Engenheiros Militares de todos os tempos!

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Comemoramos, em 3 de agosto, o Dia do Quadro de Engenheiros Militares, efeméride que coincide com a data de nascimento do Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra, herói militar cujos feitos indeléveis o consagraram Patrono do QEM.

Ricardo Franco de Almeida Serra nasceu na cidade do Porto, em Portugal, em 1748. Ao concluir os cursos de Engenharia e de Infantaria na Academia Militar da Corte Portuguesa, alcançou, ainda na juventude, o grau de oficial. Em 1779, no posto de capitão e integrando o Real Corpo de Engenheiros Português, recebeu ordens para viajar por terras brasileiras, na função de Chefe da 3ª Partida de Demarcação de Limites, com a missão de apaziguar as disputas territoriais e de dar ordenamento a elas, que, naquele momento, despontavam motivadas por sensíveis e emergentes questões inerentes à expansão das fronteiras do Brasil, de modo a garantir o cumprimento das determinações do Tratado de Santo Ildefonso.

No cumprimento de sua missão, Ricardo Franco deu incontáveis contribuições no campo da construção de fortes e dos levantamentos cartográficos, tendo desbravado um vasto território e proporcionado melhores condições de defesa das fronteiras norte e centro-oeste do então Brasil Colônia, em processo de formação.

Ricardo Franco atuou de forma decisiva para a construção de obras de grande valor estratégico, dentre as quais:

– o Quartel dos Dragões, em Vila Bela, no atual Mato Grosso, um marco histórico da expansão colonial, construído de forma extremamente sólida;

– o Forte Príncipe da Beira, construído com o propósito de viabilizar melhores condições de segurança para a navegação no leito dos rios Madeira e Mamoré-Guaporé; e

– o Forte Coimbra, localizado na margem direita do rio Paraguai, em posição dominante sobre o estreito de São Francisco Xavier, o mais inexpugnável entre os fortes instalados nas regiões fronteiriças, que resistiu a ataques e tentativas de invasão, arrostando as forças inimigas dotadas de efetivos e recursos muito superiores.

Pelos seus esforços e resultados alcançados, Ricardo Franco foi promovido a sargento-mor em janeiro de 1790, e a tenente-coronel em dezembro de 1791, exatamente no momento em que concluía os trabalhos demarcatórios dos limites oeste da Colônia e as obras de construção do majestoso Forte Príncipe da Beira.

Em agosto de 1797, Ricardo Franco assumiu o comando do Forte Coimbra, obra que havia projetado e construído seis anos antes. Em setembro de 1801, liderando 42 homens engajados em dez dias de combate, conseguiu repelir um violento ataque da flotilha de D. Lázaro de Ribeira, Governador de Assunção, composta de quatro escunas armadas com 12 canhões e guarnecidas por cerca de 900 homens. Sob seu comando, o Forte Coimbra resistiu bravamente aos ataques castelhanos, evidenciando, de forma contundente, não só o valor militar da guarnição mas também a precisão da escolha da localização e a forma de construção utilizada, à revelia das enormes dificuldades técnicas, da escassez de mão de obra especializada e da limitação de equipamentos e materiais no tempo da construção.

O esforço de Ricardo Franco na construção e na defesa do forte foi enaltecido e sobejamente reconhecido na colônia e na metrópole, de modo que a Coroa Portuguesa o promoveu, em 1803, ao posto de coronel.

Exaurido pelo trabalho ardoroso de quase 30 anos e pelos males que o ambiente hostil e insalubre lhe infligiu, o insigne engenheiro faleceu em decorrência de doenças tropicais, em 1808, aos 61 anos de idade, nas dependências do próprio Forte Coimbra.

Seu legado está imortalizado na história, e seu nome é reverenciado como um dos grandes heróis militares do Brasil.

Como no passado, quando a presença dos Engenheiros Militares no Brasil se consubstanciou nas fortificações e demarcações de fronteiras desde o período colonial, hoje o Engenheiro Militar se faz presente nos desafios tecnológicos do Exército Brasileiro, marcadamente nos projetos estratégicos indutores da transformação.

Os desafios atuais dos oficiais do Quadro de Engenheiros Militares para o aumento das capacidades operativas da Força Terrestre incluem:

– a pesquisa e o desenvolvimento de sistemas e de produtos de defesa;

– a normatização técnica, a fabricação, a revitalização, a adaptação, a transformação, a modernização e a nacionalização de material de emprego militar;

– a avaliação técnico-experimental de materiais sujeitos à fiscalização do Comando do Exército e de produtos controlados;

– os levantamentos cartográficos;

– o desenvolvimento e a execução de projetos de construção estratégicos; e

– o emprego e a defesa das tecnologias de informação para a proteção dos serviços essenciais e para a operacionalidade da Força.

Neste 3 de agosto de 2022, saudamos os integrantes do Quadro de Engenheiros Militares pela sua data comemorativa, reconhecendo sua dedicação ao desenvolvimento do Exército e do Brasil, sempre inspirados no inexcedível legado do Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra.

Sempre Avante, Engenheiros Militares!

Marcelo Barros, com informações do Exército Brasileiro
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).