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O Nordeste brasileiro sempre teve sua importância reconhecida no campo histórico, cultural e econômico. No entanto, é no campo geopolítico e estratégico marítimo que a região vem ganhando protagonismo silencioso — mas fundamental — para o futuro da soberania nacional e da presença do Brasil no Atlântico Sul.
Situado no ponto mais oriental da América do Sul, o Saliente Nordestino projeta o território brasileiro diretamente em direção à costa ocidental da África, tornando o Nordeste não apenas uma região brasileira, mas um verdadeiro trampolim geopolítico intercontinental.
Uma ponte natural sobre o Atlântico Sul
A distância entre o Recife e Dacar (Senegal) é de apenas 2.900 quilômetros — mais próxima do que São Paulo está de Porto Velho. Esse dado geográfico, por si só, já explicaria por que o Nordeste é uma plataforma natural para operações militares, humanitárias e diplomáticas no eixo América do Sul–África.
Portos como os de Natal, Recife, Salvador e Fortaleza têm sido utilizados em diversas operações da Marinha do Brasil que visam reforçar a presença brasileira em águas internacionais. Um exemplo recente foi a Operação GUINEX V, realizada com países africanos de língua portuguesa, que partiu diretamente de portos nordestinos para a costa africana.
Nordeste e Amazônia Azul: a frente avançada da defesa marítima

O Saliente Nordestino também é peça-chave na defesa da Amazônia Azul, pois permite a projeção do poder naval a partir de bases terrestres próximas das zonas de maior interesse estratégico — como as bacias petrolíferas do pré-sal, as rotas comerciais atlânticas e as áreas sob constante monitoramento ambiental.
A presença de instalações militares no Nordeste, como o 3º Distrito Naval (com sede em Natal) e diversas Organizações Militares subordinadas em Alagoas, Paraíba, Bahia e Ceará, reflete a prioridade que a Marinha do Brasil vem dando à região. Esses distritos não apenas garantem a segurança das águas territoriais como também operam como postos avançados de prontidão para ações no exterior.
Conexões diplomáticas e cooperação Sul-Sul
O Atlântico Sul tem sido cada vez mais interpretado como um “mar de cooperação” entre América do Sul e África, sobretudo com países africanos lusófonos como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde. O Brasil, por meio da Marinha, tem investido em capacitação de oficiais estrangeiros, missões navais conjuntas e intercâmbio técnico-militar.
Essas relações reforçam não apenas o prestígio internacional das Forças Armadas brasileiras, mas também abrem espaço para acordos comerciais, parcerias energéticas e projetos de integração marítima — e o Nordeste, por sua posição geográfica privilegiada, se torna o portal natural para essa interlocução entre continentes.
Potencial logístico, portuário e industrial
Além do viés militar e diplomático, o Nordeste tem condições de se tornar um hub logístico da economia do mar. Projetos como o porto de águas profundas em Suape (PE), o desenvolvimento da Base Naval de Aratu (BA), e a possível expansão da indústria naval em áreas como Salvador e Fortaleza podem consolidar a região como um eixo estratégico da cadeia logística atlântica.
Nesse contexto, a retomada de investimentos na Base Industrial de Defesa e na indústria naval nacional, com foco no Nordeste, pode gerar empregos, desenvolvimento tecnológico e maior autonomia estratégica para o país.
Conclusão: um novo olhar sobre o Nordeste brasileiro
Mais do que um polo turístico ou uma fronteira agrícola em expansão, o Nordeste precisa ser compreendido como uma âncora geopolítica do Brasil no Atlântico Sul. Sua posição estratégica, aliada ao fortalecimento da Marinha do Brasil e às conexões diplomáticas com a África, coloca a região no centro das decisões sobre defesa, comércio, segurança energética e projeção internacional.
Valorizar o Nordeste nesse novo tabuleiro geopolítico é reconhecer que a soberania brasileira começa onde o mapa aponta para o leste — e avança com os olhos voltados para o mar.
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