Foto: Agência Marinha

A Marinha do Brasil (MB) e a SPE Águas Azuis – Sociedade de Propósito Específico composta pela thyssenkrupp Marine Systems, Embraer Defesa e Segurança  e Atech – apresentaram, de forma inédita, no dia 21 de junho, na thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul (tkEBS) em Itajaí-SC, a seção de uma das praças de máquinas da futura Fragata Classe Tamandaré. Este modelo de verificação (Mockup) reproduz em dimensões reais a referida estrutura do navio para ser qualificada pela Sociedade Classificadora e pelas normas e requisitos contratuais aplicáveis, e assim dar início à fabricação da embarcação ainda este ano.

Mais moderno e inovador projeto naval já desenvolvido no País, o Programa Fragatas Classe Tamandaré (PFCT), conduzido desde 2017 pela Marinha do Brasil, executado pela Águas Azuis e gerenciado pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON), prevê a construção, em território nacional, de quatro navios de alta complexidade tecnológica.

As FCT serão escoltas versáteis e modernas, dotadas de elevadas capacidades de mobilidade, permanência, comunicações, combate, vigilância e reação e, portanto, capazes de um amplo espectro de emprego e de proteção da área marítima pertencente ao Brasil. Suas características possibilitarão o incremento nas operações de busca e salvamento; permitirão monitorar e combater ações de poluição, pirataria, pesca ilegal, dentre outras ameaças, incrementando a segurança marítima na Amazônia Azul. Com esses navios, a MB estará melhor capacitada para atender aos eventuais compromissos internacionais assumidos pela política exterior de forma compatível com a estatura e inserção do Brasil no cenário internacional.

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A obtenção desses navios faz parte dos objetivos de modernização da Força Naval, mais especificamente da construção do Núcleo do Poder Naval, que visa a renovação da esquadra brasileira. Além de representar um esforço conjunto para o desenvolvimento da base industrial de defesa, capacitando e aprimorando a mão de obra da construção naval, e fomentando a Indústria Nacional de Defesa.

O contrato de construção foi assinado em 5 de março de 2020, entre a EMGEPRON, empresa estatal independente, vinculada ao Ministério da Defesa por intermédio do Comando da Marinha, e a Sociedade de Propósito Específico Águas Azuis.

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Foto: Agência Marinha

Dimensões do navio e benefícios esperados

As fragatas contam com características tais como deslocamento de 3.380 t, comprimento de 107 m, largura máxima de 16 m, autonomia de 5.000 MN (9.260 km) à velocidade de cruzeiro, velocidade máxima de 25,5 nós (47,2 km/h)  e uma tripulação total de cerca de 130 militares.

O Programa Fragatas Classe “Tamandaré” prevê a transferência de tecnologia e a capacitação de empresas e da Marinha do Brasil (MB). Trata-se de tecnologia dominada por poucos países e cuja incorporação ao espectro tecnológico nacional representa um passo, não só na garantia de independência na manutenção adaptativa e evolutiva dos atuais e futuros meios navais, mas também importantes reflexos duais em aplicações na indústria nacional.

Desenvolvido com base em um sólido modelo de parceria nacional, o PFCT tem potencial de gerar empregos diretos e indiretos de alta qualificação no Brasil a partir da transferência de tecnologia e de taxas de conteúdo local acima de 30%, para o primeiro navio, e de 40% para os demais embarcações. Está prevista a contratação de cerca de 2.000 trabalhadores diretos, que receberão capacitação em projeto e construção de navios de guerra de elevada complexidade tecnológica, além da geração de outros cerca de 6.000 empregos indiretos.

Do ponto de vista de construção, a incorporação das modernas técnicas de planejamento e conceitos de construção naval, aplicadas no projeto da consagrada classe MEKO de navios de guerra, de propriedade da thyssenkrupp Marine Systems (tkMS), e sua absorção e incorporação por um estaleiro em território nacional, com emprego de mão de obra nacional e reflexos na manutenção da indústria marítima nacional, representam uma forte contribuição de inovação e manutenção da tecnologia de construção naval no País.

Sociedade de Propósito Específico “Águas Azuis”

As empresas integrantes da Águas Azuis possuem um sólido e longo histórico de relacionamento com o Brasil, além de forte presença em vários outros países. A thyssenkrupp Marine Systems está fornecendo a tecnologia naval de sua comprovada plataforma de construção de navios de defesa da Classe MEKO®, já utilizada em 82 embarcações em operação em Marinhas de 15 países, entre eles Portugal, Grécia, Austrália, Argentina e Argélia.

A Embraer Defesa e Segurança é responsável por integrar alguns sensores e armamentos ao sistema de combate, incorporando ao Programa seus mais de 50 anos de experiência em soluções de tecnologia de sistemas e suporte em serviço. Já a Atech, empresa do Grupo Embraer, especializada em engenharia e integração de sistemas, é responsável pelo desenvolvimento do Sistema de Gerenciamento de Combate (CMS), do Enlace de Dados Tático e pelas  atividades de Integração e Testes do sistema de combate, em parceria com a ATLAS ELEKTRONIK, subsidiária da thyssenkrupp Marine Systems, e também do Sistema Integrado de Gerenciamento da Plataforma (IPMS), em parceria com a L3Harris. A Atech participa, em conjunto com a Marinha do Brasil, do processo de Transferência de Tecnologia destes Sistemas, atividade de grande importância que permitirá dispor dos conhecimentos e ferramentas para operar e manter os sistemas do navio no futuro.

A aliança naval entre a thyssenkrupp Marine Systems e a Embraer Defesa & Segurança também permitirá criar bases para a exportação de produtos de defesa naval a partir do Brasil.

Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).