Imagem: Marinha do Brasil

Celebramos, hoje, os cento e noventa e oito anos de criação da Esquadra brasileira, quando, a 10 de novembro de 1822, era içado o pavilhão imperial, pela primeira vez, em um navio de guerra da jovem Nação, a Nau “Martim de Freitas”, depois rebatizada de “Pedro I”.

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Simbolizando a sinérgica união da visão político-estratégica do Imperador e do Patriarca José Bonifácio, com a vontade nacional, expressa pela subscrição popular que possibilitou equipar nossos primeiros navios, a Esquadra tornou-se fator decisivo na consolidação do processo de Independência e na manutenção da integridade territorial.

As origens de nossa Esquadra como Força Naval empenhada na defesa da Pátria remontam, no entanto, a um período muito anterior ao Grito do Ipiranga. Já em 1614, Jerônimo de Albuquerque tornava-se o primeiro Chefe Naval nascido no Brasil a derrotar, no mar, o invasor estrangeiro, na Batalha de Guaxenduba, fundamental para assegurar a posse do Maranhão e abrir caminho para que grande parte da Amazônia passasse ao domínio português e, posteriormente, brasileiro.

Ao longo de toda a sua existência, a Esquadra se fez presente e vitoriosa nos momentos decisivos da vida nacional. Às lutas pela Independência seguiram-se as campanhas no Prata, a Guerra da Tríplice Aliança, os dois conflitos mundiais do Século XX e a participação em missões de paz sob a égide de organismos internacionais. Surgiram, de suas fileiras, atuações heróicas como as do Imperial Marinheiro Marcílio Dias, Guarda-Marinha Greenhalgh e Capitão de Fragata Garcia d’Ávila; bem como exemplos indeléveis de liderança de Chefes Navais como Tamandaré, Barroso, Inhaúma, Frontin, Soares Dutra e tantos outros.

A Esquadra chega aos dias de hoje ciente que os atuais desafios se mostram mais difusos e que as ameaças assumem caráter híbrido e complexo. Sua superação, no entanto, continua a exigir respostas tão prontas e firmes como as do passado. Ilícitos transfronteiriços e ambientais afetam a nossa Amazônia Azul, em especial nas suas vertentes econômica e de soberania, como evidenciado pelo criminoso derramamento de óleo ocorrido ao final do ano passado. Tais ameaças se dão, muitas vezes, em contexto adverso e restritivo, como o representado pelo atual enfrentamento à Pandemia de COVID-19.

Honrando seu vitorioso passado, a Esquadra tem enfrentado esses desafios com serenidade e firmeza. Nossos navios e aeronaves integraram, juntamente com meios distritais e da Força de Fuzileiros da Esquadra, além das demais Forças e órgãos governamentais, a Operação “Amazônia Azul – Mar Limpo é Vida!”, desde suas primeiras ações, contribuindo para mitigar os efeitos da poluição por óleo em nossas águas, praias e manguezais. Ainda hoje, meios da Esquadra prosseguem no monitoramento do grau de limpeza e preservação dos locais atingidos.

A rápida adaptação ao cenário de enfrentamento à COVID-19 possibilitou à Esquadra manter sua plena capacidade operacional, a despeito da nova ameaça invisível. A criação da Unidade de Descontaminação Volante da Esquadra e a capacitação das tripulações em procedimentos de desinfecção contribuíram para preservar a segurança do pessoal. Os centros de instrução e adestramento subordinados prontamente adequaram os currículos de vários cursos para a modalidade de ensino à distância e adotaram medidas preventivas que os habilitassem a retomar, de forma segura, os cursos presenciais.

Dessa forma, foi possível, ao longo deste ano, mesmo diante de desafiadoras circunstâncias, atingir marcas significativas como a homologação do Porta-Helicópteros, em breve Navio Aeródromo, Multipropósito “Atlântico” para o pouso e decolagem de aeronaves empregando óculos de visão noturna, bem como a realização de exercício conjunto inédito, envolvendo a operação simultânea de helicópteros das três Forças Singulares, a partir de seu convés de voo; a incorporação do Navio de Socorro Submarino “Guillobel”; a ativação do Centro de Intendência da Marinha em Niterói e da Base de Submarinos da Ilha da Madeira; a ampliação das instalações da Unidade Médica da Esquadra e da nossa Capela, hoje reinaugurada; a retomada do Período de Manutenção do Navio de Desembarque de Carros de Combate “Mattoso Maia”; o recebimento das aeronaves modernizadas AH-11B Wild Lynx e AF-1B/C Skyhawk, e a obtenção dos helicópteros UH-17, que já integram a OPERANTAR ora em curso.

Em 2020, a Esquadra realizou relevantes operações e exercícios, como a LÍBANO XVII, ASPIRANTEX, 3a e 4a fases da “Amazônia Azul – Mar Limpo é Vida!”, XXXIV Viagem de Instrução de Guardas Marinha, POSEIDON, VERDE BRASIL II, ÁGATA NORTE e AMAPÁ, esta última ora em execução, com o Navio Doca Multipropósito “Bahia” e duas aeronaves UH-15 provendo apoio à população daquele estado, durante a atual crise de energia.

O futuro se apresenta alvissareiro, com a perspectiva, nos próximos meses, da transferência de subordinação para a Esquadra do Submarino “Riachuelo”; o recebimento do primeiro Sistema de Aeronaves Remotamente Pilotadas (SARP-E) Scaneagle; a conclusão do Período de Manutenção da Fragata “Defensora”; a implementação do Projeto “Fênix” em três Fragatas Classe “Niterói”; e a previsão, em poucos anos, da incorporação das Fragatas Classe “Tamandaré”.

Ao relembrarmos as conquistas do passado e as promissoras expectativas para o futuro, faz- se mister reconhecer que nada disso teria sido possível sem os exemplos de liderança e as decisões oportunas e acertadas de nossos antigos Chefes Navais, que nos honram com suas presenças ou com sua audiência; sem o inabalável esforço de nossos antecessores, nas tripulações dos Comandos de Força, navios e organizações militares subordinados; sem a orientação segura e incondicional de nossos escalões superiores; sem o convívio harmonioso e profissional com os demais Comandos do Setor Operativo; e, por fim, sem o incansável apoio dos demais Setores.

Neste dia, portanto, ao mesmo tempo que partilhamos nosso júbilo com todos que contribuíram para o êxito de nossa Esquadra, estamos também convictos da nossa grande responsabilidade em honrar o legado de nossos antecessores e de estar à altura das expectativas da nossa Marinha.

Marinheiros, Fuzileiros Navais e servidores civis que têm a honra de integrar a invicta Esquadra brasileira! Cumprimento a todos pelo profissionalismo, abnegação e entusiasmo demonstrados. Orgulhem-se merecidamente do que já alcançaram. Entretanto, sempre cônscios de que ainda há muito por realizar, continuem a se inspirar no legado daqueles que nos antecederam, ao longo desses quase duzentos anos de história. Estejam certos de que a melhor homenagem que lhes poderemos render é enfrentar os desafios de hoje e futuros com a sua mesma competência, determinação e crença nos destinos da Marinha e do Brasil.

“NA ESQUADRA, A SOBERANIA DE NOSSO MAR!”

Parabéns, Esquadra brasileira! Viva a Marinha!

CLAUDIO HENRIQUE MELLO DE ALMEIDA

Vice-Almirante