Irmãos gêmeos servem lado a lado no maior navio da Esquadra Brasileira

Foto: Marinha do Brasil
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Leonardo e Lucas Simões sempre compartilharam uma conexão especial, desde o nascimento com apenas dois minutos de diferença. Hoje, aos 26 anos, essa ligação única vai além da aparência: os dois servem como Cabos no maior navio da Esquadra Brasileira, o NAM “Atlântico”. Em um setor crucial para o funcionamento do navio, eles seguem suas carreiras lado a lado, vivendo as mesmas experiências e superando os mesmos desafios. Mas as coincidências entre os irmãos não param por aí.

Trajetória Profissional dos Gêmeos: Desafios e Conquistas na Marinha

Os Simões no setor de trabalho a bordo do Navio-Aeródromo Multipropósito “Atlântico” – Imagem: SO-CI Rafael

A história dos irmãos Simões dentro da Marinha começou de forma simbiótica, com ambos realizando o concurso de ingresso na Força praticamente juntos. Leonardo relembra com carinho como Lucas passou no concurso um ano antes, mas optou por esperar para que pudessem viver essa jornada em sincronia. Em 2017, com 19 anos, entraram na Escola de Aprendizes-Marinheiros (EAMES), no Espírito Santo, onde completaram a formação em 2018.

Desde então, os dois trilharam caminhos semelhantes. Após a formação, serviram em diferentes Fragatas da Marinha do Brasil, até se reencontrarem na Base de Manutenção e Apoio a Embarcações. Ali, decidiram se especializar na área de mecânica, obtendo a qualificação necessária para operarem no Centro de Controle de Máquinas do NAM “Atlântico”. Desde 2021, trabalham juntos, realizando a manutenção de sistemas cruciais como refrigeração e ar comprimido.

Além das semelhanças na carreira, as missões em que participaram também se destacam. Leonardo e Lucas embarcaram em aproximadamente 10 missões pelo Brasil, visitando portos como Belém (PA) e Fortaleza (CE). Entretanto, uma dessas missões foi vivida apenas por Lucas, enquanto Leonardo ficou em terra devido ao nascimento de seu primeiro filho. Essa breve separação apenas reforça o fato de que, embora suas trajetórias sejam quase idênticas, cada um carrega experiências individuais que enriquecem suas vidas.

Vínculo Familiar e a Ligação Única entre os Gêmeos

Registro de outra coincidência: sem nem saber que no futuro os irmãos iriam servir à Marinha do Brasil, os pais batizam os gêmeos vestidos de marinheiros – Imagem: Arquivo pessoal

Desde a infância, os irmãos Simões foram marcados por uma relação de cumplicidade que os acompanhou até a vida adulta. Criados em uma família que valorizava a educação e o respeito, sempre tiveram o apoio incondicional dos pais, Marco Aurélio e Ignêz Simões. Leonardo e Lucas recordam como o pai, um entusiasta da carreira militar, sempre os incentivou a seguirem essa trajetória, sendo a figura central na escolha por ingressarem na Marinha.

Além da vida profissional, a dupla compartilha muitas semelhanças em suas vidas pessoais. Ambos estudaram na mesma escola durante o ensino fundamental e médio, e agora cursam Engenharia Mecânica juntos. As brincadeiras de troca de identidade foram frequentes na infância, confundindo colegas, professores e até familiares. No entanto, com o tempo, desenvolveram personalidades distintas. Enquanto Leonardo se vê como o mais reservado e sério, Lucas se considera extrovertido e brincalhão, uma combinação que fortalece ainda mais a relação entre os dois.

Essa proximidade não esconde, porém, as individualidades que cada um carrega. Leonardo já é pai e tem uma visão mais prática e planejada da vida, enquanto Lucas ainda desfruta de uma vida mais leve, focando em seus interesses pessoais e profissionais sem grandes pressões. O futebol é uma das poucas áreas em que os irmãos divergem: enquanto Leonardo torce para o Fluminense, Lucas é um flamenguista convicto. As brincadeiras e provocações sobre os times preferidos são frequentes, mas jamais ofuscam o vínculo forte que mantêm.

Contribuições dos Irmãos Simões para a Marinha do Brasil

A atuação de Leonardo e Lucas no NAM “Atlântico” vai além das coincidências e curiosidades de serem gêmeos idênticos. A escolha pela especialização em mecânica revela o compromisso de ambos com o serviço à Marinha, especialmente em funções essenciais para o funcionamento do maior navio da Esquadra Brasileira. No Centro de Controle de Máquinas, eles são responsáveis pela manutenção de equipamentos críticos, como o sistema de refrigeração e o fornecimento de ar comprimido, garantindo que o navio esteja sempre pronto para cumprir suas missões.

O Capitão-Tenente Heitor Figuno de Sá Freire Teixeira, chefe direto dos irmãos, elogia a dedicação dos dois. Segundo ele, Leonardo e Lucas são exemplos de disciplina e comprometimento: “São excelentes militares, dedicados e zelosos com suas incumbências. A sintonia entre eles só acrescenta ao bom funcionamento da equipe”. A postura profissional dos irmãos é destacada como um dos fatores que contribuem para o sucesso das operações a bordo do NAM “Atlântico”.

Os irmãos Simões, no entanto, não se acomodam com o presente. Já fazem planos para o futuro, incluindo a promoção a Sargentos em 2028, quando, segundo eles, devem seguir caminhos profissionais separados. Mas mesmo diante da possível separação, Leonardo e Lucas deixam claro que a união familiar sempre será sua maior força. “Não somos presos um ao outro, mas estaremos sempre juntos, prontos para enfrentar os mares e a vida”, conclui Lucas.

Para a mãe, dona Ignêz, o orgulho é palpável. “Sempre soube que eles seriam especiais, e vê-los hoje, lado a lado, como homens e militares, é uma alegria imensa”. E, sem dúvida, o senhor Marco Aurélio, onde quer que esteja, também se orgulha dos seus “iguais”.

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Marcelo Barros, com informações e imagens da Agência Marinha
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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