Marinha coordena com Ministérios ações para a transição energética marítima

Foto: Cabalini
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A Marinha do Brasil, em parceria com representantes de 13 Ministérios e dois órgãos reguladores, realizou na última terça-feira (11) a primeira reunião ordinária de 2025 da Comissão Coordenadora para os Assuntos da Organização Marítima Internacional (CCA-IMO). O encontro, ocorrido no Estado-Maior da Armada (EMA), teve como foco as estratégias do Brasil para a transição energética no setor marítimo, com destaque para a redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e o uso de combustíveis sustentáveis. As definições tomadas no âmbito da IMO terão impacto direto sobre a economia, a segurança marítima e o comércio exterior brasileiro.

O papel da Marinha e da CCA-IMO na transição energética marítima

A CCA-IMO é um órgão de assessoramento coordenado pela Marinha do Brasil, responsável por formular e defender as posições do país na Organização Marítima Internacional (IMO), garantindo que os interesses nacionais sejam representados nas discussões globais sobre segurança da navegação, proteção ambiental e regulamentações do setor marítimo.

A reunião foi presidida pelo Contra-Almirante Washington Luiz de Paula Santos, Subchefe de Assuntos Marítimos do Estado-Maior da Armada (EMA), e contou com a participação de 13 Ministérios, entre eles o Ministério da Defesa (MD), Ministério da Fazenda (MF), Ministério de Minas e Energia (MME) e Ministério do Meio Ambiente (MMA), além de órgãos convidados como a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Dentre os principais temas abordados, destacaram-se:

  • A precificação das emissões de GEE no transporte marítimo e seu impacto no comércio internacional;
  • O uso de combustíveis alternativos (biocombustíveis, metanol, hidrogênio e amônia) para reduzir a pegada de carbono do setor;
  • O papel da IMO na regulamentação da transição energética global e os impactos para países exportadores como o Brasil.

A coordenação entre a Marinha e os Ministérios é essencial para que o Brasil participe ativamente das decisões da IMO, garantindo um modelo de transição energética que não comprometa a competitividade do setor marítimo nacional.

A posição do Brasil na IMO e o impacto no comércio e na economia

A IMO estabeleceu como meta alcançar o “zero líquido” de emissões de carbono no setor marítimo até 2050, com reduções intermediárias de 30% até 2030 e 70% até 2040. Para isso, estão sendo discutidas medidas técnicas e econômicas, incluindo:

  • O uso de combustíveis sustentáveis para substituir os combustíveis fósseis tradicionais;
  • A precificação das emissões de carbono, com possível aplicação de taxas sobre navios poluentes.

O Brasil se opõe à taxação fixa das emissões de GEE, argumentando que esse modelo penaliza países com linhas de comércio marítimo mais longas, como os sul-americanos, que dependem de grandes distâncias para exportação de commodities e produtos industrializados.

Além disso, especialistas alertam que uma tributação inflexível pode gerar impactos negativos na economia global, afetando o custo dos alimentos, insumos industriais e transporte marítimo. Por isso, o Brasil defende um modelo de transição energética mais flexível, que leve em consideração as particularidades de cada país.

Uma das soluções propostas pelo Brasil é o uso de biocombustíveis no setor marítimo, uma alternativa que reduz as emissões de carbono sem gerar custos excessivos para o comércio exterior. O país argumenta que os biocombustíveis já são amplamente utilizados na matriz energética nacional e podem ser escalados para atender à demanda do transporte marítimo global.

O potencial brasileiro na produção de biocombustíveis e combustíveis sustentáveis

O Brasil possui vantagens estratégicas na produção de combustíveis renováveis que podem impulsionar a transição energética no setor marítimo. Entre os principais diferenciais do país, destacam-se:

  • Grande disponibilidade de terras agricultáveis para produção sustentável de biocombustíveis, sem comprometer a produção de alimentos;
  • Experiência consolidada na produção de etanol e biodiesel, com tecnologia de ponta e alta eficiência energética;
  • Avanços no desenvolvimento de novas fontes de energia sustentável, como biogás e hidrogênio verde.

Além disso, o Brasil já possui uma matriz energética predominantemente renovável, com mais de 80% da eletricidade proveniente de fontes limpas, o que fortalece ainda mais sua posição como fornecedor estratégico de combustíveis sustentáveis para o transporte marítimo global.

A adoção de biocombustíveis como principal alternativa energética para o setor pode trazer benefícios como:

  • Redução imediata das emissões de carbono, sem necessidade de grandes mudanças na frota de navios;
  • Menor impacto nos custos de transporte e na competitividade do comércio exterior;
  • Maior segurança energética, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis importados.

Com uma abordagem estratégica e coordenada, o Brasil pode se consolidar como líder na transição energética do setor marítimo, garantindo não apenas o cumprimento das metas ambientais, mas também a manutenção da competitividade da economia nacional.

A CCA-IMO continuará monitorando as decisões da IMO nos próximos meses e reforçará a defesa dos interesses brasileiros nas negociações internacionais.

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Marcelo Barros, com informações e imagens da Agência Marinha
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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