Marinha capacita 60 jornalistas para cobertura em áreas de combate

Na Ilha do Governador, entre embarques táticos, simulações de patrulha urbana e oficinas com o Corpo de Bombeiros e o BOPE, profissionais da imprensa brasileira e internacional enfrentaram o inesperado: vivenciaram, na pele, a rotina de quem atua em zonas de conflito. Foi o que ofereceu a Marinha do Brasil no II Curso de Cobertura Jornalística em Áreas de Combate e Emergências (II CCJACE).

Estrutura e parcerias do II CCJACE: o esforço conjunto das Forças Armadas e Auxiliares

Realizado no Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval (COpPazNav), o II CCJACE reuniu 60 jornalistas de 50 veículos nacionais e internacionais, além de estudantes de comunicação de sete universidades brasileiras. A Marinha do Brasil liderou a iniciativa, que contou com parcerias inéditas com a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ). Também teve apoio da Condor Tecnologias Não Letais, referência em armamentos de contenção.

O curso, com cinco dias de duração, foi estruturado com uma série de palestras técnicas, vivências operacionais e exercícios práticos, integrando conhecimentos essenciais para cobertura de missões de paz, áreas de conflito e cenários de emergência. Desde sua criação, o COpPazNav se destaca por sua preparação voltada a contextos da ONU e pela capacidade de formar civis e militares em doutrinas humanitárias e operacionais.

Vivências práticas e imersão tática: o cotidiano de guerra simulado no curso

A programação do curso foi intensa e imersiva. Os alunos participaram de patrulha urbana simulada com o BOPE, com incursão na comunidade Tavares Bastos, e de instruções na Cidade do Fogo, onde realizaram atividades de combate a incêndio, primeiros socorros e ações em baixa visibilidade com o CBMERJ.

Na parte naval, jornalistas embarcaram em Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf) e realizaram uma travessia inédita no Navio Doca Multipropósito (NDM) “Bahia”, o segundo maior navio da Esquadra brasileira. A bordo, conheceram as capacidades estratégicas da Marinha em operações humanitárias, aéreas e anfíbias. No quarto dia, participaram de uma simulação completa na Pista de Conduta em Área Urbana (PCAU), onde puderam vivenciar operações de desativação de explosivos, controle de distúrbios e incursão em áreas dominadas por grupos armados, em conjunto com o Batalhão Humaitá e especialistas em defesa NBQR.

Impacto para os jornalistas e projeção internacional da Marinha

Com participantes vindos de 16 estados e do Distrito Federal, o curso também atraiu a atenção de 12 veículos de imprensa internacionais, como The New York Times, Reuters, Bloomberg, France 24, Xinhua, Associated Press e TV NHK Japan. O prestígio da iniciativa foi reforçado pela presença do Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, e do Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, que conversaram diretamente com os alunos.

Na palestra de encerramento, o jornalista Marcos Uchôa compartilhou suas experiências em zonas de guerra e destacou a imagem positiva das Forças Armadas brasileiras no exterior, especialmente por sua atuação em missões de paz.

Os depoimentos dos alunos confirmaram o impacto transformador do curso: “Aprendi coisas que levarei para a vida inteira. Saio daqui com mais empatia e mais preparo”, disse uma jornalista da Folha do Acre. “Foi uma das experiências mais significativas da minha carreira”, completou uma repórter de Mato Grosso.

Ao unir preparo técnico, visão humanitária e cooperação institucional, o II CCJACE reforça o papel da Marinha como ponte entre a Defesa Nacional e a liberdade de imprensa, formando profissionais mais preparados para cobrir o que acontece onde poucos têm coragem de ir.