Brasil projeta poder naval com ciência nas ilhas mais remotas do Atlântico Sul

Ave em frente a navio militar no oceano.
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No ponto mais a leste do território brasileiro, o tempo e o mar se encontram sob vigilância científica e militar. A Marinha do Brasil, por meio da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), articula uma rede estratégica de pesquisas científicas nas ilhas da Trindade e de São Pedro e São Paulo, reforçando a presença soberana nacional nas regiões mais isoladas do Atlântico Sul. O que muitos veem como território distante, a Marinha reconhece como trincheiras do conhecimento e da defesa nacional.

PROTRINDADE: ciência, logística e soberania na Ilha da Trindade

Vista aérea da Ilha Trindade, Brasil.

A cerca de 1.200 km da costa do Espírito Santo, a Ilha da Trindade abriga desde 1957 o Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade (POIT), mantido pela Marinha. A presença contínua dos militares na ilha é decisiva para assegurar a soberania sobre os 450 mil km² de Mar Territorial e Zona Econômica Exclusiva no entorno. Mas a Trindade também é palco de ciência de ponta.

Pesquisas coordenadas por universidades como a USP e a Unesp investigam desde a bioprospecção de bactérias com potencial para combater câncer, até estudos paleoclimáticos com conchas milenares que ajudam a prever as mudanças climáticas futuras. O apoio da Marinha é logístico, estrutural e estratégico, permitindo o acesso a esse ponto remoto do território nacional.

As atividades são organizadas no âmbito do PROTRINDADE, com seleção de projetos via CNPq e apoio de instituições como o ICMBio, Petrobras e ANP. Os pesquisadores passam por treinamento específico e operam em estações científicas mantidas pela MB, ampliando o conhecimento sobre a biodiversidade e os ecossistemas únicos da região.

PROARQUIPÉLAGO: biodiversidade e geopolítica no meio do Atlântico

Ave sobrevoando ilhas rochosas e oceano azul

O Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP), a cerca de 1.000 km do litoral do RN, é formado por pequenas ilhas rochosas sem vegetação, mas de enorme valor estratégico. Ali, a Marinha mantém a Estação Científica do Arquipélago (ECASPSP), operada por revezamento de pesquisadores a cada 15 dias. Os estudos são parte do programa PROARQUIPÉLAGO e buscam entender desde a ecologia de peixes migratórios até os impactos da pesca e da poluição.

Coordenado por cientistas como a doutora Rosângela Lessa (UFRPE) e o doutor Aristóteles Queiroz (Ifremer/França), o projeto avalia a saúde de espécies-chave como a albacora-laje e o peixe-voador, buscando garantir a sustentabilidade de estoques pesqueiros e proteger ecossistemas frágeis. A posição do arquipélago em uma rota migratória global o transforma em um ponto vital para a conservação marinha.

A logística para manter os trabalhos depende diretamente da Marinha, que transporta as equipes, fornece comunicações via satélite, suporte de navios e segurança no local. A coleta de dados no ASPSP contribui com informações estratégicas para políticas públicas e conservação da biodiversidade, além de afirmar a presença nacional em ponto crucial do Atlântico.

O protagonismo científico da Marinha do Brasil e suas parcerias estratégicas

A atuação da Marinha na ciência marinha vai além do apoio logístico. A SECIRM coordena os programas PROILHAS, integrando governos, universidades, empresas e pesquisadores. Editais regulares do CNPq e pareceres técnicos do ICMBio asseguram o rigor científico e ambiental das propostas. O treinamento dos pesquisadores e a operacionalidade das estações são garantidos por meios navais, refletindo a integração entre poder militar e desenvolvimento científico.

Essa estrutura permite que o Brasil avance no conhecimento de sua Amazônia Azul, reforçando o papel da Marinha como guardiã do território e agente do progresso. Ao viabilizar projetos de biotecnologia, paleontologia, oceanografia, ecologia e clima, a MB contribui para a formação de profissionais altamente qualificados, gera dados estratégicos e promove a preservação de ecossistemas únicos.

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