Morte de corais ameaça biodiversidade, pesca e turismo no Nordeste

Foto: Ufal
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O que antes era um dos maiores berçários de vida marinha do Brasil agora se transforma em um cenário preocupante. Na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, entre Alagoas e Pernambuco, pesquisadores identificaram a morte de cerca de 80% dos corais nos recifes rasos. O fenômeno, impulsionado pelo aquecimento dos oceanos, poluição e turismo desordenado, ameaça não apenas a biodiversidade marinha, mas também setores essenciais da economia local, como a pesca artesanal e o turismo, que dependem diretamente dos recifes para sua sobrevivência.

O impacto ambiental da morte dos corais

Foto: Ufal

Os corais desempenham um papel crucial na manutenção da vida marinha, funcionando como habitat para diversas espécies de peixes e invertebrados. No entanto, o branqueamento, causado principalmente pelo aumento da temperatura dos oceanos, enfraquece os corais e os torna mais vulneráveis a doenças e à degradação. Sem a proteção dos recifes, muitas espécies perdem seus locais de reprodução e abrigo, reduzindo drasticamente a biodiversidade na região.

Além das mudanças climáticas, fatores como poluição e atividades humanas irresponsáveis intensificam o problema. A presença de resíduos químicos, incluindo protetores solares e poluentes industriais, afeta diretamente a saúde dos recifes. O turismo desordenado, com embarcações e visitantes pisoteando corais, também acelera a destruição desses ecossistemas sensíveis.

Consequências para a pesca e o turismo local

A destruição dos corais tem reflexos diretos na economia da região. A pesca artesanal, uma das principais atividades de subsistência dos ribeirinhos, depende de recifes saudáveis para garantir a reprodução de diversas espécies marinhas. Com a degradação dos corais, os estoques de peixes diminuem, impactando diretamente a renda dos pescadores locais.

Para os jangadeiros e guias turísticos, a crise ambiental também representa um risco iminente. Locais famosos como as piscinas naturais de Maragogi e Maceió atraem milhares de visitantes todos os anos, mas o desaparecimento dos corais pode comprometer o apelo turístico dessas regiões. Segundo pesquisadores, a alteração da paisagem subaquática pode levar à redução do número de turistas, afetando hotéis, restaurantes e trabalhadores que dependem da atividade turística para sobreviver.

O jangadeiro José do Carmo, que há 40 anos navega pelas águas cristalinas da APA Costa dos Corais, lamenta as mudanças que tem testemunhado. “Antes, os recifes eram coloridos, cheios de vida. Agora, estão brancos, morrendo. Me pergunto o que meus netos vão ver no futuro”, relata.

Medidas urgentes para preservação e recuperação dos corais

Diante desse cenário alarmante, pesquisadores e ambientalistas reforçam a necessidade de ações imediatas para mitigar os danos e iniciar um processo de recuperação dos recifes. O monitoramento ambiental contínuo é essencial para mapear as áreas mais afetadas e desenvolver estratégias de conservação.

Faz-se necessário que haja políticas públicas, programas de governo e regulamentação técnica em todos os segmentos de competência federal, estadual e municipal, bem como sinergia entre os setores públicos, privados e a comunidade acadêmica, de forma a executar um monitoramento constante dos corais brasileiros.

Entre as soluções apontadas, está o investimento em turismo sustentável, com regras mais rígidas para a visitação às áreas recifais, limite de embarcações e fiscalização eficiente para evitar danos aos corais. Projetos de recuperação recifal, como o cultivo e transplantio de corais saudáveis, também são estratégias que podem auxiliar na restauração desses ecossistemas.

Além disso, especialistas destacam que medidas globais são fundamentais para frear o aquecimento dos oceanos. A redução da emissão de gases do efeito estufa e o combate ao desmatamento são ações essenciais para minimizar os impactos das mudanças climáticas nos recifes de corais.

Por fim, é importante destacar que o turismo sustentável é umas dos pilares da Economia Azul, que é a Economia do Mar realizada de forma sustentável, ou seja, a exploração econômica não deve preterir a preservação ambiental.

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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