Por Capitão-Tenente (RM2-T) Gisleine Assunção Alves – Manaus, AM

Em uma das operações mais singulares da Marinha do Brasil (MB), realizada no noroeste da Amazônia Ocidental, o Navio de Assistência Hospitalar (NAsH) Doutor Montenegro finalizou, ontem (10), a XXII  “Operação Acre”. Ao todo, foram quatro meses de operação e mais de 20 mil atendimentos médicos e odontológicos realizados em apoio às comunidades ribeirinhas e indígenas do Estado do Acre e do Amazonas.

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Navegando com uma tripulação de 85 militares e com o apoio de 29 técnicos de saúde, enfermeiros, médicos, dentistas e farmacêuticos destacados voluntariamente, o planejamento desta operação leva à risca as palavras do escritor Leandro Tocantins, quando retrata no seu livro “O Rio Comanda a Vida” a importância de respeitar o regime das águas nos rios Amazônicos. “A Operação Acre só pode ocorrer nos primeiros meses do ano, uma vez que o Rio Juruá e seus afluentes só permitem a navegabilidade dos nossos meios operativos neste período, contudo é necessário cautela, avaliar a meteorologia, a hidrografia, planejar cada trecho”, destaca o Comandante do 9º Distrito Naval, Vice-Almirante Ralph Dias da Silveira Costa, que já foi comandante do navio em 2001 e conhece, na prática, as especificidades da região acreana.

O navio suspendeu do cais da Estação Naval do Rio Negro, em Manaus (AM), no dia 11 de janeiro e atracou em Cruzeiro do Sul (AC) no dia 29. As ações de saúde foram realizadas com o apoio da Secretaria de Estado do Acre, Secretaria Municipal de Saúde e com o Distrito Sanitário Especial Indígena (Desei), uma vez que o “NAsH Dr. Montenegro” foi transferido por contrato de cessão do Governo do Acre para a Marinha do Brasil, em 24 de janeiro de 2002.

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Assim que atracou, o navio iniciou as atividades de Assistência Hospitalar (ASSHOP) com o chamado “Ciclo Completo”, que se inicia pela triagem médica/odontológica, realização de exames, vacinação e entrega da medicação. O navio tem aporte para realizar raio-X, cirurgias de pequeno porte, pré-natal, mamografia, ultrassom, hemograma, urinálise, testes rápidos de HIV, sífilis, malária e dengue. Os procedimentos são alinhados com as diretrizes do Ministério da Saúde, como por exemplo os Programas de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e do Planejamento Familiar.

Há seis anos, o NAsH “Dr. Montenegro” não chegava à cidade mais isolada da região – Marechal Thaumaturgo (AC), em razão do nível baixo dos rios. O município fica na milhagem 1.510, na fronteira com o Peru. “A nossa chegada até Marechal possibilita manter um registro  histórico, já que é uma navegação muito desafiadora em virtude da variação do Rio Juruá entre as cidades de Cruzeiro do Sul, Porto Walter e Marechal. Levar atendimento de saúde a uma população muito carente, em áreas isoladas, com acesso somente por embarcações de pequeno porte ou de helicóptero, é nosso principal objetivo”, enfatizou o Comandante do navio, Capitão de Corveta Raphael Siqueira.

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Além dos ribeirinhos, foram realizados atendimentos na Aldeia Ashaninka, localizada no município de Marechal Thaumaturgo (AC), na Aldeia Puyanawa do Barão e Ipiranga, pertencentes ao município de Mâncio Lima (AC), e na Aldeia Katukina, localizada no município de Cruzeiro do Sul (AC). Ao todo, 857 indígenas receberam atendimentos médicos, odontológicos, exames laboratoriais, de enfermagem, além de palestras ministradas sobre higiene bucal e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), totalizando 8.775 procedimentos.

Durante a “Operação Acre”, o “Navio da Esperança”, como é conhecido na Amazônia realizou atendimentos nos municípios de Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves, Paraná dos Mouras, Valparaíso, Porto Walter e Marechal Thaumaturgo, todos localizados no Estado do Acre, além de ter realizado atendimentos em alguns municípios do Estado do Amazonas como Carauari, Itamarati, Eirunepé, Pernambuco e Ipixuna, finalizando a Operação com a expressiva marca de 20.501 atendimentos médicos, odontológicos, farmacêuticos e de enfermagem e 7.307 exames laboratoriais e 1.539.915 medicamentos distribuídos.

Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).