Humaitá

O Brasil lançou ao mar nesta sexta-feira (11) o Humaitá, seu segundo submarino da nova classe Riachuelo, derivada da Classe Scorpène, que deve aumentar o controle do país sobre a faixa litorânea conhecida como Amazônia Azul.

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O Humaitá (S-41), um submarino convencional, foi construído no Complexo Naval e Industrial de Itaguaí (CNI), no Rio de Janeiro, em cooperação tecnológica com a França.

Em 2018, a Marinha lançou ao mar o submarino Riachuelo, o primeiro da nova classe, atualmente em fase final de testes, com previsão de entrega para operação em 2021, quando estará armado e pronto para cumprir missões.

No total, Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) prevê a construção de quatro submarinos do tipo convencional, movidos à bateria, recarregadas por motor a diesel.

E, seguindo o planejamento o Brasil contará com um submarino com propulsão nuclear, até 2033, batizado de Álvaro Alberto, em homenagem ao almirante que foi um dos grandes incentivadores do programa nuclear da Marinha. O início da construção do submarino nuclear está previsto para o segundo semestre de 2022.

Características da Classe Riachuelo

O projeto dos submarinos convencionais brasileiros é baseado no modelo francês Scorpène, porém a versão nacional é maior.

Enquanto o Scorpène mede 66,4 metros, com 1.717 toneladas, os submarinos brasileiros têm 71,6 metros, com 1.870 toneladas, acomodando uma tripulação de 35 militares e com um raio de alcance maior, dadas as dimensões continentais do Brasil.

Esses cinco metros a mais do Humaitá possibilitam maior capacidade de combustível e mantimentos, dando assim maior autonomia de navegação.

as caracteristicas dos submarinos da classe riachuelo
As características dos submarinos da Classe Riachuelo Foto: Reprodução/marinha.mil.br

Os submarinos da Classe Riachuelo podem chegar a 300 m de profundidade e tem capacidade operativa de até 70 dias no mar, podendo ficar submersos por até 5 dias sem necessidade de vir à tona para influxo de ar aos motores a diesel.

Com esse raio de ação sem paradas é possível, por exemplo, ir do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul.

Segundo o contra-almirante André Martins, gerente de Infraestrutura Industrial do Prosub, somente 10 países em todo o mundo, incluindo o Brasil, fabricam submarinos convencionais. E apenas 5 países, atualmente, produzem submarinos nucleares, time ao qual o país irá se juntar dentro de mais alguns anos.

Marco para a Marinha

Os submarinos desenvolvidos pelo Prosub são considerados um marco para a Marinha brasileira. A expectativa é a de que os quatro submarinos convencionais estejam integrados à frota do país até o ano de 2024.

Assim, eles se unirão aos cinco modelos mais antigos que operam atualmente, quatro submarinos da classe Tupi (Tupi, Tamoio, Timbira, Tapajó), um da série Tikuna.

“É um número considerável para nós. Atende a todas as nossas necessidades e ajuda a demonstrar a força do nosso país”, diz o capitão de Mar e Guerra Otávio Paiva.

Diferença para o submarino nuclear

Os submarinos convencionais, com propulsão diesel-elétrica, tem a capacidade de ocultação periodicamente quebrada, uma vez que necessitam se posicionar próximo à superfície do mar para aspirar ar atmosférico em determinados intervalos de tempo.

Esse procedimento é necessário para permitir o funcionamento dos motores diesel e renovação do ar ambiente. Nessas horas, em função das partes expostas acima da água, tornam-se vulneráveis, podendo ser detectados por radares de aeronaves ou navios.

Já o submarino nuclear pode ficar submerso por um tempo muito maior, pois não precisa vir à tona para alimentar seu sistema de propulsão, dependendo apenas da capacidade de seus suprimentos e de sua tripulação.

Tonelero e Angostura, os próximos submarinos

marinha faz ultimos ajustes no submarino humaita em itaguai
Marinha faz últimos ajustes no submarino Humaitá no Complexo Naval e Industrial de Itaguaí
Foto: Tomaz Silva – 2.dez.2020/Agência Brasil

Na mesma cerimônia que marcará o lançamento ao mar do Humaitá, ocorrerá a integração das seções do submarino Tonelero, que será o terceiro da série, com previsão de lançamento para dezembro de 2021, seguido pelo último convencional, o Angostura, planejado para ser lançado em dezembro de 2022.

O valor total estimado pela Marinha para os quatro submarinos convencionais é de € 100 milhões, o equivalente a R$ 630 milhões no câmbio atual. Os quatro somados equivalem ao mesmo valor orçado para o submarino movido por energia nuclear, também € 100 milhões de euros.

O que é o Prosub

O Prosub foi lançado em 2008 e contempla, além dos submarinos, a construção de um complexo de infraestrutura industrial e de apoio à operação, o Complexo Naval e Industrial de Itaguaí (CNI).

O CNI engloba o Estaleiro de Construção (ESC) e o Estaleiro de Manutenção (ESM), a Base de Submarinos da Ilha da Madeira (BSIM), o Complexo de Manutenção Especializada (CME) e a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), no município de Itaguaí, região metropolitana do Rio.

O contra-almirante André Martins destacou que o Prosub gera um grande número de empregos em toda sua cadeia de produção.

São cerca de 700 empresas envolvidas na produção de componentes, com 300 projetistas na fase atual, devendo chegar a 600 no auge do programa, em um total de 1,9 mil funcionários ligados à empresa Itaguaí Construções Navais (ICN).

Com informações da Agência Brasil e do Estadão Conteúdo

 

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).