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Em meio a ondas de até quatro metros e ventos cortantes de 74 km/h, militares da Marinha do Brasil encararam o desafio de treinar com a Guarda Costeira dos Estados Unidos em um dos cenários mais extremos da costa americana. O curso em “Operações de Busca e Salvamento” (SAR) visa preparar as futuras tripulações das novas lanchas LSAR, que chegam ao Brasil em novembro, prometendo revolucionar a resposta emergencial no mar.
Capacitação e Tecnologia das Lanchas LSAR
Entre os dias 10 e 21 de março, três militares da Marinha do Brasil participaram do curso especializado em “Operações de Busca e Salvamento” (SAR) na renomada National Motor Lifeboat School, em Ilwaco, no estado de Washington (EUA). A instituição é referência mundial no treinamento de tripulações que operam embarcações em mares extremamente adversos. Durante o curso, os militares brasileiros realizaram missões de resgate simuladas em meio a fortes tempestades e ondas que desafiaram não apenas a técnica, mas também o preparo físico e psicológico da tripulação.
As Lanchas de Busca e Salvamento (LSAR) são embarcações modelo DAMEN 1605 SAR, com 16 metros de comprimento, projetadas para operar em condições extremas com eficiência e agilidade. Possuem capacidade para seis tripulantes e até 20 náufragos, resistem a ventos de até 40 nós (74 km/h) e enfrentam ondas de quatro metros. Com alcance operacional de 200 milhas náuticas (aproximadamente 370 km) e autonomia de três dias, essas lanchas ainda contam com tecnologia de autoendireitamento, permitindo o retorno automático à posição normal após um possível emborcamento.
A experiência adquirida nos EUA será fundamental para a padronização dos cursos de busca e salvamento da Marinha do Brasil, especialmente no Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão (CAAML). O Capitão-Tenente Leonardo Gama Macedo, que participou da missão e será movimentado para o CAAML, será responsável por adaptar os treinamentos nacionais aos padrões internacionais, garantindo a efetiva incorporação das novas embarcações à rotina operacional da Força Naval.
Impacto humano e institucional da nova doutrina SAR
O ambiente do treinamento exigiu mais do que domínio técnico. Enfrentar sensações térmicas próximas de 0 ºC, chuvas diárias e mar revolto fez com que os militares desenvolvessem resiliência emocional e confiança operacional. Segundo o Capitão-Tenente Leonardo, “ter operado com a Guarda Costeira dos EUA nos deu a certeza de que somos capazes de enfrentar qualquer situação no Brasil, pois vimos que é possível realizar um resgate mesmo nas piores condições”.
A participação no curso também representa um reconhecimento ao profissionalismo dos militares brasileiros. O intercâmbio com a Guarda Costeira dos EUA, além de fortalecer laços institucionais, eleva o patamar da formação naval brasileira. Trata-se de um processo que valoriza a tropa, amplia horizontes e projeta a Marinha do Brasil no cenário internacional de operações SAR.
Com a chegada das novas LSAR, a Marinha passa a oferecer uma resposta mais ágil e eficaz em casos de emergência marítima, contribuindo diretamente para a preservação da vida humana no mar. O SALVAMAR, serviço de Busca e Salvamento da Marinha, poderá acionar essas lanchas em questão de minutos, reduzindo o tempo de resposta e aumentando as chances de sucesso nas missões de resgate.
A evolução do resgate marítimo na Marinha do Brasil
Historicamente, as missões de resgate no mar brasileiro têm sido realizadas por navios de médio e grande porte, com altos custos de manutenção, pessoal e logística. Isso, muitas vezes, limita a rapidez da resposta a emergências. Com as LSAR, a Marinha introduz um novo conceito de atuação, com embarcações mais leves, rápidas e especializadas em socorro imediato.
A parceria com a Guarda Costeira dos Estados Unidos marca uma nova etapa da cooperação internacional em Defesa, especialmente no campo da segurança marítima. O compartilhamento de conhecimentos, técnicas e experiências entre as duas instituições fortalece a doutrina brasileira e estimula o desenvolvimento de soluções mais eficazes para o contexto nacional.
Com a incorporação das LSAR, a Marinha abre espaço para uma revisão estratégica da cobertura SAR no país, com a possibilidade de ampliar a frota de embarcações leves e implementar novas tecnologias de localização e resposta. A tendência é de que o SALVAMAR ganhe ainda mais protagonismo, posicionando o Brasil como referência regional em segurança da navegação.
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