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Pela primeira vez, o conhecimento tático de selva do Brasil cruzou o oceano para alcançar o coração da província de Limpopo, na África do Sul. Lá, uma equipe do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) conduziu o 1º Curso Internacional de Selva, treinando 34 militares sul-africanos em um intercâmbio inédito de doutrina, resistência e cooperação. O encerramento, repleto de simbolismo, celebrou a amizade militar entre os dois países.
Doutrina brasileira de selva: resistência, tiro e patrulha
Dividido em três fases, o curso teve duração de três semanas, com início em 25 de março. A primeira fase abordou a adaptação ao ambiente de selva e técnicas de sobrevivência. Em seguida, vieram os módulos de tiro e orientação, e, por fim, as operações de patrulha em terreno adverso. O curso foi conduzido integralmente em inglês e se destacou pela qualidade técnica e realismo das instruções.
A equipe brasileira do CIGS, composta por oficiais e sargentos especializados, transferiu não apenas técnicas operacionais, mas também valores doutrinários — como rusticidade, disciplina, liderança e espírito de corpo. O Cabo Lubabalo G. S. Mdletye foi condecorado por seu desempenho exemplar, simbolizando o sucesso do aprendizado e da imersão proposta pelo curso.
Além da formação tática, o curso envolveu instrução integrada com militares locais, permitindo à equipe do CIGS conhecer as particularidades do terreno e compartilhar metodologias com instrutores da Escola de Infantaria da África do Sul. Essa troca contribuiu para o aprimoramento bilateral do ensino de combate em ambiente de selva.
Parceria e confiança em campo: laços além do uniforme
O sucesso do 1º Curso Internacional de Selva vai além da técnica: ele fortaleceu a confiança mútua entre Brasil e África do Sul, promovendo uma aliança baseada em cooperação, respeito e camaradagem. A convivência intensa entre os militares dos dois países criou vínculos pessoais e institucionais que podem influenciar futuras missões conjuntas, tanto em treinamentos quanto em operações multinacionais.
A presença da General de Brigada Matoeka, Diretora de Operações Administrativas da Preparação da Força do Exército Sul-Africano, na cerimônia de encerramento, foi um indicativo da relevância estratégica atribuída à cooperação com o Brasil. Seu discurso destacou o CIGS como “referência mundial em combate na selva” e agradeceu à equipe brasileira pelo profissionalismo e dedicação.
A atuação do CIGS no exterior, especialmente em um país com protagonismo crescente no continente africano, representa também um gesto diplomático e simbólico: a união entre nações do Sul Global, unidas por desafios comuns e pela busca de autonomia em defesa.
Brasil como referência global em combate na selva
O Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) é hoje um dos principais ativos do Brasil no campo da cooperação militar internacional. Localizado em Manaus, o centro é reconhecido globalmente por sua expertise em ambientes tropicais hostis e já recebeu militares de dezenas de países ao longo de sua história. A atuação na África do Sul inaugura uma nova fase de projeção internacional, com o CIGS levando sua doutrina para além das fronteiras nacionais.
A escolha da África do Sul como país parceiro reforça uma aliança estratégica no contexto dos BRICS e do eixo Sul-Sul. Ambos os países compartilham desafios logísticos, realidades tropicais e o interesse em capacitar suas tropas para atuação em áreas de floresta e selva — seja para fins defensivos, humanitários ou em operações de paz.
O curso também reforça o papel do Brasil como exportador de conhecimento militar de alto nível, contribuindo para a formação de capacidades autônomas em países aliados e para a consolidação de uma imagem internacional de profissionalismo, liderança e excelência em doutrina.
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