Ilques Barbosa Junior, para O Estado de S.Paulo

A Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) deixou um legado de união, solidariedade e superação aos brasileiros, com plena mobilização da nossa sociedade e emprego das Forças Armadas na defesa dos interesses nacionais e, sobretudo, de contribuição para a paz com os países sul-americanos.

Na campanha naval, enfrentamos uma Marinha preparada para o ambiente fluvial, com vantagens no apoio logístico e de fogo de terra. A Batalha Naval do Riachuelo, evento decisivo, ocorrida em 11 de junho de 1865, foi marcada pela bravura de marinheiros e fuzileiros navais que, incentivados pelos célebres sinais de Barroso – “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever” e “Sustentar o fogo, que a vitória é nossa” –, superaram adversidades de toda ordem, muitos deixando sua vida em combate. Por conta desse episódio, em 11 de junho celebramos a Data Magna da Marinha.

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Com o legado de Riachuelo, a Marinha do Brasil vem crescendo e se desenvolvendo ao longo do tempo e das gerações. Estamos presentes na Amazônia Azul, conceito político-estratégico que envolve 22 mil km de vias fluviais e 5,7 milhões km2 de águas oceânicas sob jurisdição brasileira. Uma imensa área com riquezas e potencialidades contempladas nas vertentes da soberania, econômica, científica e ambiental, de onde mais de 90% do petróleo e gás são extraídos e em que trafega quase a totalidade do nosso comércio exterior. Importantes projetos de pesquisa sobre biodiversidade, biotecnologia, energia alternativa, recursos vivos e minerais coexistem com 920 mil km2 de áreas marítimas sob proteção ambiental, marca do desenvolvimento sustentável que caracteriza o Brasil como um dos líderes mundiais em iniciativas para a preservação dos oceanos.

Integrada a diversos setores da sociedade e suas respectivas instituições, a Marinha do Brasil atua nas quatro vertentes da Amazônia Azul, em conformidade com suas atribuições constitucionais e legais: defender a Pátria, salvaguardar a vida humana no mar, promover a segurança da navegação, combater a poluição, a pirataria e a pesca ilegal, preservar o meio ambiente e contribuir para fortalecer a presença do Estado, levando assistência de saúde e social a lugares longínquos do Pantanal e da Amazônia. Ações que contribuem para o desenvolvimento nacional e, juntamente com as demais Forças Armadas e outras instituições, se contrapõem a ameaças à soberania nacional derivadas de iniciativas contrárias aos nossos interesses ou, ainda, de atividades ilícitas e predatórias ou de desastres naturais.

A participação no Programa Antártico Brasileiro, com apoio logístico e operacional, calcados numa gestão interministerial coordenada pela Autoridade Marítima, garante a participação estratégica do Brasil nas discussões sobre o presente e o futuro do continente gelado, além de contribuir com pesquisas científicas relevantes para o País e o planeta.

A Marinha busca constante desenvolvimento da capacidade operacional, por meio de programas estratégicos: o Programa de Construção do Núcleo do Poder Naval, com destaque para o desenvolvimento de submarinos e de fragatas Tamandaré; o Programa de Recuperação da Capacidade Operacional Plena para os meios operativos; o Programa de Ampliação da Capacidade de Apoio Logístico; o Desenvolvimento da Mentalidade Marítima, destacando a integração de setores e atividades que fomentam a Economia Azul; o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, que visa a monitorar e controlar, integradamente, as Águas Jurisdicionais Brasileiras e as áreas internacionais de responsabilidade para operações de socorro e salvamento.

O momento atual envolve nova dimensão e imensos desafios, demandando quebra de paradigmas de atuação, tanto no cenário político-estratégico internacional como nacional.

Desde o início da pandemia do coronavírus, com serenidade e firmeza a Marinha atua sob diretrizes do Ministério da Defesa, coordenada com as demais Forças Armadas, em consonância com autoridades federais, estaduais e municipais, em amplitude de ações que abrangem apoio à saúde, desinfecção de áreas públicas, doação de alimentos e de sangue, transporte logístico e confecção de refeições, dentre outros, sintonizada no esforço nacional. Uma nova guerra que tira a vida de bravos brasileiros e deixa graves efeitos, nas esferas econômica, sanitária e social.

Neste 11 junho, as cerimônias militares dão lugar à continuação do combate. Marinheiros e fuzileiros, homens e mulheres da Marinha saúdam seus concidadãos com o espírito fomentado pelo almirante Barroso, guarda-marinha João Guilherme Greenhalgh e imperial marinheiro Marcílio Dias, com trabalho diuturno e dedicação no cumprimento da missão.

Tormentas sempre passam, seguiremos navegando com proa firme. Vamos sustentar o fogo, pois a vitória será nossa, de todos os brasileiros.

E a Marinha, como ontem, hoje e sempre, consoante com a convicção de que no mar se encontram as bases da sobrevivência e prosperidade do País, mantém no passadiço o listel “tudo pela Pátria!”.

COMANDANTE DA MARINHA DO BRASIL

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).