O Exército Brasileiro, a Marinha do Brasil e a Força Aérea Brasileira deram sua contribuição em mais um passo dado pelo Brasil no desenvolvimento de tecnologias de defesa cibernética. Até a última quinta-feira, 15, o País participou pela segunda vez do maior e mais complexo exercício internacional de defesa cibernética de dupla ação (ataque contra defesa) do mundo, o Locked Shields. O encerramento da participação brasileira na atividade foi realizado no Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber), localizado no Forte Marechal Rondon, em Brasília.

Organizado pelo Centro de Excelência em Defesa Cibernética Cooperativo (CCDCOE), órgão ligado à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o exercício foi realizado de forma remota e reuniu mais de 2 mil especialistas em cibernética de 32 países. Único representante da América Latina, o Brasil integrou o apoio técnico da equipe de Portugal. Os dois países interagiram por videoconferência em tempo real.

Essa participação do Brasil foi diferenciada em relação à última participação em 2019. No exercício de 2021, o Brasil foi convidado a compor sua própria equipe estratégica, que reuniu especialistas em cibernética das três Forças e representantes de agências governamentais e organizações ligadas à infraestrutura relacionada ao exercício. Integraram a atividade o ComDCiber, o Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx), o Comando de Operações Aeroespaciais da Força Aérea, o Gabinete de Segurança Institucional, o Ministério da Defesa, o Ministério das Relações Exteriores, a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

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Chefe do Comando de Operações Terrestres, o General de Exército José Luiz Dias Freitas ressaltou a integração que marcou o exercício. “Todos os interessados, sejam organismos estatais ou privados, necessitam de defesa cibernética. É importante que possamos integrar e potencializar o desenvolvimento da doutrina e o planejamento em possíveis situações de crise. O exercício é o momento ideal de praticarmos e desenvolvermos nossa doutrina”.

Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) e ex-Comandante de Defesa Cibernética, o General de Exército Guido Amin destacou que as características da área cibernética fazem com que o Brasil tenha condições de se igualar aos países mais desenvolvidos em capacidades de segurança da área. “É possível investir recursos não tão grandes e, mesmo assim, reduzirmos bastante essa distância que existe entre nosso país e países mais desenvolvidos em outras capacidades militares”.

Atual Comandante de Defesa Cibernética, o General de Divisão Heber Garcia também frisou a importância do exercício para o aprimoramento técnico das defesas nacionais. “Esta atividade vai contribuir para a maturidade do setor cibernético e o aumento da capacidade militar de defesa cibernética e vai colaborar com a troca de experiências entre agências nacionais e entre países envolvidos no exercício”.

Chefe do Estado-Maior Conjunto do ComDCiber, o Contra-Almirante Rudicley Cantarin frisou o alto nível de exigência técnica da atividade. “É uma oportunidade única para que os países participantes exercitem sua capacidade cibernética em um ambiente seguro e contra um adversário de altíssimo nível. Isso favorece a interação na defesa de sistemas civis e militares em um ambiente de cooperação mútua”.

A oportunidade de obter, no exercício, mais informações sobre segurança cibernética foi um aspecto evidenciado pela representante do Comando de Operações Aeroespaciais da Força Aérea, Major Carla Borges.  “A atividade nos proporciona conhecimento das possibilidades das interferências que um ataque cibernético pode causar, seja na parte militar, seja em todo o país”. Já o Segundo-Sargento Leandro Souza, da Marinha, ressaltou que o Locked Shields forneceu a chance de executar procedimentos usados em situações críticas reais. “Fizemos proteção de rede tratando dos incidentes, da vulnerabilidade dos servidores, dos erros de usuário, das instalações indevidas e da verificação de suspeitos. Nossa função era dar o primeiro combate e reportar tudo aos escalões superiores como se fosse no mundo real”.

Locked Shields
Com duração de um ano, o exercício se baseou em um conflito simulado entre dois países fictícios. As situações propostas trouxeram à tona diversas possibilidades da realidade atual, como as ameaças das deepfakes, a instabilidade do sistema financeiro e mudanças causadas pela crise da covid-19, como os crescimentos da automação e do trabalho remoto. Ao longo de todo o exercício, 5 mil sistemas virtuais foram alvejados por mais de 4 mil ataques cibernéticos. Além de defenderem os sistemas, os participantes tiveram de lidar com simulações de problemas legais e midiáticos.

Fonte: Centro de Comunicação Social do Exército
Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).