Com uma trajetória de quase quatro décadas na área nuclear, o Capitão de Mar e Guerra Leonam dos Santos Guimarães, atual Coordenador do Comitê de Ciência e Tecnologia da AMAZUL, destaca a importância estratégica do Programa Nuclear da Marinha para a segurança e a soberania do Brasil. Em entrevista recente, Guimarães abordou a evolução dos projetos nucleares no país e o papel pioneiro da Marinha nesse avanço.
A Evolução do Programa Nuclear da Marinha
O Programa Nuclear Brasileiro tem raízes profundas no trabalho do Almirante Álvaro Alberto, considerado um dos precursores da energia nuclear no país. Durante o pós-guerra, Álvaro Alberto representou o Brasil na ONU e defendeu o uso pacífico da energia nuclear, além de criar o CNPq para impulsionar a ciência e a tecnologia no país. Na década de 1970, com a entrada do Almirante Othon Pinheiro, o programa deu um grande salto. Foi sob sua liderança que o Brasil iniciou o desenvolvimento das tecnologias de enriquecimento de urânio, uma etapa essencial para a independência energética.
A Marinha também lançou projetos de grande relevância, como o desenvolvimento de submarinos de propulsão nuclear, com destaque para o Submarino Álvaro Alberto, que será o primeiro com essa tecnologia no país. O domínio da tecnologia nuclear garante que o Brasil atue com soberania e segurança no Atlântico Sul, uma região estratégica tanto para defesa quanto para a exploração de recursos naturais.
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Importância Estratégica do Programa para o Brasil
A independência tecnológica alcançada pela Marinha, principalmente no ciclo completo do combustível nuclear, posiciona o Brasil entre as poucas nações que dominam essa capacidade. Guimarães enfatizou que essa autonomia não apenas assegura o uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos, mas também fortalece a capacidade do país de defender seus interesses no Atlântico Sul. Esse domínio é fundamental em um cenário onde o Brasil se destaca como um ator estratégico, garantindo a soberania e a proteção de suas águas jurisdicionais.
A parceria com a França no âmbito do PROSUB (Programa de Desenvolvimento de Submarinos) reforça o desenvolvimento de tecnologias e a construção de submarinos convencionais e nucleares. Esse projeto inclui o Álvaro Alberto, que aumentará a capacidade de dissuasão do Brasil, consolidando a posição do país entre as potências emergentes que utilizam energia nuclear de maneira autossuficiente e com fins estratégicos.
Impactos do Programa Nuclear no Setor Tecnológico Brasileiro
Além de seus benefícios para a defesa, o Programa Nuclear da Marinha gera avanços importantes para a ciência e a tecnologia no Brasil. O conhecimento adquirido se expande para outros setores, estimulando a inovação em engenharia, química e física. Por meio da formação de especialistas e da transferência de conhecimento, a Marinha contribui para a criação de empregos qualificados e para o avanço da indústria nuclear.
Para Guimarães, o futuro da energia nuclear no Brasil depende de investimentos contínuos e do crescimento do setor civil. Ele destacou que a energia nuclear é fundamental para a descarbonização e para a segurança energética a longo prazo. Para o Brasil, aproveitar suas reservas de urânio e seu domínio do ciclo de combustível nuclear representa uma oportunidade única de liderança no setor energético global, destacando a importância do Programa Nuclear Brasileiro para a segurança, a sustentabilidade e o desenvolvimento nacional.
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