Em 2022, o Brasil recebeu uma certificação inédita da Organização das Nações Unidas (ONU) para participar de missões de paz, elevando a capacidade da tropa da Marinha do Brasil (MB) para o nível 3. Esse fato ampliou ainda mais a necessidade de atuação e capacitação das ações de Medicina Operativa, já que ela está presente nas operações navais, calamidades públicas e missões humanitárias e de paz.

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A Medicina Operativa é um segmento da área de saúde que tem como propósito assistir os indivíduos em operações militares, em ambiente crítico ou de combate, onde os recursos humanos e materiais – tais como suprimentos, tempo, local, condições climáticas e epidemiológicas – podem estar significativamente restritos ou adversos. Ela é baseada em princípios, técnicas e conhecimentos estabelecidos pela assistência de saúde em geral, porém adaptada às peculiaridades da vida militar.

Sua capacidade de atuação é bastante abrangente, podendo ser aplicada em todos os ambientes onde operam militares da MB, como lembra o Diretor do Centro de Medicina Operativa da MB, Capitão de Mar e Guerra (Médico) Kleber Coelho de Moraes Ricciardi. “Estamos em terra, no ar e no mar; acima e abaixo da linha d’água; nas Operações de Paz e humanitárias; no apoio às situações de desastre; além de nos mantermos sempre presentes no continente antártico”.

Curso Especial Unidade Médica Nível II
Hoje, data em que é comemorado o Dia do Médico, destacam-se as peculiaridades e características próprias do médico no ambiente operacional. Esse profissional necessita de uma formação militar adequada às funções a qual precisa desempenhar e que difere da medicina comum praticada no dia a dia dos hospitais, devendo também estar apto a atuar e sobreviver em ambientes hostis, reagir rapidamente contra fogos e explosivos, orientar-se no terreno, entre outros desafios.

Com o objetivo de capacitar pessoal em atividades de saúde para atuar em Operações de Paz da ONU ou em resposta a desastres e em operações de ajuda humanitária, é realizado pela MB, anualmente, o Curso Especial Unidade Médica Nível II. Anteriormente realizado como adestramento, após reformulação, o curso teve sua primeira edição em 2019.

O propósito do curso é preparar Oficiais e Praças da MB, das Forças Armadas e Forças Auxiliares para o desempenho de funções técnicas como integrantes de uma Unidade Médica Nível Dois, ativada em apoio às Operações de Manutenção de Paz (OMP) da ONU, à resposta em desastres e às operações de ajuda humanitária provendo, assim, assistência e serviços de saúde adequados e integrados, salvaguardando a vida humana.

O curso, com duração de aproximadamente um mês, possui parte teórica e parte prática e inclui atividades como natação utilitária, sobrevivência básica na selva, Unidade de Treinamento de Escape para Aeronaves Submersas, atendimento pré-hospitalar, entre outros. A Primeiro-Tenente (Médica) Noelle Gonçalves de Pinho, que foi uma das alunas da última edição, conta por que decidiu fazer o curso. “Quero estar apta a atuar em Operações de Paz e Humanitárias, situações em que as pessoas realmente precisam de nós e, com isso, minha atuação será sempre muito gratificante”, reforçou ela.

De acordo com o Capitão de Mar e Guerra Ricciardi, “ao concluírem essa etapa, os militares estarão capacitados para integrar o apoio de saúde para contingentes em Operações de Paz até o nível II de evacuação, bem como atuar em situações inesperadas de apoio aos desastres naturais ou antropogênicos”. Um exemplo recente dessa atuação deu-se no início desse ano, com as fortes chuvas ocorridas na região de Petrópolis (RJ).

A ONU possui vários níveis de evacuação e cada estágio possui um determinado modelo de atendimento médico. No nível I, a capacidade diz respeito ao suporte básico de vida e a estabilização do paciente, com capacidade máxima para dois dias de internação e observação dos pacientes. Na Unidade Médica Nível II, cria-se a estrutura de um pequeno hospital, com capacidade cirúrgica, atendimento com especialidades médicas diversas e condições de internação por um período maior e com mais leitos disponíveis.

Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).