Por Capitão-Tenente (T) Fabrício Sérgio Costa – Rio de Janeiro, RJ

A tropa da Marinha do Brasil (MB), que recebeu certificação máxima e inédita da Organização das Nações Unidas (ONU), demonstrou suas capacidades, nesta quinta-feira (28), no Complexo Naval da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro (RJ). O Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Emprego Rápido em Força de Paz, formado por 220 militares, sendo 10% mulheres, estava organizado em três componentes: comando, combate terrestre e apoio de serviços ao combate.

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Durante toda a semana, o grupamento realizou treinamento que abrangeu as capacidades que poderão ser necessárias em uma futura participação em operações de paz da ONU. Os Fuzileiros Navais foram empregados em exercícios como estabelecimento de corredores humanitários com emprego de Carros Lagarta Anfíbios; ações de ajuda humanitária com equipe de engajamento (composta por 50% de mulheres); desativação de artefatos explosivos com utilização de robôs; emprego gradual da força com uso de força letal e progressão em ambiente urbano com tiro tático e munição real.

“Fomos a primeira tropa do Estado brasileiro a atingir este nível de capacitação da ONU. Somos, atualmente, a única QRF (Companhia de Emprego Rápido) no nível 3 no Sistema de Prontidão de Capacidades de Manutenção da Paz da ONU. Isso representa um marco para o nosso País e também uma grande responsabilidade”, disse o Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), Vice-Almirante (Fuzileiro Naval) Carlos Chagas Vianna Braga.

Nesta quinta-feira, o treinamento foi aberto ao público, que pôde acompanhar de perto todas as atividades. Além de autoridades do Ministério da Defesa, da Marinha do Brasil e da Rede Brasileira de Pesquisa sobre Operações de PAZ (REBRAPAZ), estiveram presentes mais de 200 universitários, em sua maioria alunos de relações internacionais da PUC-Rio, da UNISUAM e da Estácio de Sá, e Aspirantes da Escola Naval, além de representantes da imprensa.

O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) mostrou parte do seu poderio militar colocando à disposição dos visitantes 11 viaturas blindadas “Piranha”, sendo nove para transporte de tropa, uma de comando e outra de socorro. Das 19 viaturas leves expostas, 13 eram de transporte não especializado e seis de comando. Entre as 16 viaturas pesadas, 11 eram de transporte não especializado, uma frigorífica, duas cisternas (combustível e água) e duas cisterna-água. Dos equipamentos de engenharia, havia uma pá carregadeira e uma retroescavadeira.

Base de Operações Temporárias
Também foram apresentadas ao público as instalações do Centro de Operações de Paz de Caráter Naval (CopPazNav) e da Base de Operações Temporárias (TOB), que pode ser montada em até três dias. Ela dispõe de capacidade para 250 militares e unidade médica com oito leitos de enfermaria, além de realizar atendimentos de até 20 militares por dia. O consultório odontológico da TOB possui previsão de atender até dez militares por dia e capacidade para cirurgias de emergência com quatro leitos.

De acordo com o Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra, o convite para missões da entidade pode acontecer a qualquer momento e em qualquer lugar do mundo. Todos devem estar prontos para representar os interesses internacionais do Brasil. Por isso, a Companhia de Reação Rápida (QRF) precisa manter o nível de prontidão atingido em inspeção da ONU, realizada no ano passado, na Divisão Anfíbia – caso seja convidada para operações de paz. Exercícios como esse, mesmo já planejados antes da divulgação do resultado da entidade, são fundamentais para o adestramento do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Força de Paz.

“Somos uma tropa profissional, de pronto emprego e expedicionária. No início deste ano, em menos de seis horas, chegamos a Petrópolis para prestar ajuda à população, duramente atingida pelas chuvas. Também temos tido atuações importantes nas operações de paz, sempre em prol dos interesses internacionais do Brasil, como no Haiti e no Líbano”, destacou o Almirante.

Inspeção da ONU

O Ministério da Defesa (MD) recebeu, no dia 18 deste mês, uma notificação inédita da Organização das Nações Unidas (ONU), elevando a capacitação da tropa da Marinha do Brasil para o nível 3. Isso significa que os militares brasileiros atingiram o patamar máximo exigido pela entidade para que um país possa participar das missões de paz envolvendo contingentes das Forças Armadas.

Com o anúncio, a tropa da Marinha do Brasil passou a ser a primeira do Estado brasileiro a ocupar uma posição neste nível, deixando-a em uma posição vantajosa para um futuro desdobramento em missões de paz da ONU. Desde que o Sistema de Prontidão de Capacidades de Manutenção da Paz das Nações Unidas (UNPCRS) foi criado, em 2015, essa foi a primeira vez que uma Força Singular conquistou esse status.

Em julho de 2021, inspetores da ONU estiveram no Rio de Janeiro para avaliar o desempenho do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Força de Paz de Emprego Rápido (Quick Reaction Force). O relatório final da visita da ONU destacou que “os Fuzileiros Navais do Brasil possuem mentalidade expedicionária, móvel e ágil; altos padrões de prontidão operativa e de pessoal; forte comando e controle; elevada moral e disciplina e são bem treinados”.

Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).