Marinha promove post mortem médica Gisele Mendes a Contra-Almirante

A Marinha do Brasil prestou uma homenagem histórica à médica Gisele Mendes de Souza e Mello, promovendo-a post mortem ao posto de Contra-Almirante. A decisão, tomada no dia 26 de fevereiro de 2025, é um reconhecimento pelo seu compromisso inabalável com a medicina militar e sua atuação em funções estratégicas dentro da Força. Gisele Mendes, que faleceu tragicamente no final de 2024, tornou-se um exemplo de liderança, dedicação e amor à profissão, sendo a primeira médica a receber essa honraria post mortem na história da Força Naval.

O Reconhecimento e a Promoção Inédita

A promoção de Gisele Mendes de Souza e Mello ao posto de Contra-Almirante (Médica) foi aprovada durante a reunião do Almirantado, órgão máximo da Marinha responsável pelas decisões estratégicas da Força. O reconhecimento póstumo é uma forma de enaltecer sua trajetória exemplar e sua contribuição para a saúde militar ao longo de quase 30 anos de serviço.

A notícia da promoção emocionou profundamente sua família. Seu viúvo, o engenheiro Eduardo Francisco de Souza e Mello, expressou o misto de sentimentos ao saber da honraria concedida à esposa. “Sentimos um imenso orgulho e alegria pelo reconhecimento de sua dedicação inabalável à Marinha e à medicina. Ao mesmo tempo, é doloroso saber que não podemos compartilhar essa conquista com ela”, declarou. Seus filhos, Carlos Eduardo (30 anos) e Daniel Mello (22 anos), também destacaram a importância da mãe como exemplo de força e profissionalismo.

A Trajetória e as Conquistas na Marinha

Formada em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) em 1993, Gisele ingressou na Marinha do Brasil em 1995 e se especializou em geriatria, área na qual se tornou referência dentro da Força. Sua atuação destacou-se não apenas pelo conhecimento técnico, mas também pelo cuidado e dedicação com seus pacientes e subordinados.

Dentre suas funções mais marcantes, Gisele Mendes atuou como Superintendente de Saúde do Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD), onde desempenhou um papel essencial na modernização e ampliação dos serviços médicos oferecidos aos militares e seus familiares. Além disso, teve uma atuação decisiva durante a pandemia de Covid-19, quando esteve à frente da reestruturação e gestão do Hospital Naval de Brasília (HNBra). Sua liderança em um momento tão crítico reforçou seu compromisso com a missão de salvar vidas.

Ao longo da carreira, também esteve à frente de iniciativas inovadoras na Marinha, como:

• Pioneirismo na geriatria do HNMD, promovendo o atendimento especializado para militares idosos.
• Participação na implementação do Serviço Integrado de Atendimento Domiciliar (SIAD), facilitando o acompanhamento médico de pacientes da Força.
• Criação do Núcleo de Atendimento ao Idoso na Marinha (NAIM), fortalecendo as políticas de assistência à saúde para veteranos.

Sua dedicação e excelência profissional foram reconhecidas tanto por seus superiores quanto por seus colegas e subordinados, que sempre destacaram seu espírito de liderança, humildade e compromisso com o serviço.

Família, Vida Pessoal e o Impacto de sua Perda

Apesar da intensa rotina profissional, Gisele Mendes sempre foi uma mãe e esposa dedicada. Seu marido, Eduardo, relembra que, mesmo com as exigências do serviço militar, ela sempre buscou equilibrar a vida familiar com o trabalho. “Com minha carreira exigindo constantes viagens, foi ela quem garantiu a base sólida da nossa família”, afirmou.

Durante sua passagem por Brasília, quando assumiu a direção do hospital naval da cidade, os papéis se inverteram, e Eduardo assumiu um papel de maior suporte na família. “Foi minha vez de apoiá-la. Mesmo com uma rotina intensa, vivemos momentos preciosos juntos”, disse, recordando os jantares em família e os passeios nos finais de semana.

Gisele também tinha um sonho: após sua aposentadoria, planejava se dedicar ainda mais à geriatria e abrir uma clínica especializada para oferecer atendimento humanizado e de qualidade aos idosos. Além disso, nutria o desejo de participar de missões humanitárias, levando sua expertise médica para ajudar populações vulneráveis ao redor do mundo.

Sua trágica partida interrompeu esses planos, mas seu legado permanece vivo, não apenas na Marinha, mas também entre aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-la e aprender com seu exemplo. Como destacou seu esposo, “se estivesse aqui, Gisele estaria imensamente feliz com a promoção das três colegas que também foram elevadas ao posto de Contra-Almirante. Ela sempre acreditou na valorização das mulheres na Força e lutou por isso”.

Legado de Inspiração e Dedicação

A promoção post mortem de Gisele Mendes a Contra-Almirante não apenas reconhece sua trajetória exemplar, mas também reforça o compromisso da Marinha do Brasil em valorizar aqueles que dedicaram suas vidas ao serviço da Pátria. Sua história inspira as novas gerações de militares, especialmente as mulheres que seguem conquistando espaços na Força.

A homenagem reforça o impacto duradouro de sua atuação e garante que seu nome permanecerá na história da Marinha do Brasil, como símbolo de profissionalismo, dedicação e amor ao próximo.