Crise na Venezuela: Coronel Costa e Silva analisa cenário atual

Não fique refém dos algorítimos, nos siga no Instagram, Telegram ou no Whatsapp e fique atualizado com as últimas notícias.

Em uma análise abrangente e estratégica, o Coronel Paulo Roberto Costa e Silva, com vasta experiência em assuntos de inteligência e relações internacionais, trouxe uma reflexão profunda sobre a situação conjuntural da Venezuela. Durante entrevista ao programa ADESG em Foco, ele abordou os principais marcos históricos, políticos e econômicos que moldaram o cenário atual do país vizinho, destacando os riscos regionais e as possíveis implicações para o Brasil.

Os marcos históricos que moldaram a crise venezuelana

A história da Venezuela é marcada por momentos decisivos que moldaram seu atual cenário político e econômico. O Coronel Costa e Silva destacou que a crise venezuelana não surgiu repentinamente, mas é fruto de décadas de decisões políticas e conjunturas econômicas que culminaram na situação atual.

Desde a independência do país em 1811 e sua participação na Gran Colômbia, passando pelo Pacto de Punto Fijo em 1958 — que buscou estabilizar o país por meio de um acordo político entre partidos —, até a descoberta do petróleo no início do século XX, a Venezuela passou por profundas transformações.

Com a ascensão de Hugo Chávez ao poder em 1999, o país viu a implantação do socialismo bolivariano, sustentado pelo boom do petróleo. Chávez centralizou o poder, nacionalizou empresas estratégicas e expandiu programas sociais financiados pelos altos preços do petróleo.

No entanto, após a morte de Chávez e a chegada de Nicolás Maduro ao poder, a queda global no preço do petróleo revelou a fragilidade econômica do país, resultando em hiperinflação, desabastecimento e uma crise humanitária sem precedentes. Nesse contexto, a Venezuela passou de um petroestado para um narcoestado, onde instituições governamentais foram cooptadas por redes criminosas e militares ocupam posições-chave na estrutura econômica.

Impactos regionais da crise venezuelana

A crise venezuelana ultrapassou as fronteiras do país, gerando impactos significativos em toda a América Latina. O fluxo migratório em massa, com milhões de venezuelanos fugindo da fome, da violência e da falta de oportunidades, tem pressionado os sistemas sociais e econômicos de países vizinhos, como Colômbia, Brasil e Peru.

Além disso, o Coronel Costa e Silva chamou atenção para a presença de atores externos no cenário venezuelano. Na ausência de apoio de potências ocidentais, Maduro buscou alianças com Rússia, China e Irã, que passaram a oferecer suporte financeiro, militar e logístico ao regime. Essas alianças não apenas fortalecem Maduro internamente, mas também ampliam a presença geopolítica desses países na região, desafiando a influência tradicional dos Estados Unidos no continente.

O fortalecimento de organizações criminosas e a utilização do território venezuelano como rota para o narcotráfico internacional também são fatores alarmantes. A Venezuela se tornou um elo importante na distribuição de drogas para América Central, Europa e África, agravando ainda mais a insegurança regional.

Riscos para o Brasil: segurança e fronteiras em foco

Os reflexos da crise venezuelana têm sido particularmente sentidos no Brasil, especialmente no estado de Roraima, principal porta de entrada para os migrantes venezuelanos. A crescente pressão migratória tem desafiado os recursos locais e aumentado a tensão social na região.

Outro ponto crítico é a questão de Essequibo, território rico em recursos naturais disputado entre Venezuela e Guiana. O Coronel Costa e Silva destacou que, para qualquer ação militar na região, a Venezuela precisaria utilizar território brasileiro como via de acesso. Isso coloca o Brasil em uma posição delicada, exigindo vigilância constante e preparo das Forças Armadas Brasileiras para garantir a soberania nacional.

Além das ameaças diretas, há também o risco de infiltração de grupos criminosos venezuelanos no território brasileiro, o que pode agravar ainda mais a situação de segurança pública no norte do país.

O Coronel também alertou para as limitações do orçamento das Forças Armadas Brasileiras, que têm enfrentado cortes sucessivos, afetando sua capacidade de resposta a eventuais crises de segurança na fronteira.

Por outro lado, ele ressaltou que a diplomacia brasileira pode desempenhar um papel crucial na contenção da crise, mediando negociações e evitando uma escalada de tensões que poderia levar a um conflito armado na região.

Participe no dia a dia do Defesa em Foco

Dê sugestões de matérias ou nos comunique de erros: WhatsApp 21 99459-4395

Google News

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor insira seu comentário!
Digite seu nome aqui