Avaliar os efeitos biológicos das fibras alimentares do mamão papaia na saúde do intestino. Esse foi o objetivo de Samira Bernardino Ramos do Prado, em sua pesquisa de doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Ciência dos Alimentos da Universidade de São Paulo (USP). O estudo, coordenado pelo professor João Paulo Fabi, recebeu o Prêmio CAPES de Tese 2020 na área da Ciência dos Alimentos.
A pesquisa mostrou que a fruta pode, sim, ser uma forte aliada contra o câncer do intestino. Os benefícios, entretanto, só são notados em um ponto específico de seu amadurecimento. A cientista analisou as diferentes estruturas da pectina – um tipo de fibra solúvel – que variam de acordo com o estágio de maturação do mamão. “As fibras alimentares podem interagir diretamente com as células intestinais. Essa interação pode acarretar efeitos biológicos”, explica Samira.
O estudo analisou os efeitos do consumo da papaia em três estágios de maturação: verde, intermediária – indicada para consumo – e muito madura. Segundo João Paulo Fabi, os resultados iniciais apontam que as fibras presentes no mamão intermediário induziram a morte das células cancerígenas e inibiram a sua proliferação e migração. “O mamão papaia intermediário é capaz de inibir o surgimento de lesões pré-neoplásicas no intestino, lesões que aparecem antes do desenvolvimento do câncer de cólon”, esclarece.
O estudo foi pioneiro ao relacionar o amadurecimento do mamão e as diferentes estruturas da pectina. Para Samira, receber o Prêmio CAPES de Tese demonstra o reconhecimento da comunidade científica em temas multidisciplinares e serve como motivação para a pesquisa científica nacional. “Acredito que a nossa pesquisa criou novas hipóteses que podem auxiliar futuros estudos, que buscam entender os efeitos biológicos das fibras alimentares em humanos”, comemora.
Prêmio CAPES de Tese 2020
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) divulgou no dia 1º de outubro o resultado do Prêmio CAPES de Tese 2020, oferecido às melhores teses de doutorado defendidas em 2019. No total, 49 trabalhos foram premiados e outras 94 teses receberam menções honrosas.
Criado em 2005, o Prêmio CAPES de Tese é fruto da parceria entre a CAPES, a Fundação Carlos Chagas, a Comissão Fulbright, o Instituto Serrapilheira e, mais recentemente, com a Dimensions Sciences (DS), uma organização não governamental norte-americana que irá condecorar doutoras no Prêmio CAPES de Tese. Esta é a primeira vez que a Coordenação apoia uma premiação voltada especificamente para o público feminino.
Os critérios de seleção consideram a originalidade do trabalho, sua relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação. Dentre os agraciados sairão os vencedores do Grande Prêmio, oferecido ao destaque de cada uma das três grandes áreas do conhecimento: Ciências da Vida, Humanidades e Exatas. A cerimônia de premiação acontecerá em dezembro.
Por CCS/CAPES