Marinha do Brasil é alvo de ataque cibernético nesta terça

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Na manhã desta terça-feira (25), quem tentou acessar o site oficial da Marinha do Brasil deparou-se com uma tela em branco. Fora do ar, o portal se tornou mais um alvo da sequência de ataques cibernéticos atribuídos ao hacker conhecido como Azael. A ofensiva virtual, que já teria atingido a FAB, a Petrobras e até o STJ, reacende o alerta sobre a vulnerabilidade de sistemas estratégicos do país — e a urgência de reforçar as defesas digitais do setor público.

Invasão declarada: Azael amplia alvos e desafia o Estado

A alegação do ataque foi feita em fóruns online e redes sociais por um hacker que se identifica como Azael, o mesmo que, segundo suas próprias declarações, já teria derrubado os sistemas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Força Aérea Brasileira (FAB), do Aeroporto de Guarulhos, da Petrobras, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), da USP e do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A autoria ainda não foi confirmada oficialmente pelos órgãos de segurança digital do governo, mas os relatos coincidem com instabilidades registradas nas plataformas afetadas. No caso da USP, a instituição afirmou que se tratava de uma modernização nos sistemas, mas reconheceu que acionou a Polícia Federal diante das suspeitas.

O site da Marinha, principal canal institucional da Força Naval, está fora do ar por tempo indeterminado, impactando o acesso a serviços públicos, publicações oficiais, informações operacionais e conteúdo de transparência. Ainda não se sabe se houve vazamento de dados ou comprometimento de sistemas internos, mas o ataque revela um padrão de ações dirigidas contra infraestruturas críticas do Estado brasileiro.

Impacto institucional e reação das autoridades

Até o momento, não houve pronunciamento oficial do Comando da Marinha ou do Ministério da Defesa. Segundo fontes extraoficiais ligadas à área de segurança cibernética, o Centro de Defesa Cibernética do Exército (CDCiber) e a Polícia Federal já acompanham o caso e trabalham para rastrear a origem dos acessos e possíveis brechas exploradas.

Nos bastidores, o temor é que os ataques revelem falhas sistêmicas na segurança digital de órgãos públicos, incluindo setores ligados à Defesa, Justiça e infraestrutura crítica. A derrubada de sites institucionais, além do prejuízo imediato à comunicação e à imagem, representa riscos de escala, já que podem servir de porta de entrada para redes internas.

A preocupação é ainda maior por envolver instituições com dados sensíveis, como a Marinha, a Força Aérea e o Poder Judiciário. Um ataque coordenado e bem-sucedido a esses sistemas poderia comprometer processos judiciais, operações militares ou o funcionamento de serviços públicos essenciais.

Ciberataques e a urgência de uma defesa digital estratégica

O caso reabre um debate que já se arrasta há anos dentro do governo: o baixo investimento em cibersegurança e a falta de um sistema unificado de resposta rápida a incidentes digitais. A maior parte das estruturas digitais do Estado está distribuída entre ministérios, tribunais, universidades e empresas públicas — sem padrão de proteção ou integração entre sistemas.

Especialistas em defesa digital alertam que o Brasil ainda não trata o ciberespaço como um domínio estratégico, como fazem países como Estados Unidos, China, Israel e Rússia, onde a guerra cibernética é reconhecida como um campo autônomo de atuação militar e de dissuasão.

Ataques como o de hoje expõem fragilidades que não são apenas técnicas, mas estruturais: servidores antigos, equipes de TI reduzidas, dependência de soluções terceirizadas e, principalmente, a ausência de uma política nacional de segurança cibernética com caráter vinculante e permanente.

Ameaça invisível, danos reais

A ofensiva de Azael, que se apresenta como um “invasor solitário”, pode ser apenas a face mais visível de uma nova fase dos conflitos assimétricos no ambiente digital. Em um cenário de instabilidade global e avanço de tecnologias disruptivas, a capacidade de proteger os próprios dados e sistemas é parte da soberania de qualquer país.

Se confirmadas as ações contra a Marinha, FAB, STJ, CNJ e Petrobras, o Brasil estará diante de uma das maiores ondas de ataques cibernéticos da sua história recente — com repercussões que vão além da interrupção de serviços e tocam diretamente na segurança nacional.

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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