Ao longo da história dos conflitos armados, o apoio logístico mostrou- se uma capacidade fundamental ao sucesso das operações militares, sendo fator decisivo para a vitória. O Material Bélico do Exército Brasileiro está inserido em todas as atividades ligadas à logística dos produtos de defesa, garantindo aos elementos de manobra a efetividade, a mobilidade e o poder de fogo necessários ao desenvolvimento das operações militares.
Por meio do apoio logístico cerrado e ininterrupto, o Material Bélico faz-se presente por intermédio das atividades de manutenção, suprimento, transporte, evacuação, salvamento de materiais de emprego militar e destruição de engenhos falhados.
As origens do Material Bélico no Brasil remontam ao Período Colonial, quando se buscou organizar uma estrutura embrionária para a manutenção dos equipamentos das forças militares. Naquela época, a inexistência organizacional de dispositivos fabris causou grande dificuldade para as atividades de manutenção e suprimento de armas e demais “apetrechos” militares utilizados na condução das operações territoriais.
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A criação da “Casa do Trem”, no ano de 1762, sanou a necessidade de uma unidade específica de Material Bélico em terras brasileiras, tendo como função particular prover o suporte logístico aos fortes distribuídos ao longo da costa do País. Em suas oficinas, trabalhavam os “espingardeiros” e “tarimbeiros”, considerados historicamente os primeiros combatentes cinza-aço. Seu brasão possuía dois canhões coloniais cruzados, que são ostentados até os dias atuais pelos integrantes do Quadro de Material Bélico.
Quase dois séculos após a criação da “Casa do Trem”, e fruto da evolução da Força Terrestre, foi criado, por meio da Lei Nº 3654, de 4 de
novembro de 1959, o Quadro de Material Bélico, com o intuito de reunir os oficiais e praças que exerceriam as funções relativas à pesquisa, ao estudo, à fabricação, à recuperação, ao armazenamento e à manutenção dos equipamentos militares.
O Dia do Material Bélico é historicamente celebrado em 30 de outubro, data natalícia de seu patrono, o Tenente-General Carlos Antônio Napion. Nascido em Turim, na Itália, Napion veio para o Brasil em 1808, acompanhando a família real portuguesa após o avanço das tropas napoleônicas na Europa. Militar e engenheiro, com notórios conhecimentos técnico-científicos na área dos materiais de guerra, foi nomeado Inspetor Geral de Artilharia logo após a sua chegada à terra brasílica.
Em 1811, sua destacada expertise técnico-militar rendeu-lhe a nomeação de Inspetor da Real Junta dos Arsenais, Fábricas e Fundições, sendo incumbido da criação das Fábricas Reais de Pólvora e da direção do Arsenal Real do Exército e da Fábrica Estrela. Essas instalações foram o embrião da indústria de defesa brasileira e da logística voltada para o material, constituindo as raízes de toda a estrutura de manutenção do Exército.
É imperioso rememorar um de seus legados mais profícuos: a instituição do ensino superior militar no Brasil por meio da criação da Academia Real Militar, origem da atual Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), estabelecimento do qual foi o primeiro comandante, tornando-se insigne exemplo aos que o sucederam.
Atualmente, em decorrência de um ambiente operacional volátil, incerto, complexo e ambíguo e do emprego de novas e disruptivas tecnologias, a logística segue crescendo em grau de importância, com um aumento expressivo da necessidade de manutenção dos meios bélicos.
A exemplo dos conflitos atuais, a guerra na Ucrânia evidenciou a importância do planejamento logístico em todos os níveis. As dificuldades enfrentadas pelo Exército Russo quanto ao ressuprimento de suas tropas no campo de batalha demonstram que, em um conflito real e atual, mesmo havendo superioridade aérea, naval e, principalmente, terrestre, o avanço no combate é ditado pela capacidade de sustentação militar. Portanto, a logística não pode, em hipótese alguma, ser subestimada em detrimento das demais funções de combate.
Diante desse e dos novos desafios inerentes à evolução, o Material Bélico atua muito além das ações logísticas. Ele está presente, principalmente, no espírito dos homens e das mulheres que dedicam plenamente seu suor e sua devoção integral à efetividade do apoio, garantindo a prontidão logística da Força nos prazos e locais exigidos pela situação tática corrente.
Assim é o dia a dia incessante dos militares de Material Bélico do Exército Brasileiro: “nos paióis e nas oficinas, enfrentando ardis e minas”, sempre em busca, na paz, da imprescindível operacionalidade da Força Terrestre e, na guerra, da almejada vitória.
Parabéns aos “matbelianos” pelo seu dia!
Prever, prover e manter! Material Bélico! Brasil!
Brasília – DF, 30 de outubro de 2022.
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