FAB em prontidão para nova missão de repatriação no Oriente Médio

Passageiros desembarcam de avião da Força Aérea Brasileira.
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Diante da escalada de tensão no Oriente Médio, a Força Aérea Brasileira (FAB) já tem prontos os cenários operacionais para uma possível missão de repatriação de brasileiros que se encontram na região. A execução da operação, no entanto, depende de uma decisão política por parte do Ministério das Relações Exteriores, que ainda avalia a necessidade de acionar oficialmente a FAB.

Planejamento logístico da FAB para a repatriação

O planejamento de uma operação de repatriação envolve uma complexa estrutura logística, e a FAB já mobilizou seus principais esquadrões de transporte para estarem em prontidão. Entre os recursos previstos, destacam-se aeronaves como o KC-390 Millennium, reconhecido por sua capacidade de carga, autonomia de voo e versatilidade em operações de evacuação, além do Embraer VC-2, que pode ser usado para o transporte de autoridades ou situações que exijam maior conforto.

Com o espaço aéreo de Israel fechado, os planejadores da FAB consideraram diferentes rotas alternativas, incluindo pontos de embarque em países vizinhos, como Jordânia, Egito e Chipre. Cada cenário exige um detalhado trabalho de negociação diplomática, liderado pelo Itamaraty, para garantir autorizações de sobrevoo, pouso e decolagem nos países envolvidos.

Além da logística de voo, há uma estrutura de tripulações de sobreaviso, preparadas para decolar em poucas horas, caso o acionamento seja oficializado. A FAB também está coordenando a preparação de kits de evacuação humanitária, com alimentos, água, medicamentos básicos e apoio psicológico para os repatriados.

Experiência da FAB em operações anteriores de repatriação

A Força Aérea Brasileira não é novata em missões desse tipo. Nos últimos anos, a instituição protagonizou duas grandes operações de resgate de brasileiros em zonas de conflito. A primeira foi a operação “Voltando em Paz”, que, entre 2023 e 2024, repatriou cerca de 1.600 pessoas da Faixa de Gaza, Cisjordânia e Israel, com voos partindo de pontos como Tel Aviv, Cairo e Amã.

Logo depois, a operação “Raízes do Cedro” resgatou mais de 2.600 brasileiros de Beirute, durante o agravamento do conflito entre Israel e o Hezbollah, no Líbano. Ambas as missões envolveram coordenação interministerial, negociações diplomáticas complexas e a mobilização de aeronaves de longo alcance da FAB.

Militares que participaram dessas operações destacam que o maior desafio vai além da logística: é a preparação psicológica para lidar com pessoas em estado de choque, com medo e, muitas vezes, exaustas. As tripulações recebem orientação especial para oferecer apoio emocional, além de atendimento médico emergencial durante os voos.

O papel da diplomacia e a decisão política nas missões de repatriação

Nenhuma missão de repatriação é iniciada sem um acionamento político formal. O processo começa com a avaliação do Itamaraty, que analisa as condições de segurança no terreno, o número de brasileiros a serem resgatados e as alternativas diplomáticas viáveis para viabilizar a operação.

O Ministério das Relações Exteriores, em parceria com a FAB, precisa negociar corredores aéreos, obter autorizações de sobrevoo e garantir permissões de pouso com países que fazem parte da rota. Essa articulação exige rapidez e flexibilidade, especialmente em cenários de conflito, onde as condições mudam rapidamente.

Além do aspecto humanitário, essas missões têm forte valor simbólico. Elas demonstram o compromisso do Governo Brasileiro com a segurança de seus cidadãos e reforçam a imagem internacional do Brasil como um país capaz de realizar operações complexas de evacuação em cenários de crise.

Enquanto aguarda a decisão final do Itamaraty, a FAB segue com seus planos prontos e suas equipes em alerta, pronta para cumprir a missão caso o chamado venha.

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