: WhatsApp 21 99459-4395

Apoio

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor insira seu comentário!
Digite seu nome aqui