Há dez meses servindo na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), o Primeiro-Sargento José Flávio Gomes da Cruz passa mais um dia dos pais longe da família. Compondo o Grupo-Base que está neste momento em uma das regiões mais inóspitas do planeta, Flávio teve uma grata surpresa no dia 11 de agosto quando, por coincidência, reencontrou seu filho em uma live realizada pelos militares da EACF com os alunos da Escola de Aprendizes-Marinheros do Ceará (EAMCE).

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O filho de Flávio, Aprendiz-Marinheiro Renato Gessinger Pereira da Cruz, está estudando na mesma escola em que o pai esteve há 24 anos, quando também era um Aprendiz e onde iniciou sua carreira na Marinha do Brasil (MB). A surpresa do reencontro virtual entre pai e filho não parou por aí. Durante a aula, coube ao pai tirar as dúvidas sobre a rotina militar no continente gelado.

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Live da EACF em que Sargento Flávio responde pergunta do filho marinheiro

Para o pai, o presente foi antecipado. “Há 24 anos era eu quem estava nessa mesma escola. Ver meu filho seguindo os meus passos e, principalmente, estando aqui na Antártica, motivando-o a seguir carreira na Marinha, foi o melhor presente do dia dos pais para mim”, relatou.

Flávio tem mais de 1500 dias de mar e já passou muitos dias dos pais distante, principalmente quando serviu na Amazônia, por oito anos, viajando em navios. É casado com Fátima, namorada de infância, há 23 anos. Gessinger, de 22 anos, é um dos seus seis filhos. Além dele, Flávio é pai de Davi, 20 anos, que é Cabo do Exército; Thiago, de 15; Samuel, de 9; Raquel, de 6; e Clarice, a caçula, de 2.

“Tivemos os nossos seis filhos, quatro meninos e duas meninas, que alegram nossas vidas. É gratificante ver a casa cheia. Passar o dia dos pais longe deles mexe um pouco comigo, mas ao mesmo tempo compensa por saber que estou aqui nessa nobre missão da Marinha do Brasil,  mostrando a presença brasileira na Antártica, além de contribuir com as pesquisas”.

O Sargento Flávio destaca que estar na Antártica é uma experiência incrível. “Passar o inverno aqui neste continente, contemplar noites longas, dias curtos (no inverno), muda um pouco nosso comportamento, tendo de nos adaptar com isso. A estação é toda automatizada, e eu sou responsável pela automação, comunicação e informática. Portanto, temos muito o que fazer, todos os dias. O clima é de camaradagem, pois todos do Grupo-Base têm experiências de outras comissões”, ressaltou. Flávio está na estação desde 28 de outubro do ano passado e tem previsão de retornar ao Brasil no final de novembro deste ano.

Carreira do Sargento Flávio
Natural de Juazeiro do Norte (CE), Flávio, de 41 anos, ingressou na MB em 1998. Embarcou na Fragata “Defensora” e, em seguida, no Aviso de Instrução “Guarda-Marinha Jansen”. Após realizar o Curso de Especialização em Eletrônica, em 2003, embarcou novamente na Fragata “Defensora” e depois no Navio-Patrulha Fluvial “Raposo Tavares”, onde pôde conhecer os rios da Amazônia.

Em 2009, realizou o Curso de Formação e Aperfeiçoamento de Sargentos em Eletrônica, embarcando em seguida no Navio Oceanográfico “Antares”; na Base de Hidrografia da Marinha em Niterói; no Navio de Assistência Hospitalar “Doutor Montenegro”; no Comando do 9° Distrito Naval; e participou das Operações Antártica XXXVI e XXXVII, embarcado no Navio Polar “Almirante Maximiano”, onde atuou como Supervisor de Eletrônica. Por fim, serviu no Navio Hidroceanográfico “Taurus” e no Grupamento de Navios Hidroceanográficos antes de compor o Grupo-Base da EACF.

A história de Flávio é única, mas representa a realidade de diversos pais militares componentes da MB, que se ausentam em momentos importantes para as famílias, cumprindo a missão constitucional da Força, estando embarcados nos navios a bordo das Organizações Militares espalhadas por todo Brasil.

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Escolas de Aprendizes-Marinheiros
A Marinha possui quatro Escolas de Aprendizes-Marinheiros. Além de Fortaleza (CE), elas estão localizadas em Vitória (ES), Recife (PE) e Florianópolis (SC). É por meio delas que os Marinheiros se formam para exercer as diversas atividades na instituição e de onde são distribuídos para todo o Brasil para servirem nas diversas Organizações Militares da Marinha, inclusive os navios.

Para ingressar na Marinha por meio das escolas não é preciso ter experiência profissional, basta ter o Ensino Médio Completo ou estar prestes a concluí-lo e fazer o concurso público de admissão. São aceitos candidatos de ambos os sexos, que tenham entre 18 e 22 anos de idade.

Estação Antártica Comandante Ferraz
A EACF está localizada no Arquipélago das Shetland do Sul. A nova estação, inaugurada em 15 de janeiro de 2020, proporciona as condições adequadas de habitabilidade e segurança, com capacidade para 64 pessoas, no verão, e 35 no inverno, permitindo a sua utilização ao longo do ano e o desenvolvimento das pesquisas antárticas. As edificações ocupam uma área de 4.500m², possuindo, além dos alojamentos (32 unidades) e dos laboratórios (14 no interior da Estação e mais 3 na área externa), um setor de saúde, uma biblioteca e sala de estar.

Há quase 40 anos, os pioneiros do PROANTAR hastearam pela primeira vez a nossa bandeira na EACF. Ainda hoje, o nosso pavilhão permanece tremulando naquela localidade. A dimensão das atuais instalações é compatível com a importância que o Brasil conquistou no cenário Antártico, tanto como Membro Consultivo do Tratado da Antártica, desde 1983, como, a partir de 1984, do Comitê Científico de Pesquisas Antárticas.

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Sargento Flávio na Estação Antártica Comandante Ferraz
Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).