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Com os olhos voltados para o Atlântico, militares brasileiros e franceses desembarcaram em Fortaleza com um objetivo em comum: fortalecer a defesa naval com tecnologia de última geração. A operação Jeanne D’Arc 2025 transformou o Porto do Mucuripe em um laboratório militar a céu aberto, onde cada manobra simbolizava a capacidade de resposta rápida frente às ameaças do século XXI.
Inovação em foco: as tecnologias testadas durante a operação
Em um dos principais exercícios militares conjuntos do ano, a Marinha do Brasil e a Marinha Nacional da França colocaram à prova sistemas de ponta para defesa e mobilidade em combate. Entre as inovações, destacaram-se o Míssil Antinavio de Superfície (MANSUP) — armamento desenvolvido no Brasil — e a viatura blindada JLTV, veículo leve e moderno, com tecnologia adaptada de experiências em conflitos no Oriente Médio.
O MANSUP, segundo o Comandante de Operações Navais, Almirante Cláudio Melo, encontra-se em fase final de prototipagem e já é considerado apto à produção em escala. O míssil será empregado nas novas fragatas da Marinha, em baterias dos Fuzileiros Navais e em sistemas costeiros de defesa. Com velocidade de cruzeiro de até 70 km/h, trata-se de um vetor estratégico de dissuasão.
Já a viatura JLTV, fabricada nos Estados Unidos, representa um salto qualitativo na mobilidade tática. Leve, blindada e adaptável, foi projetada a partir de aprendizados no Iraque e no Afeganistão. Sua estreia em território brasileiro marca o início de sua integração plena à estrutura de operações anfíbias e urbanas da Marinha.
Além disso, a operação envolveu a atuação coordenada de aeronaves, embarcações, tanques e tropas terrestres, em simulações de desembarque, defesa costeira e proteção de infraestrutura crítica — um verdadeiro exercício interforças.
Cooperação internacional e segurança estratégica no Atlântico Sul
A Jeanne D’Arc 2025 é mais do que um exercício técnico: é um gesto geopolítico. A presença da França — potência com territórios ultramarinos no Caribe e na Guiana Francesa — reforça laços históricos e aponta para uma aliança de interesses estratégicos no Atlântico Sul.
Ambos os países têm papel crucial na proteção de cabos submarinos, estruturas invisíveis e vitais que sustentam mais de 90% do tráfego global de dados. Fortaleza e a região francesa da Bretanha são dois dos maiores hubs de telecomunicações marítimas do mundo. A segurança desses cabos, frequentemente ameaçados por tráfego de embarcações, pesca irregular e riscos ambientais, foi um dos focos centrais do treinamento.
“Queremos estabelecer esse exercício como uma ação anual de proteção de cabos submarinos, com etapas em terra e no mar”, afirmou Cláudio Melo, destacando ainda que a cooperação fortalece a capacidade de reação a crimes transnacionais, como o tráfico de drogas e o contrabando internacional.
A localização geográfica do Ceará — entre a África e a Europa — também o torna um ponto sensível. Em 2025, mais de meia tonelada de cocaína foi apreendida nos portos do estado, que serve como corredor logístico para o narcotráfico intercontinental.
Operação Jeanne D’Arc 2025: objetivos, cenários e impacto militar
Com início no sábado, 22, e atividades intensas até quarta-feira, 26, a operação Jeanne D’Arc 2025 mobilizou 1.200 militares brasileiros e franceses em ações conjuntas no litoral cearense. O auge da demonstração ocorreu na tarde da terça-feira, 25, na Praia Mansa, no Porto do Mucuripe.
As atividades incluíram desembarque anfíbio, patrulha costeira, ocupação de pontos estratégicos, proteção de estruturas críticas e simulações de combate urbano, utilizando diferentes meios — do mar à terra, passando pelo espaço aéreo.
A Operação Jeanne D’Arc, realizada anualmente com diferentes parceiros internacionais, é considerada um dos exercícios mais relevantes do calendário da Marinha do Brasil, e simboliza a integração entre preparo militar, tecnologia e diplomacia de defesa.
Ao integrar inovação tecnológica, interoperabilidade internacional e segurança regional, a edição de 2025 posiciona Fortaleza como um polo de excelência em operações militares avançadas — e o Brasil como ator estratégico na defesa do Atlântico Sul.
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